[I] As Engrenagens do Destino.

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Londres 19 de Setembro de 2017.

Ao acordar James segue sua rotina, vai até a cozinha do seu apartamento 107 Great Russel Street, coloca água para ferver em uma chaleira, enquanto a água ferve caminha até a porta para pegar a edição diária do London News, vê que os ponteiros do relógio marcam sete horas. Ainda não recebeu nenhuma resposta sobre a vaga de emprego que estava concorrendo.

Formado recentemente em medicina, por opção unicamente de seu pai, tentava ingressar como medico na Bio-Corps, uma forte indústria farmacêutica, que dias antes havia anunciado vagas para médicos. James havia manifestado o seu interesse no cargo a empresa precisava de um medico para acompanhar seus pacientes em testes de novos medicamentos e por meio de alguns amigos, James soube que alguns dos doutores da Bio-Corps, saiam em expedições acompanhando o senhor Donald Jacobs. Um excêntrico milionário, que aos seus 68 anos, gostava de aproveitar a vida de luxo que conseguira conquistar.

"Ah! Como eu gostaria deste emprego..." Pensou James seguindo até a porta, de fato o emprego era bastante atrativo para ele, a ideia de viajar pelo mundo o agradava mesmo sendo em companhia de um Velho milionário e egoísta. Acabara de abrir a porta, o jornal estava em seu tapete como era de costume, James ainda se perguntava por que motivo ainda era assinante de jornais impressos, com tanta tecnologia e facilidade de obter informações no mundo atual. Mas, a verdade é que a tecnologia não o chamava muita atenção, o que é perceptível ao olhar seu apartamento, organizado, na sala algumas estantes com livros de medicina e ficção, todos organizados obrigatoriamente por Assunto, uma poltrona o que indicava que James era sozinho, um tapete frente a lareira, uma pequena mesa de centro, um relógio de pendulo e uma TV que quase nunca era ligada.

Na cozinha a chaleira soltou o assovio de vapor que o avisava de que a água estava fervendo, sorriu... passando pela sala deixou cair o jornal sob a mesa e preparou o seu chá preto. Com a caneca na mão sentou-se e abrindo o jornal foliando sem prestar muita atenção. Voltou a pensar... "Devo logo conseguir um emprego, meu pai não vai me sustentar por muito tempo e eu não o quero, se eu tivesse seguido o meu caminho... maldição..." e o telefone tocou interrompendo o raciocínio de James e ele prontamente atendeu:

- Olá aqui é James Cook! Quem fala?

- Olá senhor James, aqui é a secretaria do Senhor Jacobs, recebemos o seu currículo e ele gostaria de fazer uma entrevista pessoalmente com o senhor. Ele deseja te ver hoje às 15 horas.

- Claro estarei ai...

- Pois bem senhor James, saiba que o senhor Jacobs não tolera atrasos, tenha um bom dia.

- Obrig... E nesse momento percebeu que o telefone havia sido desligado.

Pegou na pequena mesa de centro o maço de Malboro e o isqueiro, abriu a janela. Olhando a rua, tudo estava calmo, acendeu o cigarro enquanto olhava para o limpo céu Setembro. Finalmente a resposta chegou agora a preocupação era com a entrevista, porque? O próprio D. Jacobs iria fazer a entrevista? Ele não tem mais o que fazer? Apagou o cigarro no cinzeiro apoiado na janela e decidiu não se preocupar com isso, às 15 horas essas repostas viriam.

Deixou seu apartamento as 14:20, pegou sua moto clássica Triumph Rocket III e seguiu sem problemas até a sede da Bio-Corps, se identificou a recepcionista que anunciou sua chegada, a secretaria logo veio o receber, uma bela mulher, cabelos pretos e presos e um óculos que fornecia a ela um certo charme, a expressão seria em seu rosto a deixava ainda mais atraente, convidou James a acompanha-la, entraram no elevador e sem muita demora nem palavras, chegaram a cobertura do prédio de 33 andares, onde se encontrava o escritório do senhor D. Jacobs, a secretaria abriu a porta e olhando para James pronunciou:

- Entre por favor senhor James. Com um sorriso no rosto um tanto malicioso – Boa sorte!

- Obrigado. James rebateu com uma voz falha e deixou escapar um sorriso nervoso.

Entrou e a porta foi fechada, na sala espaçosa, poda ver livros que nunca foram abertos, um quadro de Pintor inglês na parede. O Senhor Jacobs olhava para a cidade de Londres com um copo de Whisky doze anos na mão e sem se importar em olhar para o jovem entrevistado, o convidou a se sentar, James o fez, sentou-se em uma cadeira frente a uma grande mesa de ébano extremamente organizada e logo escutou o senhor Jacobs lhe perguntar, enquanto bebia um trago de seu whisky e sentava-se frente a James.

- Então senhor... James. Pronunciou seu nome olhando em um arquivo que acabara de tirar de umas das gavetas. – Por que se interessou por este cargo?

James logo respondeu com nervosismo:

- Aprecio a reputação de sua empresa e gostaria de aprender mais com as pesquisas que... Foi interrompido.

- Ora senhor James, fiz algumas pesquisas a seu respeito e nos dois sabemos que você não era um dos acadêmicos mais estudiosos da Imperial College, então faça me o favor de ser direto.

- Mas como foi que você...

- Você não faz perguntas aqui meu caro.

James se levantou e irritado respondeu:

- Ah! O que é que você quer? Me fez vir aqui para que?

E ficou de pé aguardando respostas do senhor Jacobs. "Droga... Acabo de perder qualquer chance de ganhar o emprego com esse velhote esnobe..."

Quando de repente um sorriso surgiu no rosto enrugado de D Jacobs, e ele começou a bater palmas.

- Isso é o que falta na nossa juventude londrina. Sente-se senhor James, seu pai me falou de você. E com certo tom de ironia acrescentou: - por falar nisso como vai aquele bom homem?

James sem entender muita coisa, sentou-se, um tanto constrangido, agora, estava confuso. "Velho louco..."

A conversa seguiu por mais alguns instantes, James havia conseguido o emprego e começaria a trabalhar para a Bio-Corps, graças a uma antiga amizade entre seu pai e o senhor Jacobs, mas não por algum pedido feito e sim pelas criticas feitas pelo pai de James, onde o senhor Cook enxergava fraqueza, Jacobs via Ambição, mas no fim o interesse de James pelo cargo havia sido simplesmente coincidência, ou então, as engrenagens do destino já haviam começado a girar.

James saiu feliz, cumprimentou à secretaria e se deu conta de que ainda não sabia o nome dela:

- Olá... Ainda não sei o seu nome. E sorriu colocando a mão atrás da cabeça.

Apesar de sua aparência bem apessoada James não levava muito jeito com as mulheres, logo ela respondeu sorrindo.

- Meu nome é Stephanie, bem vindo a Bio-Corps, o senhor Jacobs, me encarregou de lhe dar as informações sobre o cargo, me acompanhe por favor.

- Belo nome. James sorriu. "Ela é uma bela mulher... seria estranho se eu a convidasse..."

- Senhor James? Venha comigo.

Ela o esperava já próxima ao elevador, James corou e se apressou a acompanha-la. Após receber todas as instruções, James foi para casa.

Ao leitor, essa parte da historia e os próximos 2 meses da vida de nosso herói, transcorreu em total normalidade, então, para não postergar o destino de James vamos avançar alguns passos no tempo...

Chaos - A Ilha Maldita.Onde histórias criam vida. Descubra agora