Caítulo 12

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Nada em minha experiência culinária ensinava como preparar um jantar para um convidado vampiro.

Passei a maior parte do dia na biblioteca em busca de receitas de pratos crus enquanto os manuscritos jaziam abandonados em minha mesa. Louis tinha dito que era onívoro, mas isso não era possível. O mais provável é que um vampiro cuja dieta consistia em sangue preferisse alimentos crus. Mas sem dúvida a educação o faria ingerir tudo que lhe fosse oferecido.

Após uma gigantesca pesquisa gastronômica, saí da biblioteca ao meio-dia. Louis cuidara sozinho da Fortaleza Styles, o que deve ter agradado a Miriam. Não havia sinal de Peter Knox nem de Gillian Chamberlain em nenhum canto da Duke Humfrey, o que me deixou muito feliz. Até Louis se mostrou de bom humor quando atravessei a sala para devolver os manuscritos.

Passei pela cúpula da Câmara Radcliffe, onde os estudantes liam, e pelos muros medievais da Jesus College em direção ao mercado para fazer compras. Fiz uma primeira parada no açougue com uma lista na mão para comprar carne de veado fresca e carne de coelho, e depois na peixaria para comprar salmão escocês.

Será que os vampiros comem verduras?

Peguei o celular e liguei para o departamento de zoologia a fim de conhecer os hábitos alimentares dos lobos. Eles me perguntaram qual era o tipo de lobo. Eu já tinha visto os lobos cinzentos durante uma excursão ao zoológico de Boston e, como essa era a cor favorita de Louis, essa também foi a minha resposta. Depois de tagarelar uma lista interminável dos "alimentos preferidos" dos mamíferos, a voz entediada do outro lado da linha acrescentou que eles também se alimentavam de nozes e de sementes e frutinhas vermelhas como amoras, framboesas e morangos.

– Mas é melhor não alimentá-los! – disse a voz por fim. – Eles não são bichinhos domésticos!

– Muito obrigado pelo conselho – agradeci reprimindo o riso.

Com um pedido de desculpas, o quitandeiro me vendeu as últimas groselhas do verão anterior e uma porção de morangos silvestres perfumados. Um saquinho de castanhas também encontrou guarida na minha sacola de compras.

Depois fui à loja de vinhos, onde fiquei à mercê de um viticultor evangelizador que me perguntou se "o cavalheiro conhecia vinhos". Foi o bastante para me fazer girar como um parafuso. O homem avaliou o meu aturdimento e ofereceu uma garrafa de vinho francês e outra de vinho alemão por um preço que pagaria o resgate de um rei. Depois ele me colocou dentro de um táxi para que eu me recuperasse durante o caminho de volta para casa.

Entrei no meu apartamento e recolhi os papéis espalhados em cima de uma velha mesa do século XVIII que servia como escrivaninha e mesa de jantar, e arrastei-a para perto da lareira. Caprichei na arrumação da mesa, colocando a porcelana antiga, a prataria que estava no armário da cozinha e as pesadas taças de cristal que provavelmente eram as últimas remanescentes de um conjunto eduardiano que um dia ocupara a sala dos professores. Minhas leais amigas cozinheiras me abasteceram com uma pilha de tecidos de mesa de linho branco composta de uma toalha e alguns guardanapos. Estendi a toalha na mesa, dispus dois guardanapos dobrados ao lado dos talheres de prata e com os outros guardanapos cobri a grande bandeja de madeira que levaria as coisas da cozinha para a sala.

Comecei a preparar o jantar e logo ficou claro que cozinhar para um vampiro não exigia muito tempo. Na verdade, o que se cozinha é quase nada.

Ali pelas sete horas, as velas estavam acesas e a refeição estava pronta, salvo o que seria feito no último momento, e já era hora de me arrumar.

Nenhuma peça no meu guarda-roupa estampava "para jantar com um vampiro". Não havia outro jeito, eu vestiria um terninho ou a roupa que tinha usado no encontro com o diretor para jantar com Louis. Eu dispunha de uma espantosa quantidade de calças e leggings pretas com diferentes tipos de tecelagem, mas a maioria estava manchada de chá ou de graxa de barco, ou as duas coisas. Acabei encontrando uma calça preta novinha que mais parecia um pijama, mas que tinha um pouco mais de estilo. Vesti a calça.

A Descoberta Das Bruxas -Larry StylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora