O Receituário

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Chego no aeroporto da cidade perto da operação e me sento esperando pelo contato do dia passado. Estava junto a dois soldados armados e o aeroporto estava quase vazio. Toda a cidade havia sido evacuada, existiam apenas alguns poucos moradores que se sentiam protegidos graças à muralha, então preferiram ficar.

Logo ouço um barulho do lado de fora e vejo um jatinho militar pousando.

-Finalmente. - Suspiro me levantando e caminho até o portão de desembarque. Logo um homem alto aparece se aproximando de mim e eu sorrio por um breve momento


(...)

-Tem algo muito errado por aqui Charlie. -Entro na tenda e ele entra logo atrás.

-Tá, mas você sempre conseguiu resolver tudo, por que me chamou aqui? -Ele me olha observando cada passo meu indo ao escritório.

-Pois eu preciso de alguém de confiança ao meu lado caso eu necessite me ausentar por algum tempo, foi por isso Charlie, que eu lhe chamei, você aceita? -Ele me olhava por um tempo observando.

-Claro Major, eu sempre te ajudo..

-Que bom. -Sorrio e suspiro ao lembrar de tudo que aconteceu a um tempo atrás. Saio dos horríveis devaneios e sigo até minha mesa e pego uma papelada.

-Charlie, me tire uma dúvida aqui.. -Ele vem até mim quando Dr. Black, o médico responsável pelas drogas entra na tenda.

-Estou incomodando algo Major??

-Não, apenas se apresente quando for entrar, por favor. - Reviro os olhos pra ele. - Ele sorri como num "desculpe" e se aproxima de Charlie.

-E você é? -Charlie o olha com desgosto por seu modo rude de falar.

-Brigadeiro Charlie, exército americano Doutor. -Ao falar "doutor" seu tom fica irônico e eu pigarreio para os dois.

-Parem, o que você precisa Doutor? -Ele para de encarar Charlie e me olha.

-Precisamos de autorização para mandar o lote que acabou não sendo enviado ontem. -Me irrito batendo na mesa e começo a falar.

-Não temos tanto sobreviventes dentro da Operação doutor, até que eu faça uma pesquisa sobre o quanto ainda temos lá dentro, nada entra e nem sai, Entendido? -Grito séria e ríspida para ele.

Logo ele suspira e abaixa a cabeça. O olho me sentando novamente na cadeira do escritório no qual me levantara por exaltação.

-Tem mais algo a pedir? -Falo olhando ele querendo que ele criasse asas e voasse para bem longe de mim.

-Eu apenas estou observando seu papo Major. -Ele levanta o rosto na frase.

-Olha só. ou você fala o que quer ou já pode sair daqui. Bora, vamos, se decida.

-Sim senhora. -Ele responde de maneira nada inteligente e sai da tenda batendo continência em desrespeito. Reviro os olhos. " preciso de providências rapidamente".


(...)

-Jessy.... -Estava atrás dele e já era de madrugada, soldados estavam nos postes de observação e alguns protegendo o grande portão. Não havia ninguém perto de nós.

-Major... - Ele faz continência e eu entro em sua tenda assim que ele me vê. -Precisa de algo?

-Preciso... -Me sento numa cadeira e observo ele. Estava com uma blusa preta e com uma samba-canção. Estava realmente lindo.

-Sim Major, estou ouvindo.. - Ele pega uma cadeira e põe na minha frente e se senta.

-O que está havendo? O senhor anda tão intimidado desde meu retorno à base. -Ele me olha e logo começa a mexer em seu anel preso em seu dedo anelar. Parecia querer desconversar, mas meus olhos continuavam em interrogação total.

-Minha senhora, não é nada. ... Apenas problemas pessoais, nada com o que se preocupar. -Suspiro vendo seus gestos rápidos e fala gaguejante, ele estava mentindo. Me aproximo mais e seguro em sua mão e começo a observar o anel.

-é sobre este anel, o motivo de tal nervosismo e tristeza? -Ele me olha sério não querendo demonstrar sentimentos e por algum momento ainda conseguia se segurar. Suspiro e o observo durante algum tempo. -O que houve?

-Minha namorada ficou lá dentro, não consegui salvá-la.  - Engulo seco me lembrando de tudo que vivi com ruan.

-Quando esse lugar ainda era apenas um quartel, eu tinha um amigo e com o tempo e com as desavenças com o mundo nos tornamos mais do que só amigos. - Sorrio brevemente mas lágrimas começavam a cair sem que eu quisesse e não controlava. - e no dia da catástrofe... -Contava começando a soluçar. -Eu não consegui ajuda-lo, ele estava se transformando, então entrei no avião e fui embora.... -Suspiro secando as lágrimas e ele me abraça ternamente. Um abraço de amigos, não apenas soldados.

-Nossa, foi tão duro quanto o meu. - Ele acariciava meu cabelo e eu permanecia a secar as lágrimas que insistiam em cair. - Ele era oficial?

-2° tenente Ruan. -Sorrio brevemente e logo ele me solta me olhando de olhos arregalados. -Que foi? - O olho confusa.

-Nada, estou cansado, melhor você ir... agora. - Ele se levanta rápido e deita na cama e desliga a luz me deixando no escuro. Suspiro e saio da tenda. "Será que ele sabia de algo que eu não sabia?"


Meu namorado e um zumbi 2Onde histórias criam vida. Descubra agora