Passado - Luna I

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24 de dezembro de 1864

Mansão da família Traviori.

Era inverno, eu estava na janela do corredor, olhava para o bosque, a estação tinha levado às folhas das árvores mas não a sua beleza. O verde que predominava quase o ano todo tinha inicialmente mudado para tons de amarelo e laranja, e por fim a cor que eu olhava agora, o branco.

De repente algo se mexe entre os galhos secos, fico prestando atenção.

- Luna - minha mãe grita da cozinha - quer experimentar a massa do panetone?

- Já vou mamãe.

Era natal e junto com ele vinha os panetones, as tortas, os biscoitos, minha mãe fazia questão de prepara-los. O natal era a melhor época do ano para mim. Não só pelos presentes e a árvore que eu e meu pai decoravamos juntos, mas pelo espírito natalino que existia na nossa pequena família.

A criatura que estava mexendo os galhos saiu de dentro do bosque, era um lobo, um lindo, enorme e marrom lobo em contraste com neve. Estava farejando alguma coisa, quando de repente se virou e me encarou. Eu suspirei, ele me encarava como se dissesse " o que está olhando? Perdeu algo?". Era o lobo mais grande e fascinante que eu já tinha visto, minha vontade era sair e tocar no seu pelo para descobrir se era tão macio como aparentava.

- O que você tanto olha nessa janela? - disse o meu pai me assustando.

- Olha! - eu apontei na direção em que o lobo estava, mas ele já não estava mais lá.

- O que?

- Tinha um lobo ali, agora a pouco.

- Não existem lobos nesse bosque meu anjo.

- Existe sim papai, acabei de ver um.

- Deve ter sido a sua fértil imaginação.

Eu ia protestar mas nessa hora minha mãe chegou.

- Luna você está bem? Não está olhando os preparativos para a ceia. Achei estranho.

- Estou indo mamãe.

- Eu vou também. - disse meu pai.

E nós três fomos para a cozinha onde a ceia daquele natal seria preparada.

LunaOnde histórias criam vida. Descubra agora