4 - Olhos Dourados

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- Está me procurando?

Eu me virei e ele estava ali encostado na parede, tinha procurado discretamente, como ele sabia que eu estava atrás dele? Eu havia andado mais devagar para que meus primos fossem na frente e eu pudesse ficar atrás e procura-lo, queria olhar nos olhos dele para saber se tinha me reconhecido.

- Não sei do que você está falando.

Ele deu um sorriso, ele era bonito isso eu tinha que admitir, seus cabelos negros davam destaque aos olhos de um dourado vivo. Também era alto e tinha ombros largos, seria intimidador se não fosse apenas um humano. Para onde meus pensamentos estavam indo? Foco Luna!

- Eu percebi que você estava olhando para os lados no refeitório.

- Poderia estar olhando para qualquer um.

- Verdade, mas quem estava na floresta ontem fui eu.

Droga! Eu vinha torcendo durante todo o dia para que estivesse mesmo muito escuro para que ele pudesse ter visto meu rosto, mas não estava. E agora ele sabia.

- Não estava em floresta nenhuma ontem.

- Estava sim, eu te reconheci assim que vi, mas o que eu quero saber é o que você estava fazendo lá e por que aquele cara foi embora quando você mandou.

- Isso não é da sua conta.

Eu estava me virando para ir embora.

- Seus tios sabem que você estava sozinha na floresta ontem a noite?

Eu parei, como ele sabia sobre meus tios? Aquele era meu primeiro dia de aula. Então me virei.

- Cidade pequena, você ficaria surpresa com as coisas que circulam por aí. Já imaginou se seus tios descobrem?

Então era isso, ele estava ameaçando contar para meus tios, isso era bom, significava duas coisas: a) ele achava que eu tinha saído sem a autorização dos meus tios; e o mais importante e motivo de alívio: b) ele não sabia o que eu era. Poderia desconfiar mas não tinha certeza.

- O que você quer? - iria entrar no jogo dele.

- Quero que dispense seus primos e que aceite meu convite para jantar.

- E porque eu faria isso?

- Para que certas histórias não cheguem aos ouvidos da sua família. E eu quero esclarecer algumas dúvidas.

Essa era minha chance, eu poderia tirar qualquer suspeita sobre a minha humanidade e ainda me pouparia de ter que mata-lo.

- Está bem, vamos.

Por um momento ele pareceu incrédulo, mas depois deu um tímido sorriso.

- Ótimo.

Olhei para o estacionamento, meus primos estavam dentro do carro, Celine me encarava com uma pergunta estampada no rosto: " o que você está fazendo?". A verdade era que nem eu sabia. Teria que pedir para que fossem para casa, só depois daria explicações, ou não.


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