Metrô

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Uma fofa desse personagem esquecido por deus.

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Ela estava tranquilamente lendo seu livro dentro daquele vagão de metro, fazia um dia frio na cidade aos arredores de Nova York, realmente um dia frio, suas luvas cinzas e cobriam seus dedos e mesmo assim ainda podia sentir seus dedos congelarem. Nada acontecia naquele lugar que fosse realmente interessante, Lyanna estava bem a frente lendo aquele livro de George Martin que tinha uma personagem com seu nome e aparentemente ela causava bastante naquele universo, era divertido. Escutou a porta se abrir parando numa estação, mas ainda faltavam cinco paradas para a dela, realmente tinha que usar aquele veículo todo dia e se sentia grata por este existir.

Sentiu as pessoas entrarem e se amontoarem por entre os espaços disponíveis naquela parte e continuou lendo seu livro sem muito problema, a leitura estava boa mesmo que apertada e ainda não sentia seus olhos tremerem de cansaço. Uma sensação a pegou rapidamente, estava se grudando nela e tinha a impressão de que não passaria rápido, alguém a estava observando e isso a incomodava. Lyanna observou os arredores discretamente como se descansasse a cabeça por um momento, procurou aquele olhar por alguns segundos e seus olhos se encontraram com o dele muito intensamente.

Era um homem bonito de uma maneira estranha, tinha cabelos negros que escondiam suas orelhas, usava um óculos bonito para seu rosto e atrás deles intensos olhos castanhos que saíram do dela com alguma vergonha, mas voltaram rapidamente. Lya voltou a mirar o livro com visível nervosismo, ele estava mesmo olhando para ela? Olhou ao redor de si para se certificar disso e depois o olhou novamente, a boca dele era bem rosa e nas mãos carregavam milhares de arquivos, uma bolsa de ombro quase caia de seu corpo por estar tão pesada e se segurava com a mão livre no apoio de cima.

Alguma coisa de errado estava acontecendo, mirou as letras no livro, mas não conseguia ler uma só palavra, ele ainda tinha os olhos nela e não era uma maneira estranha, ele parecia calmo e muitíssimo encantado? Lya não podia acreditar, como alguém poderia estar a observando tão atentamente? Os olhos dele eram lindos e a boca fazia uma leve inclinação positiva como se visse uma das melhores coisas do mundo, de qualquer forma Lya não conseguia manter aquela observação, estava muitíssimo envergonhada e agora faltavam duas estações para descer, nunca mais se veriam de novo e isso era um pouco triste para ela.

Ele se aproximou um pouco mais e desviou um pouco o olhar para da-la espaço, sabia que estava tão envergonhada como ele, Paul era Analista de Sistemas e Comunicações, e estava costumado a lidar com pessoas, mas ela era tão bonita e delicada, nunca poderia se aproximar daquela moça. Paul Sevier achava que tinha o nariz muito grande e feio assim como suas orelhas, felizmente poderia esconder a segunda parte, mas a primeira estava bem no seu rosto, seus dedos estavam muito vermelhos do calor repentino que havia sentido e seu casaco estava em volta de seu corpo desajustadamente, era um horror e mesmo assim ela era incrível, gostaria de dizer o quanto a achou bonita.

Lya fechou seu livro e mexeu no cabelo desconcertada, nunca havia visto aquele homem no metro e a sua estação era a próxima, sairia por aquela porta e nunca mais se veriam na vida, esse era o mal de paixões platônicas nos transportes públicos. Não conseguia olhar para ele, estava envergonhada, não tinha nada de bonita, sua pele estava natural e seus cabelos embaixo de um capuz por causa do frio que sentia nas orelhas, estava cansada e com olheiras do dia anterior. Ela se levantou para sair pela porta e o moço era muito mais alto que imaginou, estava parado bem ao seu lado agora e os olhos a tinham cuidadosamente, ele respirava fundo e estava arrumando coragem para dizer algo.

Olhou para ele rapidamente com bastante vergonha e depois seguiu em frente saindo do vagão, pode sentir o nervosismo que os dois estavam transparecendo, mas se não era para acontecer iria embora sem nunca olhar para trás. Lya saiu e seguiu seu caminho, era uma pena que seus caminhos não se encontrariam novamente, geralmente para que desse certo deveria haver um pouco mais de sorte e envolvimento da parte dos dois. Ouviu uma barulheira atrás de si, ela virou-se rapidamente para saber o que estava acontecendo e viu o homem abaixado ao chão apanhando seus vários arquivos enquanto outro reclama alto com ele.

- Olhe por onde anda quatro olhos! – Xingou e continuou andando

Ele havia saído do vagão logo após ela e havia esbarrado com aquele brutamontes, Lya foi logo se abaixando e ajudando o rapaz a pegar os vários papeis que tinha ao chão, outras pessoas fizeram o mesmo e o homem parecia muitíssimo envergonhado. Ele a viu diante de si e ficou um pouco espantado olhando para o chão rapidamente enquanto seus óculos escapavam de seu rosto, estando um pouco frouxos. Quando terminou ele agradeceu a todos e Lya pode ouvir o quão grossa era a voz dele, ela sorriu para o mesmo e continuou seu caminho em direção as escadas que levariam para o térreo.

- Ei! – Chamou

- Oi... – Disse um pouco nervosa virando-se para encara-lo

- Me desculpe o transtorno ali atrás... – Parecia culpado

- Tudo bem, não precisa me pedir desculpa... – Estava confusa – Você não me deve nada

Houve um momento de silencio e então ela se sentiu um pouco nervosa, não estava acostumada a falar muito com as pessoas, ainda mais estranhos. Ele era muito alto e Lya tinha que olhar para cima, seus cabelos eram bonitos e os olhos não saiam dos dela.

- Eu sei, é... Me desculpe de novo... – Tremeu um pouco – Meu nome é Paul Sevier e sou Analista de Sistemas e Comunicação, eu... Pensei que talvez pudéssemos... Nos conhecer melhor?

Lya se sentiu muitíssimo envergonhada e seu rosto claramente ficou vermelho, ela não esperava que ele pudesse realmente chama-la para se conhecerem e aquilo não passaria de mais um dia no metro, ele era bonito e se vestia adequadamente para um homem que trabalhava em escritório. Ela era ilustradora em uma agencia de publicidade e realmente se vestia com um pouco de desleixo, seu capuz estava em cima dos cabelos e as pessoas passavam pelos dois que estavam parados no meio do corredor. Ele segurava os papeis com nervosismo aguardando a resposta da moça, que agora demorava, até mesmo ele parecia bastante envergonhado disso.

- É claro que se não desejar, eu irei entender... É que a vi no vagão... – A mão da bolsa se apertava

- Não, não... Paul... – Disse ela nervosa

- Tudo bem então... – Falou chateado

- Não! Paul, eu quero... Conhece-lo seria... Legal – Sorriu sem jeito

- Mesmo? – Parecia muito animado

- É... Sim, eu vi como me olhava no trem... – Ficou vermelha

- Me desculpe quanto isso, eu só achei... Você é incrível

Os olhos dele iam fundo nos dela e eram bastante intensos, mas dóceis e muito cuidadosos, Lya ficou um pouco tensa com aqueles belíssimos e profundos olhos e ele logo parou o que estava fazendo passando a mão que segurava a bolsa nervosamente no cabelo. Ela pegou um pedaço de papel do caderno de bolso que usava, guardava na calça para emergências ou uma ideia muito repentina. Anotou o próprio número e fez um pequeno desenho rápido, ela adorava fazer suas ilustrações em qualquer lugar, Lya fez o mais rápido possível e rasgou aquela página o entregando rapidamente.

- Lyanna, meu número...

- Você é ilustradora? – Questionou rápido

- Sim, não paga muito, mas é meu sonho – Sorriu envergonhada

- Que demais! – Falou rápido – Gostei desse... Posso ligar pra você amanhã as quatro horas?

- Tudo bem, estarei disponível esse horário – Mordeu os lábios

- Ótimo, até mais, Lyanna... Irei esperar o trem novamente – Parecia envergonhado

- Por favor, me chame de Lya... Essa não é sua estação? – Questionou confusa

- Não... Eu desci por sua causa – Parecia nervoso

Ela riu baixinho bastante envergonhada e acenou para ele indo embora, Paul segurava aquele pequeno papel com o preço de sua vida e Lya esperava muito que ele ligasse no outro dia, sabia que não tinha um horário livre, mas faria o possível para conversar com ele. Realmente outro dia não demorou muito a chegar, ele a ligou e os dois conversaram por alguns minutos, Paul pegou o metro com ela novamente e puderam trocar mais algumas ideias. Combinaram de terem um encontro como antigamente, num restaurante legal e talvez pudessem sair para andar depois daquele jantar.

One Shots - Coleção Adam DriverOnde histórias criam vida. Descubra agora