O mal não tem aparência Cap. 3

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Nascido no deserto árido de Surani, ainda jovem. Quase recém nascido, sozinho no deserto, em todos os lados que ele olhava, sentia um grande incomodo por conta da luz forte do sol no deserto, ainda mais porque suas pálpebras estavam fechadas. Bem ainda não estão entendendo o que estou falando? Estou falando de uma criatura vermelha, com uma calda enorme, de forma humana, com pequenos chifres na cabeça e escamas por todo o corpo, pés com unhas enormes, e mãos da mesma forma. O tempo foi passando e a criatura estava cega por algumas horas, seu corpo estava molhado de uma gosma estranha, na noite do mesmo dia ele abriu os olhos, e pela primeira vez pode ver tudo a seu redor. E olhou para o deserto e viu que era coberto de areia e o vento que soprava forte em sua direção saldava sua vinda a vida, e pode sentir-se vivo desde então.
Ele admirava o horizonte e andava tropeçando nas próprias pernas, pois ainda estava aprendendo a andar, andou, em volta da própria calda e caiu sem demora, tropeçando em alguma coisa, não sabia o que, mas ele olhou atentamente, era uma mulher nua, mas ele não fazia a mínima idéia do que era aquela criatura, com trapos de roupas, que cobriam apenas seu tronco, era como um pedaço de carne, uma mulher destruída diante dos seus olhos recém abertos, com partes dos seus órgãos saindo de sua vagina, com a pele escurecida pelo calor do sol, com suas costelas aparecendo, por causa da desnutrição e a perda de muito sangue, e nas pernas o sangue seco, ele sentiu o cheiro que saia da mulher que estava no chão e notou que ele cheirava igual. Algum sentimento tomava conta dele, mas não fazia idéia do que era, então resolveu ficar por ali até que algo acontecesse, passou um dia ele estava lá, velando o corpo, e o corpo estava fedendo era um cheiro podre. Ele ficava admirando os pássaros no céu, os carnívoros alados, agora os mesmos pássaros estavam no chão ao seu redor, esperando um deslize. Ele não sabia o motivo, mas ele protegia aquele corpo, e nem sabia por que, apenas protegia.
Ele começou a sentir uma dor forte no terceiro dia, e a agonia tomou conta do seu interior e não conseguiu suportar a dor, suas omoplatas estavam saindo da sua costa, e doía a ponto dele desmaiar, bem aos pouquinhos, assim todos os abutres e outras criaturas terrestres que o temiam, chegavam lentamente com certo medo dele se recuperar suas forças e levantar, para continuar protegendo a carcaça daquele corpo, aos pouquinhos começaram a degustar o corpo da mulher que estava em decomposição fazendo uma refeição esperada por dois dias, ele conseguia ver apenas vultos dos animais devorando o corpo morto.
À noite quando recuperou um pouco de suas forças, abriu os olhos bem devagar, e não sentia o cheiro ruim, tão forte assim, algo estava errado, então procurou pelo corpo da mulher, e achou apenas ossos quebrados, estraçalhados e as manchas do seu sangue pisado de dias atrás. Sentia agora uma tristeza enorme, misturado com ódio, pois falhou em seu propósito, que era proteger, estar perto.
Ele agora queria se vingar de todos os malditos abutres que estavam no céu, e os animais terrestres que comeram a mulher que ele protegia, então em um salto enorme tirou seus pés do chão, e voou em direção aos abutres, porém ele caiu umas dezenas de vezes, e já estava com muito ódio de não poder destruir todos os abutres, seu desejo era esmagá-los, para satisfazer seu ódio. Seu ódio cresceu de tal forma, que ele pulou tão alto quanto uma árvore grande, bateu as asas que já era grande em sua costa, e voou até os abutres, e pegou um por um, mordendo e rasgando os pássaros ao meio, fincando suas garras poderosas em seus pequenos peitos de aves, criando no céu uma chuva de penas negras, com sangue, que voavam no céu e chegava até as cidades vizinhas, como se estivesse avisando de um mal pressagio, ele arrancava com suas garras as asas do pássaros, os partindo ao meio, e mordia suas cabeças, esmagando com força as cabeças dos pássaros que alcançava. Logo os abutres atacavam ele também e foi uma guerra no céu, que ninguém presenciou, apenas o deserto tomado de penas negras, as cidades vizinhas tomadas das penas que voaram até lá.
E começava a cair do céu os corpos dos animais que ele matou, eram muitos, mais ainda não tinha acabado. Ele desceu do céu, e esperou anoitecer, e os animais de quatro patas que comeram a mulher que ele protegia, apareceram no entardecer para comer os corpos dos abutres, e ele sem demora matou todos os animais de quatro patas, uma verdadeira chacina, ele derramou muito sangue nas terras do deserto de Surani, e só depois de tudo isso se sentiu aliviado, ele chorou pela mulher que estava no chão que os animais comeram, gritou bem alto. Era ensurdecedor, uma voz estrondosa, que metia medo em qualquer viajante, que passasse por ali no momento, era animalesco, ele ouviu o silencio depois e dormiu, enrolado em sua calda como um animal de quatro patas, e em fim se sentiu melhor com sua vingança completa.
Quando amanheceu voou de novo sem olhar para trás, queria agora conhecer o que tinha depois do deserto.
Voava alto, sentia a liberdade que o vento lhe oferecia, e voou sobre o mar, e ficava nas montanhas, ele se mantinha longe de tudo, mas não conhecia nada ainda, de onde ele ficava podia-se ver a cidade de Dorman, e ficou curioso quando viu as pessoas transitando pela cidade, mulheres, e lembrou-se da mulher que estava a seu lado quando ele nasceu, e como ele não conseguiu proteger aquela mulher, resolveu que tinha ainda muitas mulheres que ele podia proteger, então resolveu descer até a cidade. Quando ele desceu a cidade ele estava maior e mais forte que antes, não era mais um recém nascido, tinha quase a altura de karsal, mas ainda não conhecia o mundo humano.
A cidade de Dorman é sempre cheia de viajantes, com muitos abrigos para viajantes, e casa noturnas, tem a taverna da cidade central e muitas outras, muitas casa que ficam nas sua ruas apertadas no centro, e na parte rural de Dorman até que tem um pouco mais de espaço,mas enfim não uma cidade grande, é possível andar a cidade a pé em apenas 3 horas. Então Dorman é um lugar muito bem movimentado, e ao amanhecer todos os comerciantes que abriam sua barracas de legumes, frutas e roupas e tudo mais que se vende em Dorman puderam ver uma sombra enorme que tomou toda a rua, com um forte vento com a passagem de alguma coisa que se parecia com um dragão.
Todos começaram a gritar, e correr, dizendo _É um dragão! É um dragão! Todos corriam, pisoteando o mais fraco e deixando todos os seus pertences, muitos deixaram até suas lojas de lado, alguns ficaram, provavelmente eram mais necessitados, os mendigos aproveitavam para comer tudo o que podiam e estocavam frutas e legumes por dentro de suas camisas e corriam depois, para não serem pegos pelos guardas.
Os sinos da cidade tocaram em alerta, sir Major chamou rapidamente Karsal e Siro, e Job foi junto. Sir major explicou a situação.
_é hora de vocês dois mostrarem ao rei suas capacidades em batalha, matando o dragão que apareceu na cidade! Exclamou sir Major.
_ Um dragão! Isso está ficando perigoso. Cochichou Siro.
_Disse alguma coisa Siro? Perguntou sir Major.
_Não, não estou bem! Fazendo uma feição preocupada.
Karsal correu até a cidade, e enquanto ele corria Siro tocava uma canção em seu banjo, sir Major, não gostou nada, mas Siro não perdeu a concentração, assim ele levitou, e foi voando para o alto, para procurar pelo dragão, ele viu sobrevoando a cidade uma criatura escamosa e com chifres, mas ele não acreditou que aquilo fosse de fato um dragão.
_Isso não pode ser um dragão! Exclamou Siro, e continuou sua linha de raciocínio.
_Bom se ele não for tão forte quanto um dragão, ele me renderá bastante.
Karsal também encontrou o dragão, mas quando viu que Siro estava voando, tirou rapidamente o manto de sua costa e voou em direção a criatura. Flamejou sua espada e voou rápido, como era de se esperar de seis asas enormes.
Quando Karsal viu a criatura, estava um pouco longe, e estava no chão, mas Siro estava no a ar, e próximo da criatura. Siro começou a cantar algumas canções estranhas, durantes essas canções, saiam coisas do nada que colidiam com a criatura e explodiam causando certo dano. Com medo, a criatura pousou em uma parte da cidade que tinha bastantes árvores e tentou descobrir porque estavam lhe atacando.

_Porque me maltrata? O que lhe fiz? Enquanto a criatura falava com Siro, mostrava uma feição triste.
Siro não entendia nada que a criatura falava, ouvia apenas rugidos, era uma visão animalesca para Siro.
_Se todos acreditam que essa criatura é um dragão, eu serei simplesmente um mito, para todos, daqui até meus olhos podem ver. Siro conversava consigo mesmo.
Enquanto Siro pensava Karsal ia chegando, ele estava um pouco longe, mas ainda era possível ver Siro e a criatura. A criatura berrava, como se estivesse tentando se comunicar, então ainda de longe Karsal pode ver Siro estender suas mãos enquanto cantava uma melodia, e gesticulando, com suas mãos estendidas na direção da criatura que se parecia com um dragão, algo brilhou com cores vermelhas bem claras, quase imperceptíveis aos olhos humanos, enquanto Siro cantava, e essas coisas atingiam a criatura causando algum tipo de dano, e Siro fez isso algumas vezes antes que Karsal chegasse, até a criatura não poder se movimentar com sua destreza habitual.
E quando Karsal chegou deixou a criatura ainda mais assustada, pois era um homem de quase três metros de altura e que tinha seis asas na costa e sua espada quase tocava o chão.
_Siro, você conseguiu capturar o dragão! Agora devemos levar a criatura até o rei, ele deve saber o que fazer com esse dragão.
_Karsal! Isso é um monstro que veio até aqui, para devastar a cidade, e acabar com todo o tipo de vida, acha que o rei fará o que com essa criatura?
_Eu não sei, mas acho melhor deixarmos o julgamento para o rei. Retrucou Karsal.
Enquanto os dois discutiam a criatura continuava berrando, com uma feição bem humanizada, mas karsal e Siro ainda não entendiam o que a criatura falava. A discussão entre Siro e Karsal estava ficando quase fora de controle, quando ouviram da criatura, algumas palavras, era como se estivesse com a língua presa, como um mudo que esta aprendendo a falar, com muita dificuldade.
_Quero ir embora! Suplicava a criatura, até lagrimas saia dos seus olhos, heranças da parte humana.
_Essa coisa evolui rapidamente! Siro exclamou.
Então mesmo sem o consentimento de Karsal, empunhou uma espada leve que carregava na cintura e enfiou na garganta da criatura, causando o ódio da criatura, tirando ela de si. Karsal flamejou sua espada e ficou a espreita, não queria fazê-la mal, mas ela parecia ser muito forte. Enquanto isso acontecia chegavam homens a cavalo, acompanhado de sir Major, eram uns dez homens de arco e flecha, e a população também veio pra ver o que era aquilo. As pessoas cochichavam.
_Isso não é um dragão, é muito pequeno.
_Isso é um demônio que veio nos atormentar!
_É, ele deve estar aqui para comer nossa comida, roubar nossas filhas, e queimar nossas casas!
E todos gritavam em coro.
_Matem ele! Matem ele! Matem ele!
Siro é um artista, amante do publico, ao ouvir essas palavras, ficou cheio de si. Era como se estivessem gritando seu nome. Siro cantava mais e mais, e olhava fixamente para criatura, enquanto isso a criatura o atacava com suas garras e mordidas, mas mesmo sendo veloz, perdia para a velocidade de Siro. Siro então resolveu tirar seu florete da garganta da criatura, e começou a chover sangue, e Siro se sentiu melhor e aliviado. Karsal não moveu um músculo para tentar ajudar Siro, ele achou que a criatura era tão humana quanto ele, e sentiu dó. Karsal achou aquilo muito cruel, achou as pessoas muito mesquinhas, mas ele ainda não conhece o futuro, nem o que pode está reservado pra ele.

Mensageiros da guerraWhere stories live. Discover now