A festa

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Lucy

Observava com atenção Rachel estacionar o Dodge Durango 2001 na estrada deserta, nublada e fechada nas laterais por árvores.
-Pois é. Chegamos-disse ela removendo a chave da ignição.
Seus cabelos estavam soltos (apenas com um grampo prendendo uma mecha de lado), usava um short rasgadinho, uma blusa vermelha xadrez e botas sem salto de cano baixo marrons.
-Tem certeza que é aqui?-indaguei com desconfiança.
-Jaremy disse que seria na floresta a leste da cidade-ela apontou para um meio caminho entre a mata-É só seguirmos a trilha e pronto.
Após remover o cinto de segurança, desceu do veículo e eu a segui com a mesma animação que eu teria em seguir uma velhinha arrogante.
-Você então, de repente,passou a gostar dessas festinhas?-falei quebrando o silêncio angustiante que pairava entre nós.
-Talvez sim-ela me confrontou com o olhar-Por quê? Não poderia?
Ergui as mãos em rendenção com seu tom de voz:
-Calminha, foi só uma pergunta aleatória!
Ela voltou a encarar o caminho escuro a sua frente.
-Não, não foi.-resmungou com impaciência.
Sim, não tinha sido.
Algo dentro de mim gritava dizendo que eu precisava contar a minha irmã o acontecido de mais cedo;alertava que algo estava errado e principalmente...
Que não deveríamos estar ali.
-Vocé está carregando esse semblante de preocupação desde hoje de manhã-comentou Rachel com suspeita-O que houve para ter ficado assim?
Rachel era tudo que eu tinha na vida, ela era preciosa e importante para mim assim como eu era para ela. Nossa ligação era bem mais forte do que a maioria das outras irmãs e não só por sermos gêmeas...
Simplesmente conseguíamos nos entender e sentir o que a outra sentia.
Então tomei coragem de falar e, dessa forma, reviver todos os segundos na presença daquela "criança" aparentemente inocente na estrada:
-Rachel, eu vi uma daquelas coisas outra vez.
Ela pareceu soltar um pequeno suspiro de alívio; com certeza já era algo tão rotineiro que não deveria ser mais motivo de preocupação.
-Onde?-indagou.
-Estava fazendo minha corrida matinal e então o vi numa estrada deserta...-me interrompi lembrando da estrada que havíamos deixado nosso carro azul-Bem parecida com aquela-apontei com o polegar sobre o ombro.
-Então você só teve mais uma alucinação, Lucy-tentou me confortar-Não precisa ficar dessa forma.
Balançei a cabeça passando a língua pelos lábios rececados.
-Não, Rachel, foi diferente dessa vez. Aquela coisa... A-aquela coisa...-merda! Para de gaguejar!
Rachel pôs as mãos no meu rosto e obrigou-me a respirar devagar.
-Ei, fica calma-disse encarando os meus olhos-Tá tudo bem. Quantas vezes você já não viu esse tipo de coisa? Quantas vezes eu já não tive pesadelos com essas coisas?-levantei minhas pálpebras firmando o olhar no seu-E nunca aconteceu absolutamente nada, porque simplesmente tudo isso não existe. Quanto mais cedo nos conformarmos melhor vai ser.
Sim.
Ultimamente eu andava me focando demais no significado dos símbolos que Rachel desenhava e das súbitas aparições para mim. Tudo isso já estava me controlando assumindo uma posição dentro de mim que me impedia até mesmo de viver.
Caramba! Eu tinha passado 22 anos da minha vida bloqueando todos ao meu redor com medo de enxergarem a aberração que eu era.
Quando deveria ter sido o oposto a se fazer. Eu não era aquela garota frágil e temeroza que se escondia das pessoas.
Isso não existe. Está só na sua cabeça. Isso não existe.
Quando abri a boca para dizer, não sabendo ao certo o quê, ouvimos um grito eufórico à frente.
Olhamos para a direção do barulho e enxergamos uma luz alaranjada a alguns passos a diante. A medida que íamos nos aproximando a música e as risadas das pessoas só aumentavam mais.
Então depois de algumas árvores,chegamos no núcleo da festa; havia uma enorme fogueira iluminando tudo ao seu redor, um lago em que alguns garotos davam cambalhotas, todo tipo de bebida, comidas gordurosas tentadoras e música eletrônica alta.
Rachel e eu nos entreolhamos e compartilhamos um sorriso.
-Oh, meu Deus! Se não são as gêmeas mais sexys de toda Binghamton!-exclamou Jaremy se aproximando, um tanto cambaleante.
-A quanto tempo tá aqui?-perguntou minha irmã rindo de sua situação.
-Desde cedo-respondeu nos olhando esquisitamente engraçado.
-Isso explica o seu estado de bêbado-disse fitando sua camisa manchada de cerveja.
Jaremy apenas deu de ombros passando a secar Rachel:
-Uau,garota! Não sabe o quanto esse shortinho está mexendo com meus sentidos agora.
-Acho que o que está mexendo com seus sentidos é a quantidade de alcoól no seu cérebro-Rachel deu uma leve palmada na testa do garoto-Pega mais leve, Jaremy.
Naquele instante um garoto moreno vestido numa regata cinza passou pela gente me encarando dos pés a cabeça sem nenhuma vergonha.
Porém, eu me encolhi constrangida.
-Uau!-riu Rachel tirando proveito da situação-Aquele garoto quase te despiu com o olhar.
Revirei os olhos tendo convicta certeza da coloração nas minhas bochechas.
-Ei, seu palhaço! Essa garota tem dono, tá?!-gritou Jaremy para as costas do moreno, o qual nem era mais possível de se ver.
-Como é?!-ergui uma sobrancelha para Jaremy o fuzilando.
Ele me lançou um olhar cafageste que não combinava em nada com seu rosto infantil.
-Só estou marcando território, baby-e veio se aproximando com uma dancinha rídicula com a intenção de me abraçar.
Porém, quando viu meu olhar assassino mudou mais que rapidamente de direção, pondo um dos braços ao redor dos ombros de Rachel.
-Vamos lá, Rachel! A noite é uma criança,baby!-e a guiou para o interior da festa.
Observei sorrindo e dando um tchauzinho para o babaca que se afastava com a minha irmã.
Você não vai ficar parada aqui,Lucy. Não vai mesmo.
Decidi então fazer o que se fazia em festas:
Me divertir.

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Dean

Assim que Castiel nos teletransportou do Bunker para aquela floresta, não conseguia tirar os olhos das universitárias que passavam pela gente de um lado para o outro com suas mini-saias.
-Cara, dá pra se concentrar na missão?-disse Sam entrando, infelizmente,no meu campo de visão.
-É o quê?-perguntei fitando sua cara de mal humorado.-Ah, Sammy, olha só ao seu redor?-apontei para todos os elementos que me atraiam ali(principalmente as mulheres).
-Estou olhando-ele pôs as mãos nos bolsos de seu cacaso verde.
Passei um dos braços sobre o seu ombro- com um pouco de dificuldade- e sussurrei:
-Lembro quando era eu no lugar deles.
-Mas, Dean, você nunca foi para a universidade-falou ele com um sorriso irônico.
Revirei os olhos.
-Mas tu é chato, Samuel! Dá pra usar a imaginação, né, irmão?
Castiel se aproximou de nós depois de assustar-se com o assédio de duas loiraças.
Sorri com malícia.
-Ahê, Castiel! Estava arrastando as asinhas para aquelas garotas, não é?-ri com a minha própria piada, porém, Castiel continuou a me encarar sério.
Então me voltei para Sam, ainda sorrindo:
-Entendeu o trocadilho? Asas... Anjo...-no entanto Sam tinha a mesma expressão de Castiel-Certo, parei.
-Quanto mais cedo encontrarmos Lucy e Rachel Mitchells mais cedo voltaremos para o Bunker, meninos.
-Está bem-concordei assumindo posição de seriedade.
Sam podia dizer quantas vezes quisesse que eu não a tinha mas eu sempre fazia meu trabalho bem feito.
-Eu acho que o melhor seria nos separarmos-sugeriu Sam.
Dei uma olhada ao redor e disse:
-Vamos nos separar e independente de encontrarmos as garotas ou não, nos encontraremos em 30 minutos enfrente a essa fogueira-uma fogueira bem alta por sinal.
Impossível de não vê-la a quilômetros de distância.
Ambos concordaram e antes que eu fizesse uma última pergunta à Cas... ele já havia desaparecido.
Dei de ombros:
-Acha que o Crowley já está metido nessa história?-indaguei ao meu irmão.
-Se ainda não está, estará em breve-respondeu ele calculista.
Não podíamos deixar que aquelas garotas, sabe-se lá quem eram e por qual razão de tinham tanta importância, ficassem a mercê do Rei do Inferno.
Observei Sam segurar sua bolsa mais forte no ombro-onde estava armas que provavelmente seria de grande valia-e se afastar.
Eu fiz o mesmo indo em direção a escuridão da floresta.
-Vamos acabar logo com isso.

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O que estão achando da história? Se estiverem gostando a estrelinha é bem-vinda. U.u

O Segredo Das Irmãs Mitchells.Onde histórias criam vida. Descubra agora