marry you 2 • Thiam version • (hiatus)

três

[três] "mãe?"

//

Pov. Liam

"Mãe?" Chamo, logo sendo atingida por uma dor de cabeça horrível.

Elevo o meu tronco, procurando pela minha progenitora, mas acabo por me deixar voltar a cair para trás.

"Mãe?!" Volto a chamar, um pouco mais alto.

Desta vez, a minha mãe aparece à porta do meu quarto, apenas com metade do cabelo penteado, e com uma escova numa das mãos.

"Como é que eu vim aqui parar?" Questiono, enterrando-me mais um pouco na almofada.

"Huh.." Ela hesita um pouco, parecendo estar a lembrar-se de algo. "O Kyle trouxe-te, querido."

"O QUÊ?!" O meu tronco é rápido a voltar a levantar-se e eu já nem quero saber da dor de cabeça. "Ele não entrou, pois não?"

Por favor, por favor, que eu não tenha feito nada com o Kyle. É a única coisa que te peço, meu Deus. O Theo foi o meu primeiro e o meu único e eu não quero que isso mude por nada.

"Ele só te trouxe à porta e depois foi embora."

Solto um suspiro de alívio e volto a deixar-me cair na cama.

"Já se esqueceu onde vamos hoje?" A mulher que me criou caminha até mim, começando a pentear o lado despenteado do seu cabelo.

"Oh céus... A viagem." Gemo. "De quanto tempo é? Vamos ficar em casa dos avós, certo?"

"De cerca de nove horas, querido. Vai ficar doendo o seu rabo, mas vai valer a pena." Um sorriso nasce nos seus lábios.

O que é que ela anda tramando?

"Quando partimos?" Pergunto e estico-me até ao meu celular, para ver as horas.

"Às oito da noite; se veste e prepara o que te falta preparar." As suas mãos acabam por ir parar ao meu cabelo. "O seu cabelo está uma desgraça, devia tê-lo deixado cor-de-rosa."

*

*

*

"Pensava que a avó morava no Brasil." Admito, apertando o meu casaco. "O Brasil não é suposto ser quente?"

O som da minha mala a bater no chão já estava me irritando e tinha de quebrar esse silêncio.

"Huh... Sim, querido." O meu pai murmura, atrapalhado.

"O Brasil também está sentindo os efeitos do aquecimento global, é isso." É a vez de a minha mãe falar, atrapalhada também.

"Céus, devem estar graus negativos."

"Estamos quase no Natal... É normal estar frio." Ela retorque.

"Mas não é suposto ser verão no Brasil, agora?" Resmungo. Eu sou ruim de geografia, mas não sou assim tão ruim, eu sei que o Brasil é um país quente!

A minha progenitora geme, dizendo ao meu pai para me entreter. Acabamos a contar quantas árvores encontramos pelo caminho, até ao local onde alugámos um carro de sete lugares. Resmunguei com eles que não era preciso um carro tão grande, mas eles apenas me mandaram calar.

Não demoramos mais de quinze minutos até chegarmos ao local onde a minha mãe me disse que iríamos ficar essas duas semanas. É uma casa não muito grande e, por sinal, bem acolhedora. Tijolos vermelhos constituem as suas paredes e um telhado da mesma cor completa a pequena habitação.

Saio do carro, me apressando para ir buscar a minha mala ao porta-malas, e logo corro para a entrada. Espero, pacientemente, que a minha mãe me abra a porta e, assim que ela o faz, entro, imediatamente, querendo conhecer a casa e estar com os meus avós. (Continuo a achar que a minha mãe anda tramando alguma... Porque é que ela abriu a porta com chaves se vamos ficar em casa dos seus pais? Não era suposto eles estarem em casa?)

Os meus olhos inspecionam o compartimento e logo se percebo que a entrada vai logo dar à sala. Vários sofás vermelhos dispostos em frente a uma lareira tomam a minha atenção. Uma televisão descansa por cima da lareira e um relógio está mesmo ao seu lado. (Uma lareira?! Eu tenho a certeza absoluta que isso não é o Brasil!) Itens de cozinha estão dispostos no outro lado da divisão, me fazendo perceber que uma cozinha também pertencia ao compartimento.

Vejamos... O que temos aqui?

Uma foto do Theo em criança, uma foto da mãe do Theo e de um senhor bem parecido com ele, uma foto da Malia, um desenho provavelmente feito por uma criança, um Theo nu perguntando à mãe onde estão as toalhas, mais fotos... ESPEREM!

"Liam?" Uma voz bem familiar chama, confusa.

"Theo?" A minha testa enruga-se, por vontade própria.

E o barulho da porta a ser fechada ouve-se. Me viro, achando que iria encontrar a minha mãe, mas apenas dou de caras com a porta. Me apresso a correr até à mesma, tentando abri-la... Trancada.

Ótimo.