CAPÍTULO V
Ele escapara. Christian entrou em seu apartamento na Quinta Avenida e fechou a porta atrás de si. Arranjos florais extravagantes apinhavam-se em torno do aparador de mogno e mármore do século dezoito. Aqueles eram novos.
Ele verificou rapidamente os envelopes que continham, relutante em abrir qualquer um. Podia adivinhar quem enviara os arranjos e imaginar o sentimento que expressavam. Não era que não apreciasse o apoio oferecido... era maravilhoso ter uma família tão afetuosa... mas não se sentia com vontade de celebrar.
Como era irônico que um grande dia como aquele o deixasse tão frio por dentro. Odiava o alvoroço todo. Não sabia como lidar com aquele tipo de sucesso.
O telefone começou a tocar, e ele moveu-se, mas parou ao ouvir o sr. Foley, seu mordomo e chef, atendendo. Ele, então, anotou uma mensagem, murmurando um agradecimento e desligando.
O telefone tornou a tocar logo em seguida, e a campainha do apartamento também.
Christian fechou os olhos, passou a mão pela fronte e desejou estar em qualquer outro lugar. A maioria das pessoas teria adorado a honra que a News Weekly lhe concedera naquele dia, mas era a última coisa que ele precisava. Não suportava ser o centro de tantas atenções. O assédio excessivo de agora lembrava-o demais de suas origens, de tudo que tivera de enfrentar quando fora um simples joão-ninguém.
A campainha tocou uma segunda vez.
Ele tinha de se livrar de toda aquela publicidade, tinha de fazer algo em breve. Mas primeiro, a porta.
Christian abriu-a e recebeu um buquê ainda mais exuberante, um grande vaso de cristal repleto de lírios e orquídeas. Não havia mais lugar na mesa de canto também apinhada e deixou-o no piso de mármore.
O sr. Foley apareceu junto à grande entrada em arco que conduzia ao amplo vestíbulo. Usava terno e gravata escura e camisa branca, bastante distinto e formal.
— Minhas congratulações, senhor.
Christian tentou sorrir enquanto meneava a cabeça em agradecimento, mas não conseguiu. Não se sentira tão solitário em muitos anos.
— Obrigado, sr. Foley.
O mordomo curvou-se de leve.
— Posso lhe buscar um drinque, senhor? Um champanhe para celebrar, talvez?
— Gim e tônica estarão bem.
— Pois não, senhor. E minhas congratulações mais uma vez.
Não, solitário não era a palavra certa, pensou Christian, corrigindo-se, enquanto olhava em torno de seu luxuoso vestíbulo, abarrotado de flores. Não era solitário. Sentia-se sozinho. Era uma diferença sutil, mas significativa.
Uma diferença que continuou a atormentá-lo horas depois quando se deitou em sua cama. Como fora que se tornara uma figura tão importante?
Não era um playboy despreocupado e sofisticado, nem chegava a ser o gênio de Wall Street que o aclamavam e odiava o culto à personalidade. O Christian Grey que a mídia glorificava nunca existira. Ele podia ver o que eles viam... escolas de prestígio, namoradas lindas, tremenda riqueza. Nos jornais, ele parecia bem. Num terno italiano, parecia ainda melhor. Mas bastava raspar um pouco o verniz da superfície, espiar por baixo dos diplomas, da vida social, das roupas caras, e ele era Christian O'Connell, o filho aterrorizado de Bruto Mike, um garoto tão desesperado para escapar da violência e pobreza de seu bairro que aceitava todos os tipos de empregos para ficar longe das ruas.
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A secretária de Christian Grey
FanfictionO sexy magnata de negócios Christian Grey acabou de ser votado "O Homem do Ano", pela revista News Weekly. Ansioso para escapar do centro das atenções da mídia, Christian decide que é tempo de arranjar uma esposa. Assim, o solteiro mais cobiçado de...