Capítulo 15

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Fallon

Passei toda a parte da manhã ajudando Derek com os detalhes finais da peça. Mesmo ele dando o dia de folga para o elenco, eu não conseguiria simplesmente ficar em casa apenas esperando Ben chegar e a hora de ir para o Teatro.

São duas da tarde, Ben deve estar saindo do aeroporto. Ligo para saber onde ele está.

Da primeira vez chama até ir para a caixa postal, imagino que ele esteja desembarcando. Dou um tempo e quando ele não me retorna, ligo outra vez. Ele atende do terceiro toque.

-Ei - sorrio involuntariamente - Como está o trânsito na saída do aeroporto?

- Fallon - a forma como ele pronuncia meu nome, me faz murchar na hora - Ainda estou em Washington.

Não. Acho que não ouvi direito. Paro e respiro fundo. Simplesmente não sei o que dizer.

-Meu vôo foi cancelado, não consegui nenhum outro vôo - ele fala rápido tentando justificar - Como nada disso deu certo, algumas pessoas me aconselharam a ir de trem.

- Mas é uma viagem de pelo menos três horas, supondo que você consiga pegar o Expresso - falo constatando um fato e sentindo que vou desmoronar com a realidade. Ele não vai chegar a tempo.

- Eu sei, é um risco, mas eu não podia simplesmente ficar lá, parado no aeroporto lotado. Por causa do Memorial, muitos vôos para Nova York foram cancelados, o espaço aéreo está sendo fortemente monitorado. Aqui em Washington também está um inferno. Estou dentro do táxi, parado no mesmo lugar há mais de meia hora.

Eu sei que ele só quer explicar o que está acontecendo, me tranquilizar afirmando que está fazendo o possível para chegar aqui, mas tudo que escuto só me desespera ainda mais. É um dia importante, e parece que o destino, o universo, Deus... parece que tá tudo contra mim. Uma lágrima rola por meu rosto, respiro fundo pois não quero deixar Ben ainda mais nervoso.

-Não se preocupe - eu digo com uma voz tão fraca que duvido muito estar enganando ele - Ao menos passaremos o final de semana juntos.

Ficamos em silêncio por um tempo, sei que para ele também está sendo difícil e não quero chateá-lo ainda mais.

- Estarei ai, Fallon - a voz dele é firme e decidida - Nem que eu tenha que roubar um avião ou sequestrar o presidente, eu vou chegar aí, ver sua peça e depois teremos o melhor final de semana de nossas vidas.

Sempre que ele fala desse jeito eu sinto um arrepio e meu coração acelera, mesmo estando triste e que meu lado racional me diga que ele dificilmente chegará a tempo, meu coração se enche de esperança.

Para não me angustiar ainda mais, ocupo o resto do meu dia ajudando Derek, por fim ele me obriga a ir pra casa e dormir por pelo menos uma hora pois, segundo ele, não quer sua estrela bocejando durante a peça. Assim, ao invés do meu costumeiro macchiato, ele traz um chá calmante, para nós dois.

Assim que chego no meu apartamento, vejo uma mensagem de Ben dizendo que conseguiu pegar o trem, ele não me diz se foi o expresso, sei que está tentando não me deixar ainda mais apreensiva. Deito e apago completamente. Quando acordo, me sinto até meio entorpecida e fico me perguntando o que tinha naquele chá.

Tomo banho e saio rumo ao teatro. Como não estou tão longe assim, vou caminhando para não perder tempo. As ruas estão cheias e por toda parte há cartazes com homenagens às vítimas daquele dia terrível.

Chego no teatro em um bom horário e sigo para meu camarim. Como nosso figurino é bem simples, não preciso de auxílio com nada. Derek passa por lá para me desejar boa sorte e me agradece por encarar esse desafio com ele. Enquanto estamos ali conversando, me distraio de todo nervosismo e apreensão, porém, quando ele sai, e volto a ficar sozinha, começo a ficar nervosa. Decido ligar para Ben, ele sempre consegue fazer com que eu me sinta melhor, mas a ligação vai direto para a caixa postal.

Completamente arrasada e aceitando o fato de que ele não chegará a tempo, baixo minha cabeça na penteadeira e começo a chorar. As lágrimas começam a rolar e nem me importo com o fato de que, terei que refazer toda a maquiagem. Tudo que penso é em como estava feliz meses atrás, vivendo com Ben em nosso apartamento, dividindo com ele as alegrias e tensões do meu dia simples e monótono, ouvindo sobre o dia dele também. Parece que desde que saí de Los Angeles, tudo nos empurra em direções diferentes. Um soluço irrompe em meu peito e tento controlar meu choro, quando minha porta é aberta de supetão com um estrondo. Assustada, me viro e não sei se posso confiar no que meus olhos vêem.

Na porta está um cara completamente desgrenhado. O cabelo dele está um caos, a camisa nem se fala, parece que rolou na cama usando ela, a respiração dele é falha como se tivesse corrido uma maratona e gotículas de suor brilham em sua testa.

Ele me encara com intensidade enquanto eu fungo limpando meu nariz de forma nada educada. Eu mal consigo respirar e quando falo, nem parece minha voz.

-Ben? - praticamente sussurro seu nome. A passos largos ele atravessa e bate a porta.

- Oh! Ben - então volto a chorar em estado de choque, pois ele conseguiu. Parece que passou pelo inferno e desafiou todos os demônios, mas conseguiu.

- Não, Fallon - ele me abraça e beija suavemente meus lábios - Está tudo bem, estou aqui.

Ele joga a mochila no chão e se vira para pegar algo nela, mas eu seguro seu braço.

-Não - balbucio - Você está proibido de parar de me abraçar pelos próximos trinta minutos.

Seu olhar angustiado é substituído por um sorriso tímido.

-Nem se eu quisesse, soltaria você pelos próximos trinta minutos.

Ele me envolve em seus braços, oferecendo conforto enquanto molho sua camisa com minhas lágrimas histéricas.

Assim que paro de chorar, ele desfaz o abraço, mas não deixa de me tocar. Me olhando nos olhos, ele limpa as lágrimas de meu rosto, depois, tira sua camisa de flanela e limpa meu nariz. A camiseta branca que ele usa por baixo está super justa em seu corpo, que está ficando bem trabalhado. Observo cada movimento dele sentindo minha respiração ficando difícil. Quando termina de cuidar de mim, ele joga a camisa num canto do camarim e volta a me encarar. Seus olhos estão em chamas e sinto um arrepio percorrer todo meu corpo. A eletricidade entre nós é palpável. Ele se inclina para me beijar. Fecho meus olhos e apenas sinto o suave toque de sua boca na minha, como se ele estivesse me sondando. Ele repete o gesto como se esperasse por uma resposta, então entreabro meus lábios e dou livre passagem para sua língua. Eu suspiro com a sensação indescritível que é senti-lo outra vez e é como se eu tivesse apertado o gatilho de uma bomba.

Ben aprofunda o beijo e eu correspondo na mesma medida. Somos mãos, braços e corpos sedentos um pelo outro. Enlouquecidos de saudade e ardendo de desejo. Colo meu corpo ao dele, tenho a satisfação de ouvi-lo gemer, e perco totalmente o controle. Minhas mãos descem de seus cabelos para seu pescoço, em seguida deslizo-as até seu abdômen e ele estremece. Pego a barra de sua camiseta e a ergo. Ele me suspende, me senta na beirada da penteadeira, se posiciona entre minhas pernas e sem deixar de me beijar por um segundo, começa a deslizar suas mãos pelas minhas coxas até chegar em minha calcinha.

Seus lábios se soltam dos meus e eu o puxo mais para perto para beijar seus braços, seu peito. Meu Deus! Estou louca. Isso é um camarim, mas eu simplesmente não posso parar. Eu o quero tanto.

Ele respira com dificuldade e me segura pelos ombros, afastando meus lábios e mãos exploratórios.

-Fallon - ele inspira profundamente - Precisamos parar agora, ou não serei capaz de sair daqui antes de devorar você com meu corpo.

Sei o que ele quer dizer, e sei que o correto seria ouvir a voz da razão e parar por aqui, mas todo esse tempo que estamos longe, somado a angústia que senti durante todo o dia, me fazem jogar ao vento qualquer parte racional de mim. Enlaço Ben com minhas pernas e puxo sua boca de volta para a minha em um beijo ainda mais atordoante que o anterior.

Ele começa a tirar meu vestido e eu brigo com seu cinto. Estamos afoitos e desesperados pelo contato, pela posse, pela união.

- Eu te amo - ele sussurra em meu ouvido enquanto seus lábios percorrem minha pele.

Eu começo a ficar barulhenta, Ben ri e me beija para abafar nossos sons, o que fica cada vez mais difícil quando derrubamos tudo que estava em minha penteadeira. Em meio a névoa de êxtase que estou, escuto ao longe o som de algo estilhaçar no chão, porém não me importo, porque neste momento nada importa além de Ben, eu e nosso amor. 

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