Capítulo 2 - O segredo

12 4 33
                                    

Era a primeira vez que Soraia Ribeiro e Fernando Maciel se viam na vida. Seus olhos, fixos um no outro, e um sentimento novo aflorou neles.

Soraia deu um sorriso, um pouco sem graça. Fernando hesitou por um instante e, reparando que ainda segurava as sacolas, disse:

  — Ah... aqui estão as suas sacolas.

— Obrigada. — disse Soraia, pegando as sacolas que Fernando lhe estendia.

  — Desculpe pelo incidente. Eu estava correndo para chegar até meu carro, o alarme tinha disparado.

— Não foi nada, uma queda à toa, só isso. — Soraia acalmou Fernando, em um tom de voz cômico.

Fernando parecia que tinha acabado de conhecer alguém da alta autoridade. Seu coração batia aceleradamente, sua garganta estava seca e o friozinho costumeiro na barriga também estava lá. Soraia parecia não ter nenhum assunto, e por isso Fernando tomou a oportunidade para se apresentar:

— Fernando Maciel. — e estendeu a mão.

— Soraia Ribeiro. — disse ela, apertando a mão do rapaz.

— O que faz você aqui em uma manhã de sábado? — ele perguntou, lançando um olhar furtivo para as sacolas que Soraia segurava.

— Eu estava comprando umas coisas para o meu aniversário.

— Hoje é seu aniversário?

— É.

— Nossa, então meus parabéns pelos...

— Dezoito. — completou Soraia, rindo da hesitação de Fernando.

— ... dezoito anos. — finalizou ele, dando um sorriso.

Soraia e Fernando ficaram um pouco em silêncio, parados no meio da praça, olhando um para o outro. De repente, Soraia se deu conta de que deveria estar em casa e lançou um olhar rápido para o relógio de pulso, e depois para Fernando.

— Me desculpe, mas eu tenho que ir. Minha mãe e a minha avó devem ter notado minha ausência, e eu não quero deixá-las preocupadas comigo.

— Tudo bem. Mas... — Fernando acrescentou, antes que ela saísse andando. — Você não negaria uma carona, não é?

— Uma carona? — ela ficou vermelha. — Não precisa, muito obrigada, mas eu caminhando, assim eu me refresco um pouco e chego em casa em cinco minutos.

— Eu faço questão de dar uma carona para você. — insistiu. — De carro você chega em casa em menos de dois minutos. Vamos?

Soraia acabou aceitando a carona. Fernando sentiu uma alegria dentro de si. Para alguém que conheceu com um encontrão, ele a estava tratando muito bem, porque tinha se apaixonado à primeira vista por ela, e nem mesmo Paola faria com que ele mudasse de ideia. Por um momento, quis que seus pais escolhessem Soraia para ser sua mulher.


Dona Selma, como não encontrou Soraia em lugar nenhum da casa, ficou ali, ajoelhada ao lado da filha, temendo pelo pior. Mas, para sua surpresa, Marta foi acordando e aos poucos recobrou os sentidos.

  — Mãe... — disse, olhando para dona Selma. — O que aconteceu?

— Você desmaiou. Não sei o que aconteceu direito, mas quase me matou de susto!

— Onde está a Soraia?

— Ela saiu.

— Mãe, me ajude a levantar daqui, eu tenho que encontrar a Soraia.

Fronteiras do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora