Uma só família

Capítulo 3: Rotina

O resto do fim de semana passou tranquilo. Matheus não mostrava consideração nenhuma por mim, mas era educado pelo menos. Sempre fui próximo de Ana Júlia, mas parece que nos aproximamos ainda mais. Guilherme e Gustavo estavam bem, sempre conversavam com Lena, que procurava brincar com eles. A segunda-feira chegou e a rotina voltou. Guilherme e Gustavo estavam em uma escola, enquanto Ana Júlia e Matheus estavam em outra. Os dois iam esperar o ano acabar para mudarem para a escola de Guilherme e Gustavo, que era particular.

Eu e Lena chegamos na conclusão que seria bom para os dois estudarem em outro colégio e, por incrível que pareça, até Matheus concordou. Ele odeia qualquer coisa que vem de mim, mas é preocupado demais com o futuro dele para negar a oportunidade de estudar numa escola focada em vestibulares. Ele sempre foi o melhor aluno da sala, muito focado em poder fazer uma faculdade e dar uma vida melhor à mãe, então um pouco mais de ajuda para passar no vestibular era muito pra ele.

- Querido, levanta, temos que acordar as crianças. - Lena, que já estava sentada na cama, diz.
- Já vou. - aviso, mas enrolo.
- Daniel, você dá mais trabalho que eles pra acordar, vamos. - Levanto, pois eu sabia que não podia atrasar.
- Eu fico com os meninos e você com a Ju e o Matheus? - pergunto, já que só um para acordar os quatro é difícil.
- Quer tentar trocar?
- Pode ser.

Vou primeiro para o quarto da Ana Júlia, pois ela é mais demorada para se arrumar. Ela dormia profundamente na cama. Me sento na lateral da cama e a chamo, num tom de voz baixo, torcendo para que ela acorde.

- Ju, levanta, já tá na hora de ir pra escola.
- Deixa eu dormir mais um pouco - ela pede, manhosa.
- Não dá, Ju, já são mais de 6h.
- Por favor - implora.

Como percebo que ela não ia levantar, abro a janela do quarto e uma claridade entra na hora. Essa técnica nunca falha.

- Vamos, Ana Júlia. - Sou firme.

Ela primeiro senta na cama e pega o celular até enfim levantar. Passo a mão em seu cabelo, que caía em seu rosto e saio, avisando que ia acordar o Matheus. Vou até o quarto dele e percebo que seu sono é leve, pois eu não tinha nem chegado na cama quando ele acordou.

- Oi, cadê minha mãe? - Matheus vinha sendo bem direto comigo.
- Foi acordar o Gui e o Gusta. Ela sugeriu que trocássemos.

Ele não diz nada, apenas se levanta e vai direto pro banheiro. Decido ir no quarto dos meus meninos para ver se Lena conseguiu acordá-los. Os dois gostavam de dormir, principalmente Gusta, que me dava muito trabalho para acordar. Chegando no quarto, vejo que Guilherme já estava acordado, pois ele arrumava sua mochila, mesmo no escuro. Lena estava ajoelhada ao lado da cama de Gusta, que ainda dormia profundamente.

- Ele não acorda, Dan - Lena suspira.
- Deixa que eu termino aqui. Ana Júlia e Matheus já acordaram - aviso.

Lena se levanta e observo que ela desce as escadas, provavelmente iria arrumar o café da manhã. Vou até a cama do Gustavo e me sento ao seu lado.

- Gusta, acorda. - Ele nem se mexe. - Vamos, por favor.
- Mais cinco minutos, papai - ele pede, ainda dormindo praticamente.
- Você já está atrasado, levanta.
- Não, eu quero dormir - choraminga.
- Gustavo, eu vou contar até três pra você levantar. - aviso e começo a contar. - Um... Dois... Três...

Gustavo não se levanta, então eu acendo a luz e puxo o lençol que o cobria. Ele tampa os olhos com uma mão e tenta puxar a coberta com a outra. Como eu já estava impaciente com suas manhas, acerto-lhe um tapa na lateral de sua coxa.

- Gustavo, levanta. - Acho que ele percebeu que eu estava começando a ficar irritado, pois levantou no mesmo instante. - Quero as camas arrumadas e vocês lá em baixo em dez minutos, entenderam? - me dirijo aos meus dois filhos.
- Sim, papai. - Gui assente, enquanto Gusta apenas começou a arrumar sua cama.