Capítulo 4

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Ben

Dois meses, é tudo o que temos até que Fallon vá para Nova York e eu para minha turnê de autógrafos. Eu queria passar cada segundo desses dois meses ao lado dela, mas preciso fazer uma última revisão dos manuscritos e ela precisa passar para sua substituta as fichas dos alunos. Por isso, ao invés de estar neste momento enchendo ela de beijos, estou aqui na escrivaninha, revisando pela milésima vez o meu livro.

Desde que o nosso 9 de novembro estendeu-se para todos os dias do ano, Fallon me convenceu editar meu livro e, correr atrás do meu agente outra vez. Assim, detalhes como o incêndio e o suicídio da minha mãe foram retirados da história, deixando o foco apenas em como nos apaixonamos um pelo outro.

Preciso dizer que revisar nossos momentos juntos me faz querer ir atrás dela com mais frequência do que o normal, aguento firme durante o primeiro capítulo onde revivo os detalhes sobre acordar no apartamento de Jordyn e visitar o túmulo da minha mãe e o grande momento em que conheço Fallon. Começo a sentir minha garganta secar ao lembrar de cada detalhe, cada pensamento que tive naquele momento. Quando chego a parte em que tiro a roupa dela para provar meu argumento sobre ela usar o vestido que não esconde suas cicatrizes, sou incapaz de ter um pensamento ou atitude racional, quando dou por mim, estou manobrando o carro no estacionamento do prédio onde ela dá aulas de interpretação. Subo as escadas em lances de dois e três degraus chegando ao terceiro andar ofegante. Paro na porta de sua sala, e ela me vê através do vidro, abre a porta antes que eu seja capaz recuperar o fôlego.

-Ben? - ela me olha assustada - O que houve?

- Eu preciso - balbucio enquanto puxo ar para meus pulmões - Eu preciso...

Fallon me segura pelo braço e me conduz calmamente pelo corredor, sei que a ideia dela é que eu sente no banco do corredor, mas eu tenho outros planos. Abro a primeira porta que vejo e puxo ela para dentro.

-Ben! - ela grita surpresa.

Pelo barulho que fazem as coisa que derrubo, estamos no armário do zelador. Prendo Fallon contra a parede e a beijo até que fique tão ofegante quanto eu.

-Mas o que deu em você Benton Kessler? - seu tom é de reprimenda, porém, mesmo no escuro, sou capaz de perceber que ela está sorrindo.

- Eu precisava ver você - sussurro em seu ouvido só para ter o prazer de senti-la estremecer em meus braços.

A respiração dela falha quando começo uma trilha de beijos atrás de sua orelha, descendo pelo pescoço.

-Ben - meu nome sai de seus lábios como um gemido baixo. Adoro a forma como ela reage a mim.

- Meu Deus Fallon - volto a beijá-la de modo febril, somos mãos, braços, pernas e uma confusão barulhenta. O clima morre que vez quando prendo meu pé dentro de um balde e um cabo de vassoura bate na minha cabeça.

-Ai! Mas que merda! - praticamente rosno esfregando o local da pancada.

- Oh meu Deus! - Fallon diz sufocando uma risada e começa a tatear em busca do interruptor - Você se machucou, Ben?

- Apenas o meu orgulho - eu resmungo enquanto tento soltar meu pé do balde.

Fallon acende a luz e tapa a boca em uma tentativa inútil de não rir de mim. Lágrimas se acumulam no canto de seus olhos e quando eu a encaro fazendo uma careta, ela explode em uma sonora gargalhada. Eu até tento me fazer de durão, mas a situação é tão ridícula e a risada dela tão gostosa que acabo rindo também. Estamos tão absortos em nossas gargalhadas que não percebemos que a porta do armário foi aberta.

- Está tudo bem Srta O'Neill? - pergunta um homem que deve ter idade para ser nosso avô e me olha com cara de poucos amigos.

- Está tudo bem Sr. Daves - Fallon responde ainda rindo - Este é o meu namorado Ben. Ele precisava falar algo importante e particular comigo.

O homem grunhe em concordância e tenho certeza de ter ouvido ele praguejar algo, mas ignoro assim que ficamos sozinhos novamente.

- O que era tão urgente Ben? - ela fala cruzando os braços e me lançando um ar de reprovação.

- Eu precisava ver sua calcinha - eu respondo dando o meu sorriso malandro e jogando charme.

- Você está brincando, né? - o charme não funcionou, ela está exasperada e pelo visto, zangada.

- Eu nunca brinco quando se trata das suas calcinhas - digo naturalmente deixando ela realmente brava.

- Benton James Kessler - Ok. Estou realmente encrencado - Você... - ela não encontra palavras e respira fundo - você... - ela trinca os dentes e sei que preciso pensar rápido para reverter a situação ou acabarei passando a noite no sofá

Ah Deus! Me ajuda a sair dessa! Ela está linda e sou incapaz de pensar claramente. Eu daria tudo para não estar em um lugar público agora porque, no instante em que ela pronunciou meu nome completo, tudo que penso é em roupas rasgadas e suas unhas nas minhas costas. Eu sei, eu sei, sou um pervertido, mas um pervertido completamente apaixonado.

-Amor - eu digo em tom apaziguador, afinal se não podemos fazer amor neste momento, prefiro não deixá-la irritada - Tenho uma explicação.

Fallon me encara com ceticismo, dá um passo para trás e cruza os braços. Seu olhar é fulminante. Fico louco pra beijar sua testa, a parte entre as sobrancelhas que está enrugada por sua irritação, mas me contenho.

-Estava revisando o meu livro. Tudo ia bem até que cheguei na parte do nosso primeiro encontro. Ao revisar, relembrei claramente cada momento daquele dia, então quando cheguei na parte em que tirei sua roupa e vi sua calcinha... - Suspiro e faço uma pausa para observar sua reação. Tenho o prazer de ver seu rosto ficar corado e perceber que ela está mordendo a parte interna da bochecha para não rir. Adoro isso! Mulher de gênio forte que não gosta de dar o braço a torcer.

- Você viu a calcinha que vesti hoje - ela fala em tom contido.

- Mas se passaram tantas horas desde então que acabei esquecendo - lanço meu olhar de anjinho e ela soca meu braço.

- Pra casa Ben! - ela me empurra para fora do armário - Agora!

Eu saio rindo e, mesmo de costas, percebo que ela está rindo também.

Antes de ir, me viro e dou um beijo Hollywoodiano nela. Sinto a satisfação de ouvir seus alunos gritarem atrás da porta. Mesmo arfando pelo beijo, ela me dá um daqueles olhares que dizem que não vou me safar tão fácil dessa.

Eu saio do prédio sorrindo como um idiota, pois sei que mais tarde pagarei caro por minha ousadia.

Mal posso esperar.

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