cap 4. Um mundo complicado.

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A multidão aclamava o nome do homem que matou um dragão, como se ele fosse o homem mais forte de todos os reinos existentes na terra. Do meio da multidão saiu um homem, velho, baixinho, barrigudo e barbudo, ele vestia uma roupa toda velha e chamuscada de fogo, com um rosto bem abatido de trabalho e suor. Ele vinha andando com uma felicidade nos olhos falando alto.
_Não toquem no dragão! Não toquem no dragão!
Então quando ele chegou perto, ele examinou a criatura. Enquanto ele olhava, e virava a criatura de um lado pro outro, a multidão não dispersava, nem karsal e nem Siro e muito menos os guardas reais. E em meio a toda essa gente e mais os moradores de Dorman, o velho disse com clareza.
_Mas que droga, voltem para casa, porque isso aqui não pode ser um dragão, embora tenha escamas e chifres, mas isso não importa muito, porque isso aqui só pode ser um bebe, no Maximo é um bebe dragão, se não for um filhote de dragão pode ser outra coisa fora do meu conhecimento.
Siro ficou intrigado, o velho tentava lhe tirar um grande feito, isso deixava Siro frustrado, isso é um problema pra um artista do seu porte. Então sem demora, retrucou Siro, tentando envergonhar o velho perante a multidão.
_Então velho, como sabe que isso não é um dragão! Siro usava todas as suas técnicas vocais, que aprendeu como um bom cantor e também na arte de atuar.
_Meu jovem eu vivi muito, como fabricante de armas e armaduras, sei que o couro do dragão é mais valioso que o metal, pois é difícil de trincar, quase impossível. Mas isso aqui não me parece com uma couraça de um dragão, me parece mais... O velho falou com uma voz tremida, mas com muita convicção do que falava. Pelo jeito o velho não gostava de ser levado aprova.
_ Então quer dizer que você já viu um dragão com os seus próprios olhos! Siro ainda estava tentando envergonhar o velho.
_Meu jovem eu nunca vi um dragão, apenas faço armaduras, pego apenas os seus couros, mas eu sei que existem poucos guerreiros nos reinos que conheço que conseguiram matar um dragão. O velho começava a ficar sem graça perante a multidão.
_Então quer dizer que você não sabe como é um dragão, eu sei como é um dragão e sei que isso que eu matei é um dragão, e eu matei o dragão!
Quando ele falou essas palavras todos voltaram a gritar seu nome. Karsal fez uma cara tristonha, ele achava que aquilo que estava não chão tinha algo de humano, mas preferiu se calar. Siro estava muito alegre, e convidou todos para beber com ele na taverna central.
Enquanto Siro ia para a taverna, dançando e cantando, Karsal estava ali ainda e o ferreiro, também, e ainda tinha alguns curiosos, mas nada comparado a multidão de antes. Enquanto Siro ia para a taverna, Job aparecia. Ele viu Karsal de longe, qualquer um conseguia ver Karsal de longe. Karsal fala com Job.
_Onde estava, Job? Pensei que você tinha voltado pra casa.
E Job respondeu, com uma expressão bem alegre.
_Eu estava olhando as lojas da cidade, muito legal, tem um monte de coisas! Nossa olha só esse animal aqui no chão! Legal eu sempre quis ver um desses!
Quando Job viu a criatura no chão ficou muito alegre, mas logo demonstrou muita tristeza, pois a criatura estava morta.
_O que houve Job?
Essa criatura é uma coisa rara, e eu sempre quis ver, mas esta morta! Pena que eu não tenho nada sobre ela, eu talvez conseguisse hoje, que pena!
Job era como uma criança, isso deixava o coração de Karsal mais tranqüilo. Por esse motivo Karsal resolveu dar um presente a Job.
_Job eu quero lhe dar um presente. Disse Karsal a Job.
_Eba! Eu adoro presente.
Então Karsal tirou da mão um anel, e deu a Job, e explicou que aquele anel, era um presente do rei, e que com aquele anel ele poderia comprar o que quisesse dentro de Dorman. Job ficou muito feliz e chamou Karsal para irem comer na cidade.
_Então vamos comer na cidade, tem um monte de coisas La! Eba!
Karsal resolveu ir para a cidade comer com Job. Enquanto isso alguns homens do rei carregavam em uma carroça o corpo do "dragão" para despejar, em algum descampado.
Karsal e Job estavam comendo em uma barraca que ficava próxima a taverna central de Dorman, onde Siro e seus convidados estavam. Job pendurou o anel que Karsal lhe deu no pescoço, quando os mercadores viam o anel de Job pendurado no pescoço, sabiam que era valioso, pois já conheciam as formas de pagamento do reino. Quando o rei dava aquele anel a alguém, era como uma conta, que os comerciantes recebiam diretamente do reino os pagamentos de seus subordinados, então todos os subordinados que mereciam aquele anel, tinha que fazer uma comanda mensal, normalmente o dono do anel era sempre o portador dele, por isso, quem tinha uma coisa cara dessas, tinha que tomar muito cuidado, pois era muito visado por ladrões e aproveitadores.
Karsal e Job ficaram na barraca de comida por volta de uma hora, ainda mais porque Job ficava o tempo inteiro pedindo frutas para poder guardas em sua bolsa, que parecia que não tinha fundo. Ele achava que uma hora ou outra ele precisaria, talvez ele estivesse certo, mas aos olhos alheios ele era um tanto exagerado e preocupado com o futuro.
Enquanto Job escolhia suas frutas, saia da taverna bêbado como um qualquer Siro o bardo. E havia ainda uns três que acompanhavam Siro, também bêbados, e gritavam aos quatro ventos, para todos ouvirem.
_Esse é Siro de Sakuragima, o que matou o dragão! E todos gargalhavam felizes.
Siro dispensou todos que estavam com ele, e foi andando em encontro a karsal. Como todos já haviam visto Karsal com suas enormes asas, ele ficava despreocupado e manteve suas asas a amostra. Enquanto Siro vinha andando, Karsal levantou-se e chamou Job para que fosse junto. Não queria ficar perto de Siro enquanto estava sob efeito da bebedeira. Sir Major estava sempre a espreita, sabia cada passo de Siro, Karsal e até do pequeno Job. Karsal e Job foram andando, Job queria saber o motivo da pressa, então karsal respondeu.
_Job não coma tanto! Existem tantas lojas em Dorman, veja se tem outra que lhe interesse. Karsal tentava fugir de Siro que estava bêbado.
_Legal então vamos ver aquelas roupas ali! Job estava muito alegre, enquanto apontava para uma loja de roupas.
Os dois entraram na loja e ficaram olhando, Job pegava um monte de roupas na mão, e ficava bobo com a beleza das peças. Enquanto ele olhava Siro entrou na loja, quase no mesmo momento em que eles entraram, parecia que ele deu uma corridinha rápida para alcançar os dois. Siro foi comprando também algumas peças, ainda mais porque é muito vaidoso, apenas Karsal não sabia o que fazia ali dentro. As pessoas que trabalhavam na loja ficaram espantadas com Karsal, pois era um homem de quase três metros de altura que tinha três pares de asas na costa, só não ficavam tão apavoradas por causa de sua beleza.
Siro cantava pela loja, cantava e cantava e deixava a todos que estavam presentes relaxados e tranqüilos, incluindo Job e karsal, e naquele momento de relaxamento Siro aproveitou e ludibriou Job, levando dele o anel que Karsal lhe deu de presente, o problema é que Karsal viu o que Siro tinha acabado de fazer, mas esperou para ver até onde iam suas intenções.
Karsal que até então estava parado dentro da loja, resolveu ir até Job e o sugeriu que pagasse logo a conta para que voltassem para o castelo, pois precisava estar perto do rei. Quando Job foi pagar o que devia usando o anel de contas do palácio real, notou que estava sem o seu cordão e ficou apalpando o pescoço. Karsal sem demora acusou Siro de ter roubado a jóia de Job e jurava ter visto.
_Eu sempre soube que você não ia mesmo com a minha cara, agora me acusar de roubo! Siro se defendia e fazia com que todos ficassem ao seu lado.
_Eu vi você pegando o anel que estava no pescoço de Job! Karsal perdia sua paciência pela primeira vez, assustando o dono da loja, que foi correndo até a rua buscar por ajuda, antes que ficasse sem controle.
_Acha que tenho medo de você, só porque você é grandão, eu derrotei hoje um dragão! O que seria pra mim uma galinha gigante, como você? Siro ironizava com Karsal.
Enquanto rolava uma seria discussão dentro da loja de roupas, chegavam alguns guardas reais e com eles sir Major, que já esperava por alguma coisa vinda de Siro.
_O que aconteceu aqui senhor? Perguntou sir Major ao dono da loja.
_Aquele pivete fantasiado de guerreiro, e rabo de macaco tentou levar todo aquele material sem pagar! Exclamou o dono da loja.
Na mesma hora Karsal intercedeu por Job, dizendo o que tinha visto, e falou também que Job não tentou sair sem pagar e que tudo não passava de um mal entendido. Sir Major disse que deveria levar Job preso até a segunda ordem. Na mesma hora Karsal pegou Job, segurando-o pelas axilas e levantou voou dentro da loja, quebrando o teto com a pancada do seu voou descontrolado, mas sir Major conseguiu acalmar Karsal.
_Desça Karsal, se o garoto não fez nada, como você diz, logo ele estará livre! Sir Major gritava para Karsal ouvir, porém ele se mantinha calmo, imaginava que Karsal tinha razão.
_que divertido! Eba! Parecem os insetos gigantes que eu conheci! Job estava muito feliz, provavelmente não sabia o que estava acontecendo.
Depois de algum tempo conversando com sir Major, karsal resolveu dar voz a razão e desceu junto com Job. Job foi levado até o rei e ficou frente a frente com o rei pela primeira vez.
_Como conseguiu aquele anel? O rei perguntou a Job, que estava sempre com uma expressão feliz, mas até ele conseguiu entender o problema em que estava.
_Eu ganhei do meu amigo com asas. Respondeu Job de uma forma alegre, mas com a expressão firme, como nunca mostrou antes. Era como se ele soubesse se portar diante de um rei.
Após algumas perguntas o rei mandou dispensar Job, e mandou chamar Karsal, quando Karsal entrou o rei chamou-lhe a atenção, dizendo que ele estava ali para servir a ele e somente a ele, e a ninguém mais. Karsal sentiu o peso da sua missão na terra e se entristeceu perante o rei, e pediu-lhe desculpas, mas afirmou que não era culpa do garoto. Mesmo assim o rei não desculpou Karsal. O rei o mandou sair e ficar na porta da sua sala durante três dias, assim não se meteria em encrenca.
Enquanto Karsal ficava na porta da sala do rei ele conversava com o deus que lhe criou. Ele conversava sobre o que se passava com ele, sobre seus problemas, e sobre Job e Siro, tentava entender tudo o que acontecia, mas ele não tinha resposta, e seu criador não lhe respondia nada, ele estava só, em um mundo complicado.


Mensageiros da guerraWhere stories live. Discover now