Um Amor Inesperado

Capítulo 14 - Revelações parte 2

Rodrigo

Faz tanto tempo que não vejo Maria Clara, que hoje eu pensei em fazer uma surpresa. Talvez oque ela me falou a três anos atrás já não tenha importância, quando ela disse que nunca mais queria me ver. Certamente ela disse aquilo em um momento de raiva, hoje eu acordei decidido a vê-la novamente. E é isso q eu vou fazer.
Saio de casa e vou até o meu antigo bairro, quando chego na porta da casa dela fico nervoso, bato no portão e logo a tia Marta vem até mim: - Diguinhooo, que surpresa meu filho, quanto tempo sem nos encontrarmos você sumiu, por onde esteve? Desde que seus pais se mudaram perdemos contato. Vem entra, Sebastião e Maria Clara ficarão muito felizes em ver você.
Tia Marta me pegou pelo braço e me levou até a cozinha, me ofereceu um lanche e meu estômago roncou, há dias eu não me alimento direito.
Ficamos conversando um pouco até tio Sebastião chegar, eu estava nervoso, Maria Clara não chegava.
Alguns minutos depois ouvimos vozes e risos, era ela, mas não estava sozinha, Heitor estava com ela.Quando ela me viu ficou branca feito um papel, Heitor teve a mesma reação. O silêncio pairou no ar até tia Marta dizer: - Cacau, olha quem reapareceu. Diguinho veio nos visitar de surpresa.
Enquanto tia Marta falava, Maria Clara me encarava, vi em seus olhos a mesma decepção de três anos atrás. Ah se ela soubesse que eu também me decepcionei comigo mesmo.

Maria Clara

Depois que eu desabafei com Heitor oque aconteceu no meu passado, me senti mais leve, guardar isso me fazia mal.
Heitor me disse que eu tinha que contar isso aos meus pais também. Mas agora não quero pensar nisso. Pelo menos não agora.
Dias depois que eu revelei tudo a Heitor ele me chamou pra dar uma volta pela cidade. Ele veio me buscar em casa e saímos, meus pais estavam apaixonados por ele também. Mamãe sempre me perguntava sobre ele e quando Heitor vinha aqui em casa papai e mamãe perguntavam se nós estávamos namorando. Não era bem isso, um namoro. Mas nós sempre estávamos juntos, a gente se curtia, era bom estar na companhia dele.
Depois que nós voltamos para minha casa, sinto uma sensação estranha, como se algo fosse acontecer.
Heitor percebe que estou travada na porta de casa e pergunta:- está tudo bem meu anjo? Você parou de repente.
- Não sei meu anjo, uma sensação estranha. - respondo
- Calma meu anjo, talvez seja porque esteja nervosa por falar nesse assunto outra vez- ele disse
- É você tem razão meu anjo. Talvez seja isso mesmo, Vamos entrar então? - respondi.
Vamos princesa- Ele respondeu
Entramos em casa rindo e conversando banalidades. Quando chegamos a cozinha percebi que meus pais conversavam com um rapaz, cumprimentei meus pais e a nossa visita que ainda estava de costas pra nós.
Mamãe se levantou e disse: - Cacau olha quem reapareceu. Depois das palavras da mamãe a visita se levantou, quando meus olhos o encontraram, cambaleei pra trás e ainda bem que Heitor me segurou. Era ele, o causador do meu trauma bem ali na minha frente. Achei que nunca mais fosse vê-lo.
Fiquei estática ao vê-lo e não consegui responder quando ele me cumprimentou. Heitor que estava atrás de mim se manifestou: - Boa tarde Diguinho, senhor Sebastião senhora Marta, acredito que Maria Clara tomou um susto ao ver você, afinal são três anos sem se ver não é. Então ele aperta minhas mãos como se quisesse dizer "calma eu estou com você ".
Meus pais o cumprimentaram de volta e todos me olhavam esperando alguma reação minha. Minhas pernas tremiam, minhas mãos suavam, e Heitor não saiu de perto de mim. Aquela situação já estava tensa, Heitor apertou minha mão me incentivando a cumprimentar Diguinho, respirei fundo e falei: - Oi, quanto tempo não é? - foi tudo que consegui falar.
- Verdade Clarinha, eu estava morrendo de saudades - ele respondeu. Desde aquele dia ninguém mais me chamava de Clarinha, esse apelido me enojava.
Heitor me olha e percebe o quanto aquela situação estava complicada pra mim e fala: - meu anjo, vá pegar as suas coisas porque nós temos um clube pra ir hoje já que o dia está tao lindo.
Olhei em seus olhos e agradeci por ele ter falado isso.
Mamãe diz: - mas filha, logo agora que o Diguinho está aqui vocês vão sair, porque não ficam conosco?
- Mamãe, nós já tínhamos combinado. - eu disse.
- Tenho certeza que não faltará oportunidade de se encontrar dona Marta. Afinal Clara tem razão já tínhamos combinado o clube hoje. - Heitor disse a minha mãe e ela se convenceu. Então subi pro meu quarto e fui arrumar a bolsa pra irmos ao clube.
Eatava arrumando as coisas na bolsa quando Diguinho entrou no meu quarto e me agarrou, assim como fez quando eu tinha quinze anos. Gritei por Socorro mas ninguém aparecia pra me ajudar. Vi a mesma cena se repetindo, eu chorava e pedia pra ele parar, enquanto ele dizia que agora eu estava mais gostosa. Sinto minhas roupas serem rasgadas a minha visão fica embaçada e tudo começa a girar até q perdi a força pra gritar, agora ele conseguiria. Ouço a porta se abrir de uma vez, meus pais e Heitor entraram apressados. Heitor pega Diguinho pelo colarinho da camisa e começa a dar vários socos em seu rosto. Meus pais vem até mim e minha mãe me abraça e chora junto comigo. Olho pra Heitor e ele continua batendo em Diguinho, que nem reage. Quando vejo ele está todo sujo de sangue. Heitor diz : - Nossa conversa não acabou cara, some daqui antes que eu chame a polícia. Em breve nos veremos.
Diguinho me olha como se pedisse desculpas e sai do meu quarto. Heitor me abraça e eu choro ali com ele e meus pais.
Quando todos estamos mais calmos eu decido contar aos meus pais oque aconteceu no meu passado.
- mãe pai, precisamos conversar. -eu disse
- sim filha, estamos ouvindo.- papai disse.
- Vocês se lembram quando o Diguinho foi embora? Ele não foi porque seu pai tinha recebido uma proposta de emprego em outra cidade. Ele foi porquê...- eu choro demais agora. Nao consigo falar nada então olho pra Heitor e ele entende então começa a falar:- senhora Marta senhor Sebastião, oque a Clara está tentando dizer e que o Rodrigo foi embora porque seus pais o flagraram na mesma situação que nós vimos a minutos atrás. Ele tentou estuprar a Maria Clara quando ela tinha quinze anos. - Heitor disse com lágrimas nos olhos.
Meu Deus, eu o tinha como filho e é assim que ele paga o carinho que sempre tivemos por ele.- papai disse também com lágrimas nos olhos.
Depois disso todos nos abraçamos no sofá e choramos juntos.
Mas tinha uma coisa que eu não tinha entendido então perguntei a Heitor: - meu anjo, me pareceu que você conhece o Diguinho. Estou certa?
- sim meu anjo, depois que ele saiu daqui foi pra cidade onde eu vivia com meus pais. Ali nós ficamos amigos e logo depois eu conheci você, mas nao imaginei que ele tivesse feito algo assim com você, um dia ele me contou que quase estuprou uma moça mas eu jamais pensei que era você - disse Heitor.
Meus pais o abraçaram e o agradeceram pelo que ele fez. Heitor ficou comigo ate eu dormir porque eu nao queria ficar sozinha.