Justin Bieber — Point Of View.
Meus passos entre os corredores do consultório de Marie eram rápidos, as pessoas deixavam com que eu passasse tranquilamente por que pensavam que eu ainda era marido da dona do estabelecimento. Eu senti meu peito afundar em ansiedade junto com um frio que demonstrava meu nervosismo.
– Senhor Bieber?
– Sim?
Me virei encarando a mulher alta, ela deveria ter poucos centímetros a menos que eu, seu corpo era um pouco gordinho, e possuía bochechas grandes e bastante rosada.
– A senhora Marie já estava aguardando o senhor, por aqui, por favor!
Segui atrás dela e logo a mesma abriu a grande porta de madeira com vidro que tinha ali, pude ver minha ex mulher sentada em sua cadeira clara de couro e assim que a porta se abriu levantou o rosto, sorrindo de lado para a mulher ao meu lado que logo entendeu aquele gesto saindo do local.
– Devo jogar uma caneta em você por ter me traído com uma presidiária ou por ter pedido o divórcio? — disse divertida se levantando de sua cadeira, abotoando mais um botão do seu jaleco.
Franzi a testa a encarando incrédulo. Como assim... como assim ela sabia?
– Vamos lá, marido! — disse bem humorada sentando-se no sofá ao meu lado – Eu te conheço desde quando você ainda era virgem. — riu – Então você acha mesmo que pode enganar?
– Marie, e-eu... Eu simplesmente...
– Não, Biebs! Não quero explicação, posso te afirmar que sim, eu ainda te amo, mas assim como você eu já estava cansada do nosso casamento. Estava cansada de todas as noites que você saia com a desculpa de que iria trabalhar, e voltava cheirando a perfume feminino, com diversas marcas de batom no corpo. — riu fraco, ela não parecia chateada. – E sabe, tudo começou a mudar a alguns meses. Você de repente me apareceu sem sono, preocupado, aperreado, completamente desnorteado e... Apaixonado!
Marie pegou em minha mão enquanto eu me sentava na poltrona ao seu lado sem saber o que falar.
– Você me apareceu estudando como louco o caso da morte dos pais daquela menina, sempre que algum noticiário dava alguma notícia sobre o caso você dava um pulo de onde quer que fosse, falava no nome dela e seus olhos brilhavam de um jeito... Que um dia já brilharam por mim!
Neguei brevemente com a cabeça sem saber o que fazer naquele momento. Era minha ex mulher, a mulher que um dia eu já amei falando tudo aquilo para mim.
– E então você pediu o divórcio e logo após algum tempo, pum, a garota foge da cadeia de uma maneira que jamais ninguém, que não conhecesse os arredores conseguiria fugir.
– Marie, se você estar aqui para...
– Apenas continue escutando. — suspirou, engolindo saliva para continuar – Então ontem quando eu estava procurando saber melhor sobre a tal Lizzie Burrow, eu descobri que...
– Que o quê, Marie?! — falei ansioso.
– Que Antonella Burrow tinha algumas seções de terapia comigo logo depois que sua ex psicóloga tinha tirado uma folga de sei lá quantos meses e isso conclui que ela era minha ex paciente e que...
Marie se levantou soltando minha mão, e caminhou até uma grande estante que havia ali abrindo uma das gavetas tirando de lá uma pasta grande de cor azul.
– O que é isso, Marie?
– Tudo que você precisa para provar a inocência de Lizzie Burrow.
Peguei a pasta ainda incrédulo. Era muita coisa acontecendo em um único dia. Abri a mesma tirando de lá alguns papéis e um gravador, desviei meu olhar da parede para Marie que me olhava confiante.
– Eu costumava gravar as minhas seções para que depois pudesse analisar melhor cada consulta.
Assenti desnorteado apertando no botão de play do aparelho.
– E então eu estava decidida, decidida a contar tudo para a polícia, mas Richard ameaçou matar Lizzie e eu me perguntei como podia ter coragem de casar com aquele — escutei seu suspiro cheio de repulsa – psicopata, toda aquela família é doente por dinheiro e poder. Eu não podia deixá-lo matar a minha filha, eu sabia que ele daria uma golpe do estado. Ele vai simular a própria morte... Simular a própria morte e por a culpa em alguém inocente, você tem noção disso? — Já era perceptível escutar seus soluços – E eu estou com medo agora, medo do que Richard pode fazer comigo e com a minha filha, e eu não posso dizer isto para ninguém.
A gravação finalizou e olhei para aquilo em minhas mãos sentindo um ódio tremendo do filha da puta que aquele cara era, um psicopata, exatamente como sua ex mulher havia dito, um louco por dinheiro.
– Mas isso... Isso não prova nada Marie, quer dizer, podem afirmar que Lizzie o matou para que ele não fizesse mal a sua família!
– Pode até ser, mas isso prova muita coisa! — Marie me entregou outro gravador que estava dentro da pasta e o olhei incrédulo.
– O que é isso?
– Antes do dia que Antonella morreu ela havia me dito que Richard estava agindo estranho e que ela temia que ele fizesse algo com ela e sua filha, então ela me disse que iria gravar tudo o que aconteceria naquele dia e que iria querer que eu mostrasse isso na hora certa para que os verdadeiros culpados fossem presos.
– POR QUE RAIOS VOCÊ NÃO ME DEU ISSO ANTES? VOCÊ PODERIA, MERDA! Isso poderia ter evitado tanta coisa — lamentei me levantando da cadeira.
– Não importa mais! Então se você quer mesmo que ela seja inocentada leve tudo que ta nessa pasta até os responsáveis pelo caso.
– Eu não posso!
– O QUE? — perguntou alto, incrédula.
– Se for eu quem for entregar essas provas vão desconfiar que eu quem realmente a ajudei a fugir e eu não posso fazer isso por que... — Parei de falar encarando Marie que me olhava ansiosa, como se estivesse se preparando para as minhas próxima palavras.
– Por quê? Por que o quê, Justin?!
– Por que eu quero ser feliz com ela, longe dessa porra toda e não dentro de uma cela.
Marie assentiu engolindo a seco.
– O que você senti por essa menina? — perguntou após um tempo.
– Eu a amo.
Marie pareceu sentir o peso das minhas palavras por que suspirou engolindo a seco, e em seguida levantou o olhar me encarando com um brilho nos olhos. Por mais que ela estivesse um tanto abalada com a minha confissão, ela parecia me compreender, parecia estar disposta... disposta a ajudar eu e Lizzie.
Antes que eu abrisse a boca para dizer mais alguma coisa meu celular tocou e quando iria apertar o botão para ignorar a chamada o nome de Chaz apareceu na tela.
– Um momento! — disse a Marie, atendendo a ligação em seguida.
– Diz Cha...
– Puta merda, Bieber, me desculpa cara! Eu fiz tudo que você mandou — falava alto e afobado me fazendo franzir o cenho confuso com todo aquele nervosismo – Mas... Mas ele tinha uma faca na meia, e porra, Ryan fugiu e ele...
Preferi tentar por um momento ignorar o que Chaz havia dito depois daquilo, mas era impossível. Deixei que meu celular caísse no chão tentando processar as últimas palavras que Chaz disse após desligar o celular afobado, apenas repetindo a mim mesmo que ele não havia dito aquilo.
– Justin? Por Deus, você está branco! O que houve? — Marie perguntava preocupada segurando em meus ombros.
– O Ryan... o Ryan está na delegacia! — falei desnorteada passando a mão em meu cabelo.
– Mas o que isso quer dizer, o que...
– Eu vou ser preso!
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Cell 23
HorrorSua cabeça estava baixa enquanto o juiz decretava a sua sentença. Seu olhar brilhava de inocência, suas mãos tremiam em seu colo enquanto pagava por um crime que não cometeu. Um delegado preso aos encantos de uma presidiária. Um homem com seus valo...