Levamos Mateus para perto da fogueira e comecei a sacudi-lo até ele acordar. Eu tentava perguntar o que aconteceu, mas ele parecia estar em choque.
- O que você viu? - Taís segurou sua mão, olhando em seu rosto.
Ele virou para ela quase como um robô e falou:
- Luzes! Luzes! ....
- Calma! - eu berrei para ele.
- Você só viu isso? - Taís agora segurava minha mão para eu não gritar mais.
- Sim. Eu me assustei, e sai correndo.
- Deve ser a polícia. - Rodrigo falou.
- Como assim? Polícia aqui em cima?
- Eles costumam vir aqui nas férias, eles dão muitas festas aqui em cima... - Rodrigo falou.
- Acho melhor esconder as bebidas por precaução. - Lucas falou, recolhendo as latinhas de bebidas vazias e jogando em um saco de lixo.
- Vamos dar uma olhada por onde você estava Mateus, e ver se é realmente policiais ou outras pessoas acampando. Quem vai comigo? - André falou, já olhando para Lucas.
- Eu vou ficar aqui com as garotas e meu irmão. - falei.
- Ok, então o resto vai comigo. - ele fez sinal com o dedo para eles acompanharem.
- Se for, me dá um toque no celular que escondo aqui ao redor. - falei para Lucas.
Após alguns minutos eles voltaram, e André começou a falar:
- Não tem nenhum carro ao redor. Olhamos no campo aberto mais a frente que seria possível ver qualquer carro que estivesse aqui em cima e nada. Tem certeza que você viu mesmo faróis de carro? - ele agachou olhando para Mateus.
- Não... - ele falou sem levantar o rosto.
- Você mentiu?! - eu falei indo em sua direção e ele continuou.
- A luz era muito forte pra ser de um carro.
- Vamos esquecer disso, e curtir o resto da noite. Já é quase meia-noite Gabriel, daqui a pouco seu irmão dorme, vamos levá-lo para sua barraca.
E meus planos realmente evaporaram. Agora Mateus não estava aceitando sair do meu lado, e dizia estar assustado.
Fiquei ao lado dele até ele adormecer. Saí para fora da barraca, e Taís veio em minha direção perguntando se ele já estava melhor. Todos estavam animados, exceto por Lucas que estava com sua cara escrita "eu te avisei". Sentei ao meu lugar anterior próximo a fogueira, e Rodrigo começou a falar:
- Enquanto você estava lá, nós discutiamos o que seu irmão poderia ter visto. Um voto para kamehameha, um para sol da meia-noite, e cinco votos para a luz da própria lanterna em seu rosto.
- Você votou nisso? - virei olhando para Taís, ela confirmou com a cabeça e pediu desculpas rindo.
Após isso o rádio de pilhas que haviamos levado para escutar musicas começou a emitir interferências, e a lanterna que estava acessa dentro da barraca com Mateus apagou. Ficamos intactos. Todas as árvores ao redor não faziam mais barulho, nem mesmo o vento.
- Eu... eu estou com medo. - Nanda falou se encolhendo.
- MEU DEUS! - Lucas gritou apontando em direção as árvores.
Uma luz muito forte vinha dessa mesma direção, e todos os barulhos de vento voltaram intensos. Todos ficamos de pé encarando aquela luz, que se levantava das árvores subindo para o céu. Era como se vários holofotes estivessem juntos. E podíamos ver a luz se aproximando aos poucos. Pedro que estava quieto a noite toda correu para sua mochila pegando seu celular, e começou a gravar. Ele gravou quase uns 40 segundos e começou a xingar o celular que parecia ter pifado.
A luz se intensificou fazendo todos fecharem os olhos e em questão de segundos sumiu.
A fogueira apagou no mesmo instante, e podiamos escutar alguma garota gritando, sem saber se era Nanda, Taís ou Manu.
Eu sentia meu corpo ao extremo, meus braços tremiam enquanto que eu apalpava o gramado tentando achar alguma lanterna e quase caí sem forças várias vezes.
- Fiquem calmos. - escutava a voz de Rodrigo.
- Ninguém sai do lugar ou vamos acabar nos machucando.
A noite nublada o que piorava a situação, não tinhamos nem a luz da lua para identificar alguma sombra.
- Vocês conseguem seguir minha voz certo? Venham até aqui.
Eu me levantei indo em direção de Rodrigo como um cego.
Podia escutar respirações ofegantes ao meu lado, mas não tinha forças para perguntar quem era.