Um dia eu estava correndo
com os meus únicos amigos
imaginários.
Brincávamos de pega-pega,
eu caí e me ralei.
Doeu, mas foi hilário.
Como eu me lembro?
Tenho a marca desse dia
no meu joelho.Um dia eu doei o meu rim
para uma amiga que precisava.
Ela o recebeu bem,
mas não adiantou,
no céu ela já estava.
Como eu lembro desse dia infeliz?
Eu tenho a marca, a cicatriz.Um dia eu o desafiei,
cansei de ser oprimida.
Mas ele não se intimidou,
vi que a minha vida estava perdida.
Como eu lembro da surra
que eu peguei desse monstro?
Eu tenho as marcas no meu rosto.Um dia eu cansei da vida
e de tudo nela que me fez sofrer.
Por um momento eu não tive forças,
daí eu lembrei de você,
mas não tinha mais nada a fazer.
Como eu lembro de quando
a lâmina e meu sangue ficaram juntos?
Eu tenho as marcas nos meus pulsos.
