As Lembranças (parte 1)

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As pessoas ainda comemoravam, os corpos de Voldemort e Belatriz foram levados para outro lugar, ninguém os queria perto de Fred, Lupin, Tonks, Colin e mais outros 50.

Eu ainda não havia conseguido chegar perto de Harry, as pessoas estavam sentadas em volta das mesas das casas, no entanto agora não havia separação de casas, todos estavam misturados, sorriam e comiam, a paz havia se instalado, mas eu não sorria, vi Harry sentar ao lado de Luna, eles trocaram umas poucas palavras em seguida ela chamou a atenção para si e Harry se escondeu sob a capa e desapareceu, senti um pouco de inveja, porque o que eu mais queria era sumir.

A professora McGonagall sentou - se ao meu lado:

- Você precisa comer. - a olhei e não disse nada. - vamos Mylle, ao menos tome um pouco de suco de abóbora.

Levei a taça até a boca e dei um gole:

- Harry nos contou toda a verdade.

- Acho que agora isso não faz diferença, não é professora?

- Faz toda a diferença Mylle, todos agora sabem que Severo foi um grande bruxo. Foi um poderoso aliado e graças a egressos Harry triunfou.

- Mas agora nenhum de vocês poderão dizer isso para ele.

- Eu sinto muito por isso.

- Posso ir para o dormitório?

Ela suspirou, olhou nos meus olhos e me autorizou a sair.

Levantei e andei entre os escombros e cheguei ao Salão Comunal de Grifinória, tudo estava revirado, as poltronas tombadas, roupas espalhadas, mas a lareira permanecia acesa, subi até o dormitório e peguei o caderninho que papai havia me dado, ele parecia mais pesado que o normal, o abri e um pequeno pedaço de pergaminho caiu, o peguei e desci, me sentando de frente para a lareira, abri o pergaminho:

"Mylle, talvez você não entenda os motivos que me fez seguir certos caminhos e eu poderia dizer inúmeras coisas, mas foi somente uma: 'amor' a partir de agora vou te contar minha história. Dentro deste caderno tem vários frascos, são memórias, minhas memórias, na sala do diretor tem uma penseira, é só você despejar o conteúdo do frasco nele e mergulhar sua cabeça e terá acesso a elas."

Passei o dedo por cima de cada letra e ali sozinha deixei a minha tristeza livre e finalmente chorei, minhas lágrimas caíam no papel, e deixei minha dor tomar conta de todo o meu ser.

Doía, doía muito, era uma dor tão profunda, minha alma estava dilacerada, sangrava, o vazio do Salão Comunal não era tão grande quanto ao vazio em meu peito, eu nunca mais veria seus olhos, seu abraço agora seria vazio....

Papai se fora, isso parecia ser tão irreal, tão....Não conseguia encontrar palavras.

Criei coragem, agarrei o caderno como se aquilo dependesse a minha vida e fui até a sala do diretor:

- Posso subir?

Perguntei para a gárgula que ficava em frente a escada:

"Hoje a sala está desejada. Pode passar."

Subi cada degrau como se estivesse indo para a minha execução, a penseira estava sobre a mesa, todos os antigos diretores me olharam, eu retribui o olhar e parei os olhos no grande quadro atrás da mesa, Dumbledore me olhava com um sorriso sereno:

- Não sei se estou pronta para isso.

"Mylle, pronta você está, mas a penseira sempre estará aqui."

Concordei e me aproximei, depositei o caderno ao lado da penseira e o abri, um vidrinho com um líquido prateado apareceu e a data ao lado: 08/12/1980, abri o frasco e o despejei, e da maneira que papai me instruiu, mergulhei meu rosto na penseira, em uma fração de segundos não estava mais em Hogwarts:

A Filha do Príncipe Mestiço.Onde histórias criam vida. Descubra agora