Após a saída de Catharina Rickard do baile, Longbourne não viu mais motivos para permanecer, as mães loucas estavam em cima dele, querendo saber há quanto tempo havia ganhado o título e nada sutilmente perguntando a respeito de sua fortuna, de sua hipotética fortuna, na verdade. Ele não tinha tempo para isso, precisava investir na pessoa que sabia que estava genuinamente desesperada para conseguir um marido com um título para a filha.
Ele só estava intrigado em relação ao que Rickard havia dito, ela estava comprometida? Há menos de uma semana ele viu no jornal que o dote havia sido aumentado, em tão pouco tempo alguém já a havia proposto? Ele decidiu então ir direto com a mãe, já que com a filha suas chances claramente eram mínimas depois daquele primeiro encontro. O que deu nele afinal? Por que não a soltou? Decidiu não cobrar tanto de si mesmo, afinal ele havia conseguido se controlar o suficiente para não agarra-la de maneira muito mais indecorosa, aquela garota o havia feito perder o controle.
O plano era chegar à sacada, cordialmente se apresentar, deparar-se com alguém tão fútil quanto a mãe caçadora de títulos, convidá-la para uma passeio no dia seguinte e talvez no mesmo dia pedi-la em casamento. Aparentemente as coisas não seriam tão simples assim, ele precisaria mudar sua abordagem. Com a filha, claramente não iria dar certo, mas se ele fosse diretamente com a mãe, com certeza ele teria um resultado mais favorável. Assim, decidiu que no dia seguinte iria até a casa dos Rickards e pediria permissão para cortejar a moça.
Henry e seu amigo, o Visconde de Belgrave, saíram do baile e dirigiram-se para o clube de cavalheiros que os dois frequentavam. Sentaram-se em uma mesa e pediram a bebida.
– Conte-me mais sobre Catharina Rickard. – ordenou Henry sem rodeios.
– Vi que ficou interessado – respondeu Belgrave com um sorrisinho – é uma beleza não é? Eu mesmo já a teria cortejado se já não estivesse comprometido desde que nasci com Julia – falou Belgrave, referindo-se a seu futuro, já predestinado como o de qualquer outro nobre de sua posição social.
– Rickard já está comprometida com alguém? – perguntou Henry ignorando os comentários do amigo.
– Não. Bem... faz algum tempo que ela sempre é vista com Ernest, mas não sei se ele a está cortejando abertamente e acho muito difícil ele a ter proposto, com certeza todos já saberiam. – respondeu o amigo, tomando um gole do uísque recém servido por uma garçonete bonita e com um sorriso lascivo no rosto enquanto encarava os dois lordes.
Rickard havia mentido para ele? Ah, com certeza ela não iria sair impune dessa. Ele também precisaria tirar Ernest do caminho. Mas primeiro, iria falar com a baronesa, nessa tarefa ele tinha certeza que seria bem sucedido.
Ele esvaziou o copo e sentiu as mãos quentes da garçonete acariciando seus ombros, olhou para ela que sorria e pensou em olhos verdes. Expulsou o pensamento e levantou-se subitamente.
– Hoje não, querida. – deixou o pagamento da bebida na mesa e com um aceno despediu-se do amigo. Pegou uma carruagem de aluguel e foi para casa, traçando seu plano para o dia seguinte.
...
Na tarde do dia seguinte, Catharina estava lendo um livro na sala de estar do segundo andar enquanto sua mãe, no sofá adjacente, procurava por alguma fofoca no jornal que pudesse interessá-la. Willowy, o mordomo, bateu à porta, mesmo que já estivesse entrando, ele parecia radiante. Catharina, mesmo curiosa, retomou à leitura.
– Senhora, senhora, não imagina quem está lá embaixo. – falou Willowy enquanto passava apressado um cartão de visita para sua patroa. Sua mãe soltou uma exclamação de surpresa e Catharina desistiu de tentar ler.
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Caçador De Dotes
Romance(DEGUSTAÇÃO) Inglaterra, 1823. Henry Marlow acaba de herdar o marquesado do tio, o que não imaginava era que o falecido marquês de Longbourne havia defasado quase por completo seus bens. Agora está em suas mãos encontrar um modo de salvar suas prim...