- Odeio essa frase vindo de você. - Lucas falou.
- Se eu deixar o Mateus sozinho, peço uma pizza e deixo ele mexendo ou jogando no meu computador... tudo ok. O máximo que pode acontecer é ele pegar uns vírus.
- Ou a casa pegar fogo... - Lucas continuou sorrindo.
- Por que você tem que ser tão drámatico?
- Sou realista. - Lucas falou ajeitando os óculos.
Abri a porta do quarto e comecei a chamar pelo Mateus.
- Gabriel, presta atenção, você vai ficar sozinho, a gente pode chamar o pessoal aqui mesmo, assistimos um filme de terror e dormimos na sala...
- Não!
- Qual o seu problema? Quer tanto acampar assim.
- Você não sabe de nada... - gritei.
- Quer saber, nem quero ir mais...
- Lucas... eu, eu havia combinado de acampar com a minha mãe...
- Você tem que parar de achar que se contar sobre a sua mãe todos vão entender as coisas que você faz...
- É sério... - comecei a suar de nervoso esperando sua reação.
- Seu irmão tem sete anos... eu não acho que vai dar certo deixar ele sozinho. - Lucas tentou explicar.
- Então a gente leva ele. Simples!
Lucas fechou a porta do quarto voltando em minha direção.
- É mesmo?! E o que ele vai fazer lá com a gente? Esqueça seu plano de dormir com a Taís na mesma barraca...
- Quem disse que ele vai dormir na minha. - levantei indo em direção da porta novamente e indo no quarto ao lado de Mateus o chamando e voltando para o quarto logo em seguida.
Ele entrou no quarto assustado pensando que aprontaríamos com ele.
- Pode ficar sossegado, dessa vez eu não vou judiar de você... - sorri em sua direção mas fiquei sem resposta.
- O que vocês querem? - ele perguntou, olhando para Lucas.
- Que você prometa não contar nada, absolutamente nada sobre hoje e vamos deixar você acampar com a gente...
Ele arqueou as sobrancelhas, e logo respondeu.
- Mas eu não quero.
- Ah você quer sim. - peguei ele no colo e virando de ponta cabeça.
Ele se contorcia, tentando se soltando, gritava e ria ao mesmo tempo.
- Você promete?! - eu perguntava.
- Sim... sim. Eu vou! - ele berrou.
Quando o soltei ele saiu do quarto correndo.
- Viu só?! - falei para Lucas que estava esfregando a mão no rosto em sinal de decepção.
Esperei meu pai sair para pegar as mochilas e ir em direção a praça central, mas antes a pedidos de Lucas verifiquei se tudo estava fechado, se havia colocado comida para o Monstro, nosso cachorro que tinhamos antes mesmo de Mateus nascer, e se haviamos desligado todas as luzes. Após isso fomos caminhando até o local combinado, havíamos atrasado alguns minutos e assim que chegamos na praça, estava quase todos que haviamos convidados, exceto por Mauro. Eles estavam com mochilas pesadas e garrafinhas de água prontos para subir a montanha. André, Manu, Pedro, Rodrigo e Nanda...
Antes de chegar até eles, Lucas cochicou ao meu lado.
- Se contar a eles que está sozinho em casa, esqueça seu plano de acampar...