Capítulo 3 - Fuga para o horizonte

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Naquele instante dona Marta soube que Soraia guardava um segredo. Um segredo que a deixou nove dias trancada dentro do quarto.

Dona Marta balançou a cabeça e voltou para a sala. Dona Selma foi logo perguntando:

— Por que você voltou? Onde está a sua coragem, minha filha?

— Eu não consegui continuar... — Marta lamentou-se, as lágrimas escorrendo pelo seu rosto. — Eu ouvi a Soraia chorando, não queria chamá-la para deixá-la ainda mais transtornada com seja lá o quê.

— Ela estava chorando? Então é óbvio que está com algum problema sério!

Marta ficou em silêncio. Não queria pensar que Soraia estava lhe escondendo um segredo e nem ao menos dizia o que era, para lhe poupar a dor que sentia.


Fernando baixou os olhos para o chão. Antes que Paola perguntasse novamente, ele respondeu, olhando nos olhos dela:

— Soraia é uma amiga minha.

— Por que ela deu o número dela para você?

— Ela me disse para ligar e marcarmos de sair qualquer dia desses.

Paola olhou para Fernando, expressando uma fúria que ela nunca sentira.

— Uma amiga sua lhe dá o número dela e pede para você ligar para ela para marcarem de sair juntos? — ela passou a mão nos cabelos, impaciente. — E tudo numa boa, como se isso fosse normal? Isso é o cúmulo, Fernando. O cúmulo!

— Se você não quer acreditar, não é problema meu. — Fernando balançou os ombros.

— Como é que você é capaz de falar assim comigo? Fernando, se coloca no meu lugar, como você se sentiria ao descobrir que o seu parceiro não foi fiel com você?

— Olha o drama que você está fazendo! — Fernando estava muito zangado. — Quem falou em fidelidade ou infidelidade aqui? Paola, a Soraia é apenas uma amiga, nunca ia acontecer nada entre a gente!

— Ah, então a coisinha não sabe que você vai se casar?

— NÃO CHAME A SORAIA DE COISINHA!

Paola recuou, como se acabasse de receber um tiro. Fernando se deu conta de que tinha exagerado e se retirou da sala, indo para o seu quarto. Paola pegou um vaso de flor sobre a mesa de centro e arremessou-o contra a parede.

— DROGA!

O barulho fez Ricardo e Anita se assustarem. Anita deixou o prato que estava lavando dentro da pia e foi para a porta da sala, onde observou Paola ajoelhada no chão, chorando. Ela sentiu pena da garota, porque era uma boa pessoa, não merecia sofrer.


Fernando pegou o celular e sentou-se em sua cama. Observou em silêncio a tela do aparelho, e seus dedos lentamente apertaram os números da casa de Soraia, a única pessoa nesse momento que poderia lhe ajudar.


Quando o telefone tocou na casa de Soraia, dona Marta levantou-se do sofá pronta para atender, quando, inesperadamente, Soraia saiu do quarto.

— É ele, é ele! — disse, toda animada, correndo para o telefone. Dona Marta e dona Selma se entreolharam, felizes com a animação de Soraia. A garota pegou o fone e atendeu a ligação. — Alô?

  — Por favor, aí é a casa da senhorita Soraia?

 — Fernando! — Soraia riu. — Quanto tempo a gente não se fala!

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