Os gêmeos

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Outubro chegou, e a cada dia eu me encaixava melhor na Sonserina, me tornava mais fria e calculista, as pessoas começavam a ter respeito por mim, ou até talvez um pouquinho de medo, mas medo as vezes é bom, eu sinceramente não me importo com que as pessoas sentem por mim, perdi o amor dos meus pais e isso foi muita coisa, acho que nunca vou me recuperar.
Winnie é uma ótima amiga, fico feliz por ela gostar de mim, ela não me julga, não me faz perguntas, pelo contrário, as vezes até age como eu, talvez para me mostrar que posso confiar nela.
A festa do dia das bruxas se aproximava e eu não estava nada ansiosa, para ser sincera, não gosto de festas, mas Winnie disse que vamos, é que vai ser muito legal, eu espero.

- Pelo amor de Deus Evana!- gritava Winnie, no dia da festa tentando me convencer a ir. - Nós só temos 11 anos, dá pra você se comportar como uma criança normal.

- Eu não tive uma vida normal...

- Eu sei, eu sei. Não foi isso que eu quis dizer, você tem que se divertir mais, rir, brincar, você é muito séria, chega a ser chata.- ela olhou para mim, tentando forçar um sorriso inocente. - Mas, só de vez em quando! Eu juro.

- Você que é animada demais.- eu disse rindo. - Eu vou na festa com você, e vou tentar me comportar como uma criança normal.

Nos arrumamos e seguimos para o salão principal, estava ricamente decorado, com morcegos vivos, abóboras, serpentinas laranja berrante espalhadas e penduradas nos archotes, todos se divertiam, riam e conversavam, especialmente a mesa da Grifinória, as vezes fico até satisfeita de não ter ido parar lá.
Sentamos e conversamos com alguns "colegas" de casa, que apreciavam meu modo de ser, falavam que eu fazia jus ao meu sangue puro, eu achava isso uma baboseira, mas tinha que me manter assim, o irmão de Winnie sentou conosco também, e alguns de seus amigos, em especial a incrivelmente insuportável Jessie Parkinson, que falava mais de si do que qualquer outra coisa.
Nos servimos de uma refeição maravilhosa, tinha de tudo um pouco, comemos até demais, e eu até me divertir, depois do jantar, vimos um pequeno alvoroço na mesa da Grifinória, e cabeças ruivas estavam no meio, todos caíram na gargalhada, até eu, que não sabia do motivo, rir um pouco, mas é claro que quase ninguém da mesa da Sonserina aprovou esse comportamento.

- Esses Weasley são uma vergonha para o sangue!- exclamou Jessie, com sua voz insuportável.

- Porque? Porque estão se divertindo.- disse o irmão de Winnie, Brian, ainda rindo.

- Eles gostam de chamar a atenção, são uns idiotas.

- Eu não acho.- revidou Brian.

- Não merecem o sangue que carregam, aqueles pais patéticos deles se juntaram com trouxas, são traidores do sangue.- ela levantou e me olhou com desprezo. - Os pais deles, e de mais alguns.- ela virou e saiu.

- Não liga para ela, as vezes o ego dela passa dos limites.- disse Brian simpático. - Bem, eu vou me deitar, boa noite.

Ficamos mais um pouco conversando, confesso que me desanimei um pouco com o comentário dela, mas esse não era o primeiro, e certamente não ia ser o último.
Finalmente decidimos ir deitar, enquanto íamos conversando, escutamos vozes vindas do corredor.

- Não seja idiota Fred, assim não vamos conseguir...- eram os gêmeos, que pararam de falar ao nos ver.

- E aí gatinhas, o que fazem perdidas por aqui.- disse um deles.

- Querem companhia até a sua sala comunal?- perguntou outro.

- Com certeza a companhia não seriam vocês.- respondi ríspida, mas no meu interior com vontade de rir.

- Olha Jorge, uma gatinha arisca.

- Sim Fred...

- Vocês podem nos dar licença, temos coisas mais importantes...

- Mas importante que nós? Assim eu fico magoado.- respondeu o que seria, talvez, o Fred.

- Vocês são patéticos.- Winnie falou e me puxou pelo braço.

- Querendo conversar...

- Ou talvez um ombro amigo...

- Sabem onde nos encontrar!

Seguimos pelos corredores.

- Eles são muito abusados, quando disseram que eram idiotas não imaginava o quanto... Do que você está rindo?- perguntou Winnie.

- Eu rindo? Não estou rindo...- fui pega de surpresa, não pensei que ela estivesse prestando atenção.

- Você estava sim, nem estava prestando atenção no que eu estava falando.

- Eu não, você deve estar imaginando coisas.- eu respondi nervosa, odeio ficar acuada.

- Você estava com cara de bo... Não me diga que gostou daqueles dois?- perguntou ela incrédula.

- Eu, o que? Não seja maluca, claro que eu não gostei deles, são uns idiotas, é que eles são, bem, digamos assim, um pouco engraçados.- eu respondi sem graça.

- Sei, engraçados, eu sei bem.- Winnie falou com um sorriso irônico.

- Não seja ridícula!- dei um empurrão nela, que começou a rir.

Trocamos nossas roupas e fomos direto para a cama, Winnie logo pegou no sono, eu fiquei pensando no que a Jessie falou no jantar, sobre meus pais serem traidores do sangue, claro que não eram, eles foram muito valentes, mas eu podia falar isso para ninguém, não sei como meu pensamento começou a vagar e de repente me vi pensando nos gêmeos, eles realmente eram engraçados.

- Não seja idiota Evana.- eu disse a mim mesma quando percebi que estava sorrindo.

Os dias seguiram normalmente, íamos chegando a dezembro, eu teria que voltar para casa, enfrentar minha avó, eu não sabia como ela ia me tratar, não nos vimos desde o começo das aulas, eu espero que não seja mais um fardo para ser carregado.

- Mamãe disse que vamos viajar no feriado.- Winnie falava. - O que você tem?

- Eu estou imaginando como vai ser com minha avó.

- Você acha que ela não vai aceitar o fato de você estar na Sonserina, não é?

- Eu não me importo com o que ela pensa, eu estou bem na Sonserina.- eu afirmei mais para mim mesmo, do que para ela.

- Sei, o bom é que vai passar um tempo com seu irmão.

- Sim, estou com muita saudade dele, mas não sei até quando vai durar nossa boa relação.- eu falei tristonha.

- Porque diz isso?

- Porque o Nev vai vir para Hogwarts daqui um tempo, e eu não sei se ele vai gostar do que eu sou.

- Nada vai abalar o amor de vocês, porque você diz isso.

- Ele é inocente, calmo, e eu, eu sou um poço de amargura, que só pensa em...

- Em quê Evana?- perguntou Winnie nervosa.

- Em nada Winnie, em nada.- eu disse tentando disfarçar. - Talvez eu não seja normal, como você mesma fala...

Evana Longbottom - Fantasmas do passadoOnde histórias criam vida. Descubra agora