Prova de Graduação - Parte I

498 28 29
                                    


Antes de entrar para a ANBU, costumava a treinar técnicas e segredos da mente humana com o seu clã, um clã renomado nessa arte. Coisa que Ino não levava muito a sério desde então. Admitia ter sido desleixada e distraída nesse quesito. Acreditava que somente beleza e sensualidade bastava para o seu sucesso profissional, mas a sua vida ali mostrou que estava deveras equivocada. Nem tudo era somente atrativos físicos, e Ino odiava ter pontos fracos.

Ainda recordava-se da humilhação que Itachi a fizera passar, e por mais que isso lhe doesse o ego, sabia que o Uchiha tinha razão. O maldito Uchiha lhe dera um sermão que fazia sentido, fazia sentido em sua vida como kunoichi. Ela tinha que melhorar, e muito. Porque claro, carregava um grande sobrenome nas costas, e na ANBU era coisa séria, não era um conto de fadas como havia imaginado. Havia dificuldades e barreiras a serem superadas. Não era como uma universidade normal, regada a bebidas, putaria e drogas. Ali o negócio era mais embaixo, era perigoso. Um dia você pode estar vivo, já no outro... Ninguém garantia nada.

Sorriu de canto, era óbvio que ela se superaria. Confiava em si mesma, seu nome era Ino Yamanaka, e nada mudaria isso. Ela nasceu para superar as expectativas e era assim que a coisa funcionava, e que sempre funcionou.

Suspirou, procurando um canto na floresta longe o suficiente dos alunos que treinavam aos arredores. Podia ouvir os gritos animados do Inuzuka a alguns metros dali. Revirou os olhos, Kiba era irritantemente escandaloso, até mais do que ela própria e para o seu treinamento de agora, necessitava estar sozinha, sem interrupções sonoras ou físicas. Se fosse interrompida, ou se assustasse por algo, acarretaria em graves problemas. Sua própria mente estava em jogo nesse treinamento arriscado. E não poderia de jeito nenhum fazer algo para que estragasse isso. Se ela se perdesse ali, poderia morrer em frações de segundos.

Parou em uma clareira, olhando o chão de terra seca com desdém. Tinha mesmo que sentar-se naquele lugar sujo e empoeirado? Fora os insetos pelo chão. Sim, ela tinha mesmo. Revirou os olhos, detestava se sujar, porém era preciso.

Sentou e respirou fundo, observando as árvores ao redor. Estava em um dia agradável, e as folhas moviam-se lentamente com o vento fresco. Cruzou as pernas como um indígena faria e fechou os olhos azuis. Crispou os lábios, a cada dia lembrava-se de Itachi e seu deboche. Odiava que a subestimassem e debochassem de si. "Se eu treinar mais, não darei motivos para subestimaram de mim" pensou orgulhosa, deixando um sorriso escapar. Ralhou consigo mesma. Deveria manter a mente limpa, sem estresse ou emoções fortes. Respirou fundo e tentou se concentrar novamente.

Depois de boas horas, quem a visse de longe acharia que a loira estava em um longo e confortável sono. Nada. Isso que passava em sua mente, somente uma escuridão profunda e íngreme. Deveria ter controle da sua própria mente, pensar somente o que quiser, e quando quiser. E estava obtendo sucesso nisso. Podia até suspirar de alívio, se fosse possível.

Psicológico ou não, sentia seu cérebro trabalhar sozinho, como se pudesse o apalpar ali mesmo. Estava tendo controle dele, controle de suas memórias, como as trancar e como invadir mentes alheias. E assim sua mente tomou forma.

Como em becos escuros, andava dentro de sua própria cabeça. Suas lembranças como quadros na parede. As boas estavam em molduras bonitas e requintadas, as ruins, em molduras de madeira gasta, no lado oposto dos quadros bonitos. O chão era escuro como o céu ao anoitecer, porém úmido. Já as paredes eram claras, mas era possível ver alguns encanamentos. Parou ao chegar ao fundo do corredor. Lá estavam as memórias que nunca poderiam ser lembradas, lembranças trancadas fortemente por um cadeado enferrujado.

Se afastou, aquele não era o seu objetivo. Aquilo a fazia sentir medo e insegurança, algo raro de sua personalidade. E aquilo definitivamente não era algo proveitoso. Aquilo estava sendo incrível para Ino, nunca havia entrado em tamanha magnitude em sua mente. Já ouvira de casos assim com os mais esforçados do clã, já que era algo que exigia certa habilidade e tempo. Mas por incrível que parecesse, havia conseguido por menos tempo que esperava. Como em um tempo recorde, e estava feliz por si. Sentia um enorme orgulho.

ANBU - Acadêmia Especial de Assassinato e TáticaOnde histórias criam vida. Descubra agora