Extasiado

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Já estávamos em um momento do jogo que muitas pessoas já tinham partido,a casa estava ficando silenciosa,mais ainda assim tinham momentos que pareciam que a casa ainda estava na sua lotação máxima.As festas eram um momento bastante esperado.Mudava o astral de todos,mas os dias de partida também.Mas antes disso havia o momento da liderança este era especial,onde só de rever fotos das pessoas que você ama,já dariam uma motivação a mais na competição,mas parecia que a sorte não estava ao meu favor.Mas hoje aconteceria mais uma prova estava até de certo modo confiante.

A manhã amanheceu nublada, a temperatura estava amena como  se eu estivesse no meu amado Paraná e não em pleno Rio de Janeiro,já tinha vindo neste estado algumas vezes,mas nunca permaneci tanto tempo como agora,e ainda mais tendo as experiencias que estou vivendo aqui,parece que estou um ano fora da minha casa,sinto falta de tudo mas também tenho muito medo do quem através desta porta vermelha.Enquanto minha memória tenta lembrar como é meu apartamento,a voz da vizinha que sempre aos sábados leva um prato de bolachas caseiras de nata pro café da tarde enquanto meus filhos brincam,e nós falamos de vida,Ayrton me chama pra dar uma caminhada com ele,confesso que no início não tinha muita simpatia por este senhor mas ao ver que ele tinha tantas coisas em comum e outras tão diferentes,desenvolvemos uma amizade,falamos da sua doce esposa Eva da qual tivemos a companhia por alguns dias,ele me contara detalhes de sua vida,como é ter uma filha que tem vinte anos,seus sonhos e tudo que acontecera até aqui dentro na visão dele.

Nossa conversa é despretensiosa e tem um tom gentil.Eu me enxergo nele,e isso é bom ele é um bom pai,tem a capacidade de dar carinho a todos até quem não o via com bons olhos. Acabamos nossa caminhada e fomos fazer o almoço,Ana Clara acabara de levantar,dei um bom dia e como sei que ela neste horário,tem um leve mau humor,deixei ela ter o seu tempo,Gleici estava no banho,lavando os cabelos,dei um bom dia e ela me dera um selinho inocente e perguntou se eu tinha dormido bem,respondi que sim e que ela era meu motivo de dormir e acordar tão feliz,ela riu e disse que estava com fome,disse que o almoço estava sendo preparado,voltei a cozinha.

Almoçamos e Gleici lavou a louça e eu fui varrer a cozinha e todos ainda na mesa conversaram sobre música,festa,suas vidas,é não tinha muito assunto mas era o que fazíamos para passar o tempo e não sermos consumidos pelo tédio. Gleici se aproxima e eu a beijo os cabelos que tinham um cheirinho adocicado,e ela me olha nos olhos e vamos juntos deitar no sofá,pra se juntar com Ana Clara e Ayrton.Começamos a relembrar certos momentos e riamos de tudo,mas a tensão voltou a se instalar quando veio o assunto prova.Por dentro meu maior medo era que Gleici fosse pro paredão novamente,ela ficava muito desestabilizada e eu também,então na minha cabeça ganhar era primordial para manter nós dois livres.O dia que estava nublado deu lugar a uma garoa fina,as meninas falavam sobre suas aulas e eu contava ao pai da Ana minha trajetória como agente penitenciário e todas as narrativas de vida que pude presenciar de perto.Resolvi ir até o quarto cochilar,precisava guardar energia.

Deitei na cama,quando estava quase dormindo Gleici vem até minha cama e pede um espacinho,como ela mesmo diz,deita ao meu lado eu sem camisa a ponho dormir no peito,ela fecha os olhos e adormece,o que acaba acontecendo comigo também.Nem sei quanto tempo eu dormi,mas acordara renovado,Gleici estava na sua cama lendo,o livro de título Querido John,eu quieto a observava,quando ela percebe que já estou acordado, estende a mão pra que ficássemos assim um a pele do outro,sem precisar falar nada,nossos olhos diziam tudo.

Quando saí do quarto já era noite,Breno no outro lado do jardim se exercitava junto com Viegas e Caruso,fiquei observando de longe e me bateu uma saudade dos meus amigos,e quando sem esperar duas mãozinhas envolvem meu tronco dando um aperto gostoso,era Gleici que vestia uma calça jeans e uma blusa com flores em tons amarelos,estava linda,virei e pude observar melhor sua beleza,me abaixo,porque temos certa diferença na altura,e a beijo e acaricio seus cabelos,e ela me diz já deve estar quase na hora,concordo e falo que vou me arrumar.

A hora da prova chegou e me bateu certo nervosismo, sei lá porque,mas na hora de fazermos a dinâmica de escolher as duplas,pude ter agora cem por cento de certeza,Viegas não quis nem sequer  a possibilidade sequer de realizar a prova comigo,isto deixou muito claro mesmo eu pedido todas as desculpas possíveis ele ainda estava ressentido com nosso desentendimento de duas semanas atrás.Breno me estendeu a mão.

Na hora da prova , a nossa adrenalina estava tão alta,que tudo foi feito rapidamente,quando Tiago anunciara nossa vitória,soltei um grito de alívio que a tantas provas que cheguei tão perto e perdera que não tinha reação mais genuína que este grito.Entramos no quarto do líder e com ele já veio a responsabilidade.Mais uma despedida ia acontecer,isso era inevitável.

Os dias seguiam a mesma rotina,caminhada com Ayrton pela manhã,piscina a tarde,leitura após a piscina,lavar a louça do almoço,cochilar a tarde,dormir abraçado com a Gleici,isso era a única atividade que sempre tinha algo novo,ela era surpreendente e era capaz de me prender cada dia mais.Ela tinha a capacidade de fazer todos, aqueles que estavam dispostos a ouvir,rir de qualquer coisa,sempre me sentia como se estivesse num dia de Natal,da qual você só consegue guardar excelentes lembranças.

Mas aqui o tempo é implacável, e chegara mais uma vez um dia de despedida,desta vez era Caruso,o abracei a tarde e conversamos calmamente que nós encontraríamos em São Paulo e que ele seria o meu guia turístico e que íamos jogar sinuca todos nós, deixamos todas as mágoas para trás.E mais uma vez a porta se fechara.E qual seria o próximo?

Caminhos até o meu Acre interiorOnde histórias criam vida. Descubra agora