O Segredo Das Irmãs Mitchells.

"Sem convites?"

Lucy

Quando cheguei em casa ainda atordoada, corri para o banheiro para ficar em baixo d'água fria por pelo menos meia hora.
Isso está apenas na sua cabeça, falei para mim mesma desligando o chuveiro e me enrolando na toalha.
Mas eu sabia, de alguma forma,que não era. Tinha um sentimento de angustia corroendo meu coração.
Pela primeira vez prezei pela minha segurança e da minha irmã a respeito daquelas alucinações...
Deus, que não passem de alucinações!
Sequei meus cabelos castanhos e longos com o secador, depois escolhi um cardigã azul e uma calça jeans.
Ouvi um barulho através da parede e então me encaminhei para o corredor,batendo na porta do quarto de Rachel bem ao lado do meu.
Quando não recebi resposta, entrei descaradamente em sua privacidade e me encostei no batente da porta:
-Rache-chamei vendo-a completamente absorvida no quê que estivesse fazendo na sua escrivaninha.
Ela ergueu os olhos na minha direção com um lápis preso entre os lábios.
-Ah,oi-disse com desdém após retirar o objeto da boca e se encaminhar até a parede, provocando o mesmo som que eu havia escutado antes,quando pregou uma folha na mesma.
-O que você tá fazendo?-perguntei adentrando no cômodo.
-Tive um sonho ontem a noite com um objeto interessante... resolvi desenhá-lo antes que esquecesse.
Talvez o melhor seria esquecer...
Fui sentar na sua cama observando-a andar de um lado para o outro.
Rachel, por algum motivo, passou a desenhar a partir dos 14 anos os sonhos que tinha e guardá-los ou cola-los na parede do seu quarto. Tio Nick nunca gostou daquilo mas aceitou como uma forma de terapia da garota.
A maioria dos desenhos eram símbolos mas também haviam infinidades de criaturas deformadas;olhos vermelhos; sangue e asas.
Passei os olhos pelo local que já mal dava para se ver a tinta lilás descamada que cobria as paredes.
Desviei o olhar sentindo um calafrio na espinha.
-Você já tomou café?-perguntei querendo urgentemente me distrair.
-Sim e fiz umas panquecas,se você quiser...
Ergui as sobrancelhas.
-Uau! Você madrugou, menina?-comentei vendo-a sorrir.
-Mais ou menos isso.
Queria conversar com ela a respeito da minha recente piração de mais cedo mas estava receosa em ouvir um "você realmente pirou de vez" de sua boca.
-Argh!-resmungou Rachel com frustração arrancando o papel da parede depois de uma longa avaliada.
Cansei de conter minha curiosidade e me aproximei da garota de cabelos curtos,loiros e chacheados- E que tinha o mesmo rosto que o meu.
-O que há de errado?
Ela me mostrou a figura no papel que havia feito.
-Sonhei com isso e estou tentando a horas desenhá-lo mas sei que está faltando algo, um detalhe que estou deixando escapar...-confessou com um suspiro.
Era uma arma,porém se diferenciava das demais e não cheguei a essa conclusão apenas por estar vendo-a mas sim...
Porque eu sentia!
Aquela sensação era a mesma das vezes que eu tinha-sem saber como-reconhecido alguns dos símbolos pregados naquelas paredes.
Sem perceber tomei a folha das mãos de minha irmã e acrescentei uma estrela na lateral de onde se segurava.
-É!!-gritou Rachel com euforia ao meu lado me arrancando do torpor-É exatamente o que faltava...-ela então diminuiu o sorriso e me olhou nos olhos castanhos-Como sabia?
Boa pergunta... Como raios eu sabia?!
-Não sei-respondi quase como um sussurro.
Rachel me analisou por um tempo e colou a folha na parede outra vez, antes de jogar a mochila nas costas e dizer:
-Vem. Vamos para a escola.

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Rachel

Mal havia prestado atenção na aula de biologia, minha cabeça ainda doía após aquele pesadelo.
O Homem Misterioso que me dava um tiro nunca havia me atacado antes, nem mesmo falado comigo!(Era como se eu fosse apenas o narrador observador de sua história).
Explicando melhor.. Ele começou a fazer parte dos meus sonhos macabros a partir dos meu 15/16 anos, não sabia a razão mas desde então ele sempre se fazia presente nas minhas noites turbulentas.
Já havia sonhado com ele matando aberrações como aquela que me perseguiu na noite passada, também já havia visto ele se transformando em uma delas enquanto uma marca ardia fortemente em seu braço.(A qual até mesmo eu tinha desenhado).
Enfim, as vezes me perguntava se aquele homem bonito de olhar assassino existia mesmo e se existia..Sonharia comigo também?
-Rachel!-chamou Jaremy no pé do meu ouvido me dispertando para a realidade.
Ergui os olhos para ele e minha irmã que me observavam com atenção.
Estávamos na nossa mesa do refeitório da universidade, até então falávamos sobre banalidades mas pela forma que Jaremy me encarava o rumo da conversa havia mudado de direção.
-Desculpa eu não ouvi-disse esperando que ele repetisse.
E foi o que fez:
-Estava perguntando se você vai para a festa do Tom.
Minha cabeça girou ao ouvir aquele nome. Automaticamente olhei para a mesa a poucos metros da nossa para um garoto vestido no casaco do time de futebol da escola.
Thomas Walandy(mais conhecido como Tom) era o veterano mais popular da Binghamton e mais bonito também. Confesso que babava por ele secretamente desde a minha entrada ali.
Virei-me bem a tempo de ver minha irmã tentar esconder um sorriso malicioso do rosto.
Talvez não tão secreto assim...
Mas que se dane! Tom nunca se interessaria por uma garota sem graça como eu,principalmente se desconfiasse o quão eu era esquisita.
-Jaremy,entenda uma coisa-falei prendendo meus cabelos em um elástico na nuca.-Pertencemos àquele grupo que não são convidados para festas desse tipo, só para aquelas pequenas reuniões em bibliotecas-sorri lhe lançando uma piscadela-Lembrou?
-Baby,tenho isso em mente sempre-ele me devolveu a piscadela.
Jaremy Hall era uma das poucas pessoas que nós tínhamos como amigo dentro e fora da escola. Seus olhos eram azuis e tinha cabelos loiro acizentados;e também carregava uma carinha fofa de bebê.
O que ele odiava,a propósito!
-Não fomos convidadas-falei mordendo minha maçã.
Ele revirou os olhos:
-Se for para levar nesse sentido,ninguém foi.Bem, o que eu quero dizer exatamente é que...É uma festa liberada pra geral.
-Sem convites?-questionei um tanto descrente.
-Tem certeza que os nerds não serão lançados na fogueira à meia-noite como uma espécie de culto?-indagou Lucy sarcástica.
-Rá-rá...Muito engraçado, Lúcia-ironizou ele-Mas de qualquer forma podemos voltar à meia-noite.-deu de ombros pensando na possibilidade.
-Rachel e eu somos o tipo de garota que gosta de festas privadas;aquelas em casa,sozinhas, com um balde de pipoca e madrugando na Netflix.
Jaremy arqueou as sobrancelhas e disse:
-Uau. Depois o antisocial deplorável sou eu.
-Mas você ainda é. E bem idiota também...
Coloquei meu corpo em piloto automático como se ainda estivesse participando da discussão amigável que estava rolando na minha mesa.
As irmãs Mitchells não costumavam participar de festas de escola. Mesmo que dissessemos que não era nossa praia,não era a pura verdade.
Sempre fomos excluídas do restante da galera, às vezes por vontade deles e na maior parte por desejo nosso.
Era difícil ter laços tão fortes com pessoas das quais você não podia se abrir.
Mas ali estava uma oportunidade única para agir como uma universitária normal;dançar na floresta até amanhecer, beber até cair e sentir ressaca no dia seguinte como qualquer outra pessoa.
Eu queria experimentar aquilo...
E eu iria.
-Querem saber? Que se foda, nós vamos na porra dessa festa!-falei parando estântaneamente a conversa entre Jaremy e Lucy.
Os quais me olharam por um instante assustados. Mas Jaremy se recuperou rapidamente:
-Essa é minha garota!!
-Você não está falando sério-Lucy revirou os olhos anti a minha declaração.
-Lucy,quer mesmo passar a vida inteira como um fungo repulsivo?-insisti.
-É bem melhor do que me sentir como um parasita-ela apontou para algumas pessoas sentadas na mesa dos populares,os quais nem ao menos se davam ao luxo de lhes dirigir mais que duas palavras arrogantes.
-Não estou dizendo para grudarmos nos veteranos e ganharmos uma falsa popularidade-esclareci-Só o que eu estou dizendo é para irmos a uma festa e nos divertirmos!-sorri com um olhar esperançoso.
-Deixa de ser a gêmea chata,Lúcia!-resmungou Jaremy também fazendo suas apelações.
Lucy mordeu o lábio e logo após bufou.
-Tudo bem! Nós vamos!-cedeu ela finalmente.
-É isso aí! A gente se vê lá-disse Jaremy com satisfação.
Fiquei aliviada e ao mesmo tempo temerosa.
Uau...
Era a nossa primeira festa como universitárias!

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Uai...Rachel ficou bem louca kkkkk.
Espero que estejam gostando!
Bjs♡