- Primeiramente, meu nome é Malik.
Depois de dizer aos meus primos que fossem para casa sem mim, e depois de me desviar das perguntas deles, eu e ele tínhamos ido a uma pequena lanchonete perto do colégio.
- Olá Malik.
- O seu é Luna ou Celine? Eu ouvi quando o professor falou.
- Luna.
- Prazer em conhecer.
Ele estende a mão e me olha como se esperasse alguma coisa.
- E então?
Então era isso, o princípio da interação humana, onde estão meus modos?
- Prazer em conhecer você também.
Quando ele percebeu que eu não apertaria sua mão, colocou-a encima da mesa.
- É um belo nome.
- Obrigado.
Meus pais tinham escolhido esse nome porque meu pai adorava tudo o que era relacionado ao espaço. Apesar das minhas memórias humanas serem vagas, eu ainda me lembrava dele falando apaixonadamente sobre as estrelas.
- Eu acredito Luna, que depois que morremos viramos estrelas. - dissera ele uma vez.
- Vou virar uma estrelinha também papai?
- Sim meu amor, e também eu e sua mãe.
Mas eu não virei, nunca poderia, mesmo assim não deixei de acreditar que eles estavam no céu, como estrelas ou até mesmo como anjos. Sinceramente acredito nessas coisas, afinal naquela época achava que vampiros não existiam e ali estava eu.
- Você conhece aquele cara? - disse Malik me trazendo para o presente.
- Então o que acha que viu na floresta? - ignorei sua pergunta, era melhor saber antes exatamente o que ele achava que tinha visto.
- Vi um cara grande correndo muito muito rápido atrás de mim e você apareceu do nada falou com ele e ele foi embora.
- Eu conheço ele.
- Conhece? Quem era?
- Um parente distante. - menti
- O que disse pra ele?
- Para não brincar com você por que é meu amigo.
- Brincar?
- Sim, Victor é o nome dele, ele é corredor profissional e gosta de correr atrás de pessoas desavisadas. - De onde eu tinha tirado aquilo?
- Corredor? - ele levanta uma sombrancelha como demonstração de que não está acreditando nem um pouco na minha história absurda.
- Profissional. - enfatizei
- Tudo bem, digamos que eu acredite na sua história. Eu... - ele parou e pareceu pensar melhor no que estava prestes a falar.
- Você ?
- Nada, deixa pra lá, acredito em você.
- Acredita? - agora era minha vez de ficar incrédula.
- Sim, quer pedir alguma coisa?
- Não obrigada, estou sem fome.
- Eu também, voltando ao assunto, o que você estava fazendo sozinha na floresta? Esperando o lobo mal?
Eu dei um leve sorriso, mal sabia ele que não existia apenas um lobo mal na floresta mas vários, uma alcatéia enorme.
- Estava passeando, adoro a natureza.
- Aquela hora da madrugada?
- E você o que estava fazendo " aquela hora da madrugada"? - fiz um gesto irônico de aspas.
- Catalogando.
- O que?
- Lobos, existe uma alcatéia naquela floresta, são os lobos mais grandes que eu já fotografei.
- Estava o que?
- Fotografando...- ele fez um gesto imitando alguém tirando fotos - ... lobos. Esse tal de Victor estava lá com eles, ele me viu e começou a correr atrás de mim.
Pelo menos uma parte da história agora estava sendo esclarecida, Victor era conhecido por ser um traidor e responsável pelo fim do próprio clã. Ninguém sabia o motivo, na época era um dos mais conhecidos e respeitados clãs. Aquilo poderia significar que ele estava associado aqueles lobos, tinha flagrado Malik por isso correu atrás dele. Ao me ver ele recuou mas não por medo, sabia que quando os lobisomens soubessem daquelas fotos iriam atrás de Malik e de quem estivesse com ele.
Desde que tinha traído sua própria família, Victor não se cansava de destruir clãs, e sua raiva contra a minha família era por que não tinha conseguido nos destruir. E agora ele achava que estávamos invadindo o território dos lobos. Mas porque os próprios lobisomens não tinham ido atrás de Malik na noite passada? Por que não estavam atrás dele agora? O que era mais importante que estava impedindo-os? Quanto mais perguntas eram respondidas mais surgiam.
- Você tem alguma noção do perigo em que se meteu? - não tentei esconder a urgência na minha voz.
- Eu fui discreto, se não fosse seu parente maluco eles nem teriam notado minha presença.
- Para sua segurança fique longe daquela parte da floresta, por favor.
- Apenas um dia de amizade e já preocupada comigo?
- Estou falando sério.
- Ok tudo bem, relaxa. Eu já tenho as fotos que preciso mesmo. - ele deu de ombros.
- Se importaria se eu visse essas fotos?
- Claro, quando eu terminar de editar, mando pra você por e-mail.
Aquilo era alguma coisa já que eu não podia apagar aquelas fotos, ele com certeza já tinha feito backup delas, anotei o meu e-mail e dei pra ele pedindo que enviasse o mais rápido possível, ele ficou confuso com a minha pressa mas por fim concordou.
---x---
- Onde você foi com aquele cara? - Celine estava sentada no sofá da sala quando cheguei.
- Fomos a uma lanchonete, ele disse que achava que me conhecia de algum lugar e ficamos conversando. - eu realmente não era boa com desculpas.
- Admite logo que já arranjou outro humano pra namorar - Petros se sentou na poltrona.
- Cala a boca imbecil, acredito em você Luna.
- Você sempre acredita nela.
- Você sempre se mete onde não é chamado.
- Ei - falei alto para que eles parassem de brigar - Celine onde está o tio Roger?
- No escritório porquê?
- Preciso falar com ele.
E sai sem dar tempo para mais perguntas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Luna
VampireHá muitos anos atrás ela tinha desistido do amor, aquilo não era para ela. Dar as costas ao homem que amava a teria matado se já não estivesse morta. Agora que estava entre os humanos novamente, o passado voltou para mostrar que o amor é sim para to...