Soraia estava ajoelhada dentro da igreja, rezando diante do crucifixo pregado na parede. A jovem tinha longos cabelos loiros, olhos verdes e uma pele macia como se fosse feita de algodão. Era alta e não muito magra.
A igreja àquela hora estava vazia, o que permitia a Soraia mais tempo livre para fazer o que mais gostava. Mas não demorou nada para ela perceber que não estava mais sozinha ali.
Quando se virou para olhar a entrada da igreja, viu sua mãe, dona Marta, indo em sua direção. Ela se levantou do chão e abraçou a mãe.
- Minha querida filha... - disse dona Marta. - Eu fico tão feliz em ver você aqui, rezando... Você é o meu orgulho.
- Mãe... - Soraia não conseguia impedir que lágrimas escorressem pelo seu rosto. - Eu estou cumprindo com a minha obrigação de cristã e, além disso, estou muito abalada com a morte do meu pai.
- Seu pai deve estar muito feliz com você, seja lá onde estiver. Não há nada mais gratificante do que ver você ser essa pessoa que você é.
Soraia abraçou fortemente a mãe e chorou, descarregou toda a tristeza que vinha guardando há dois dias, quando seu pai morreu. Era difícil esquecer a morte de uma pessoa que cuidou dela por todos esses dezessete anos.
Dois meses depois
16 de janeiro de 2009.
Soraia e dona Marta estavam em um restaurante, no centro da cidade de São Paulo.
- Vamos ter um dia completamente especial. - disse dona Marta, sorrindo para a filha. - Quero que a véspera do seu aniversário seja uma comemoração só para nós duas.
- Obrigada, mãe. Mas não precisava me trazer em um restaurante tão luxuoso!
- Deixe de ser boba! Você merece vir em um lugar assim, não é por que somos pobres que temos que frequentar lugares para pobres!
Soraia riu e logo o garçom levou a comida para ela e mãe, que rapidamente começaram a degustar a refeição.
Não muito longe dali, enquanto Soraia e dona Marta aproveitavam o momento juntas, Fernando saía do Exército. Ele era um rapaz de dezenove anos, com cabelos negros, olhos azuis, de estatura média e com uma corpo definido, depois de um ano de exercícios físicos no Exército.
Fernando foi recebido em casa por abraços do pai, Ricardo, e da mãe, Anita. E, para comemorar a volta do filho, Ricardo deu uma notícia, enquanto almoçavam juntos.
- Eu e sua mãe estivemos fazendo umas economias e o resultado é este.
Fernando surpreendeu-se quando seu pai lhe mostrou uma chave, que era de um carro.
- Pai... O senhor é maravilhoso! - o rapaz abraçou o pai e depois olhou para a mãe. - A senhora também é maravilhosa. - E deu um abraço nela também.
- Pensei que iria se esquecer de mim! - brincou Anita.
- E tem como esquecer? - Fernando sorriu. - Vocês são os melhores pais do mundo!
Soraia e dona Marta andavam pela calçada da praça, relembrando os velhos tempos.
- Lembra aquele dia que você caiu com tudo no chão? Foi a sua prima, ela tinha ciúmes de você. - Marta sorriu. - Se você soubesse o quanto eu tive que falar para o seu pai mandar a sua prima ficar com os pais dela! Vocês brigavam muito.
- Onde é que ela foi depois que ficou órfã? - Perguntou Soraia.
- Não sei. Eu gostaria muito de saber se alguma tia ficou com ela, mas todas disseram que não, e que não tinham ideia do que aconteceu com ela.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Fronteiras do Amor
RomancePLÁGIO É CRIME! Fernando e Soraia são dois jovens que têm coisas boas e coisas ruins em suas vidas todos os dias, assim como todo mundo. Enquanto Fernando é judeu e está prestes a conhecer a mulher destinada a casar com ele, Soraia se prepara para e...