Eu dancei com você
E criei aquela imagem
Nosso baile lento, selvagem.
Cristalizou feito miragem
Em algum lugar daquiVocê o seguiu rodopiando
Eu o sigo lembrando
Alimentando o espetaculo de monstros vorazes, dentro de mim.Meu delírio
sozinha, eu estou,
E continuo dançando
com o vácuo da tua mão me segurando
A canção acabou!
E eu nem reparei!Meu delírio
As paredes assistem o meu espanto
Os lençóis secam o meu pranto
As marcas no travesseiro calam as dores que guardeiMeu delírio
Doce e insano!
Cisão preciosa!
Psicose pervertida!
Ego estilhaçado aos ecos da vida!
Você compôs meu espelho,
e eu?
Quebrei!Meu delírio
Para o seu enterro, trouxe lírio
Na beira da tumba
O cadáver beijei!E agonizei dizendo que não queria!
Que não podia aceitar a partida,
Mas partida, assistia a mais um sol nascer sem luz.Meu delírio,
que me pôs aos pés da cama, o coração em pus
Catatônica, eu sou um resto de paisagem
Um passo de valsa sem coragem
Uma vaga mensagem, cifrada e não ditaBailando com tua morte alucinaada!
Beijando as sombras todas pela estrada!
Lambendo um lago
que é chão, pela avenida!A delirante alma esvaecida,
Enevoada
Que só ouviu o som tocar na hora errada
E nunca mais deixou de cantar a melodia!Milla Reis
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Notas de um Amor Fracassado
PoetryPorque quem nunca amou fracassadamente, que atire a primeira pedra! Notas do Amor que assola, e devora a Alma. A escrita é o caminho do alívio.