Meu namorado e um zumbi 2

Como uma boa "FBI"

Acordo no dia seguinte, ainda com os mesmos pensamentos da noite passada, por um momento nossa conversa se tornar informal e reconfortante e em outro misteriosa e cheia  de lágrimas.

Me levanto olhando no relógio, eram 10 para as 6, um horário mostrando que dormi menos que 2 horas na última noite, desde minha  achegada aqui, não consigo mas ter um bom sono e isso já começava a me afetar.

Começo a me ajeitar tomando um longo banho e me arrumo, escovo os dentes. Meus cabelos estavam soltos num ondulado perfeito.

-Major? -Alguém grita do lado de fora e eu quase pulo de susto e saio de meus devaneios.

-Quem é ? -Ainda olhando meu reflexo no espelho  com o rosto acabado e começando a me lembrar de Ruan, o que me deixava pior ainda. Eu morria de saudades.

-Capitão Jessy senhora. -A pessoa do lado de fora diz e eu mando entrar. Estava de cabeça baixa apoiada na pia do banheiro, já estava uniformizada. Levanto os olhos e o vejo através do espelho.

-O que precisa? -Ele fica um tempo me olhando quieto sem falar nem demonstrar gestos.

-Se quiser, eu volto daqui a meia hora, não fará muita diferença. - Suspiro e me viro para ele.

-Pode falar tudo capitão, eu estou bem. - Ele suspira me mostrando a papelada.

-Esse é todo o extrato de drogas que entraram na Operação durante os 2 meses que você ficou fora, eu sei que iria querer isso não vindo do Dr. Black. -Ele dá de ombros. -E o Dr. Black enrolar você até que esquecesse. Ele não gosta que se metam no trabalho dele. -Suspiro sendo sarcástica..

-Ele precisa entender que somos uma equipe e que somos uma "peça de maquina" , que sem o outro não iremos funcionar. - Começo a olhar a papelada.

-Mesmo número de doses?

-20 cada, senhora, distribuídos pelos postos de vacinação de dentro da operação.

-Já fizeram reconhecimento aéreo hoje?

-Estamos esperando sua autorização.

-Chame o Dr. Black para mim, peça para estar em meu escritório em 10 minutos, e você também.

(...)

Caminho rapidamente até a tenda de Charlie, meu avô e paro na frente.

-Major rodrigues se apresentando. - Espero resposta e logo que a recebo entro. Meu avô estava anotando algumas coisas em um pequeno caderno, o que me despertou grande curiosidade.

-Bom dia minha neta. - Ele sorri e logo guarda o diário entre suas vestes e eu observo. - Algo aconteceu?

-Não... O que estava escrevendo? -O observo e ele sorri levantando devagar por conta da idade, para ele já avançada , se aproxima e pega minha mão e acaricia por um breve momento e olha em meus olhos.

-Eu já estou velho, e logo logo, você saberá tudo que eu escrevi nesse diário, eu te prometo isso.

-Voce não está doente, está? -Suspiro forte com os olhos ficando marejados. Não tinha mais ninguém no mundo a não ser ele, éramos os únicos um para o outro.

-Uma hora você saberá de tudo minha querida. - Ele me puxa para um abraço, e eu retribuo da mesma forma. Me sentia tão cansada de tudo, me envolvi tanto nessa operação que talvez tenha me esquecido do meu avô... Sorrio com aquele abraço e não sentia vontade nenhuma de sair dele.

-Eu te amo tanto.. - Já não me importava o quanto eu estava ali, o meu compromisso no escritório com o Dr. Black, só queria estar ali. 

-Eu também minha pequena. - Ele sorri e me solta me olhando.

-Sua mãe estaria orgulhosa.... Está tão determinada quanto ela. - Ele sorri e beija minha testa e me solta.

-é... -Sorrio me sentindo melhor lembrando da mamãe.

-Então, o que houve? -Saio dos longos devaneios voltando a realidade e balanço a cabeça dispersando todos os pensamentos.

-Tenho um encontro com Dr. Black agora, iremos falar sobre as drogas, você quer ir?

-Claro, um segundo..

(...)

-Bom dia Dr. Black. -Entro no escritório e logo o cumprimento e me dirijo a minha cadeira. Ao meu lado estavam o brigadeiro Charlie e o capitão Jessie , prontos a escrever qualquer coisa que achassem fora do comum, discretamente.

-Então, o que precisa? -Ele age naturalmente e eu sorrio brevemente ligando o computador.

-Trouxe o que eu te pedi?  A papelada dos últimos dois meses desde a construção da muralha e da minha viagem? - Observando o laptop inicializar.

-Sim senhora. -Ele mexe em sua pasta e pega umas folha grampeadas umas às outras. -Aqui está, tudo que entrou e saiu, com minha autorização.

-Bom. - Pego e começo a olhar. Suspiro e mexo no laptop.

-Algo errado?

-Não, só vou deixar escaneado, não sou boa com papéis.  -Sorrio levemente e sinto sua feição brava.  Abro o arquivo que Jessy me mandou, o original, e comparo um com o outro discretamente. Os números estavam todos trocados. Ele tinha diminuído os números, estava mentindo para altas autoridades e talvez botando milhares de vidas em risco.

Faço um gesto disfarçado para Charlie observar os números e ele anota algo.

-Tudo certo Doutor Black -Sua feição se alivia e eu o olho. - Está tudo bem?

-Só não dormi direito hoje, eu me sinto cansado.

-Tire o dia de folga, eu resolvo tudo em suas questões, fique tranquilo. -O desafio e ele começa a ficar meio avermelhado, com certeza não escondia apenas as drogas excessivas mandadas para dentro da operação, tinham outras peças nesse quebra-cabeça.

-Tudo bem senhora, eu sou assim mesmo, dias que não durmo e dias que durmo. 

-Se assim preferir... -Assino o recebimento da papelada junto à todos os números e um "obs" de anexo.    -Só preciso que assine aqui, ara comprovação de que você me entregou.   -Dou o papel a ele junto de uma caneta.

-Mas já não estava tudo salvo no computador?  -Ele gaguejava ficando vermelho e suava dessa vez.  O capitão Jessy começa a escrever discretamente.

-Siga as regras Doutor, não quero problemas. -Olho encarando firmemente e ele pega a caneta e assina. - Ótimo, tudo certo. -Ele continua olhando a papelada.

-Que anexo seria esse? -Ele aponta o dedo e eu olho pro capitão por um breve momento.

-Chamaremos outros médicos para fazer a checagem. -Jessy responde e Black sorri aliviado.

-Tudo bem. -Ele devolve o papel a nós e eu o observo calada.

-Era só isso, já pode ir. -Ele se levanta caminhando glorioso. Me viro para os dois. -Temos que avisar a embaixada agora!.