|DOIS|

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Nos conhecemos em um encontro de jovens pouco antes do fim do verão. Depois de Mary insistir e ameaçar terminar a amizade caso eu não fosse. Depois de resmungar por incontáveis minutos concordei e deixei que ela escolhesse um vestido para mim.

- Que tal esse? - perguntou mostrando um vestido azul claro que ia até os joelhos.

- Tanto faz.

- "Tanto faz" - repetiu imitando minha voz e fazendo uma careta - É importante Nancy, uma data que tem que ser lembrada.

- O que você está tramando mocinha? - falei tentando imitar o jeito que minha mãe falava comigo.

- Nada.

Claramente nos temos conceitos diferentes do significado da palavra "nada". Para ela "nada" significou me deixar ao lado de um garoto desconhecido por meia hora para nos "conhecer".

Eu era insegura de mais e ele tímido de mais para puxar algum assunto o que resultou em um silêncio incômodo. Eu tentava me entreter descascando o esmalte da minha unha que havia passado horas fazendo.

Algum tempo depois ela voltou com as orelhas vermelhas - provavelmente de raiva -, colocou os olhos azuis sobre mim e falou em um tom autoritário.

- Conversem!

- O quê? - ele questionou tão confuso quanto eu.

- Sobre o que?

- Sei lá - ela pensou por um momento e continuou - Sobre música! O Igor gosta de música Clássica.

- Eu amo música clássica - disse finalmente.

- Tá vendo! Vocês tem tanto em comum. Vocês dois gostam de música clássica. Os dois são cristãos... - ela estava procurando outra coisa que tivéssemos em comum - Os dois respiram. E vocês me conhecem, se não quiserem falar de música falem sobre mim.

- Então... Qual sua música favorita? - ele me perguntou depois de um tempo em silêncio. Pude ver um sorriso vitorioso se formar no rosto de Mary enquanto ela nos observava conversar. Depois de algum tempo nem tínhamos percebido que ela havia ido embora.

- Eu ainda te mato Marian Baker! - exclamei enquanto voltavamos para casa

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- Eu ainda te mato Marian Baker! - exclamei enquanto voltavamos para casa.

- Eu te fiz um favor Nan! Vocês são perfeitos um pro outro. - ela me mostrou a língua.

- Eu já te disse, para de tentar juntar pessoas você é uma péssima cupido, se eu fosse Eros te demitiria.

- Não tem nada a ver com Cupido! Foi algo mais forte que eu, quando vi vocês dois separados foi como se algo no fundo do meu coração me dissesse que quer vocês dois juntos - ela falou com uma seriedade que assustava.

- Tá, mas a gente só conversou uma vez, não precisa planejar nosso casamento.

- Vocês vão se casar? - ela perguntou com expectativa.

- Não!

- É claro que vão, só precisam de um tempo para se conhecer, e claro a confirmação de Deus.

- Jurema, eu não vou me casar com ninguém.

- Ok, mas eu quero ser madrinha.

Tinhamos alugado bicicletas, ele me fez pedalar por um quilômetro até um bosque que ficava mais afastado do centro, eu mataria ele por ter me tirado do sedentarismo se não estivesse tão cansada

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Tinhamos alugado bicicletas, ele me fez pedalar por um quilômetro até um bosque que ficava mais afastado do centro, eu mataria ele por ter me tirado do sedentarismo se não estivesse tão cansada.

- Chegamos! - estávamos cercados de muitas árvores, a terra estava molhada e o ar úmido.

- Que legal. Um monte de mato. - forcei uma animação - É agora que você me mata e vende meus órgãos?

- Talvez semana que vem - disse e continuou andando.

— Qual é McCall. O que pode ter de bom em um bosque em pleno outono? Na primavera fica lindo. No inverno todo congelado. Mas no outono...

— Pode parar de reclamar e apenas me seguir Miller? — ele pediu e eu levantei às mãos em sinal de rendição.

Passamos por uma ponte antiga de madeira, suspensa sobre um rio que eu nem sabia que existia. Ele me pediu para fechar os olhos e me levou até a surpresa.

— Abra os olhos.

O chão estava coberto de folhas secas, que tinham cores entre amarelo queimado e um marrom avermelhado, lá tinha uma nascente de algum rio, e um esquilo guardando comidas dentro de uma árvore. O sol parecia estar mais forte lá, abri os braços e dei uns pulinhos no lugar. É incrível como Deus pode criar coisas tão perfeitas.
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— O que acha de um bosque em pleno outono, Nancy? — ele perguntou

— Maravilhoso! — voltei a olhar para ele — Como encontrou esse lugar?

—  Meus pais constumavam vir aqui, quando jovens. Era o lugar preferido da minha mãe.

— É a coisa mais maravilhosa que eu já vi — falei ficando o mais imóvel que consegui para não assustar o esquilo que estava prestes a pegar uma noz perto de mim.

— Se encaixa na sua definição de lugar dos sonhos? — afirmei e voltei a observar.

Fechei meus olhos e respirei bem fundo, por alguns minutos foi como se todos os problemas tivessem acabado, e uma paz invadiu meu coração.

— Eu sinto como se Deus estivesse bem aqui, sentado ao meu lado — sorri.

— Eu também. Meu pai disse, que ela vinha aqui sempre para orar. Ficava horas e horas aqui.

— Sente muita falta dela, né? — respondeu com um meneio de cabeça — Ela sentiria muito orgulho da pessoa que você se tornou hoje Igor. — ele respondeu com um sorriso e sentou em uma pedra perto da árvore.

— Aquilo é um coelho?

— Onde?! — me virei e vi a pequena bola de pelos pulando pelas folhas secas.

Tenho uma pequena obsseção por coelhos, não tem nenhum motivo aparente, mas provavelmente é pela aparência incrivelmente fofa, e pela ligação quase que instantânea com cenouras, que é minha verdura favorita. Então não penso duas vezes para me aproximar sorrateiramente, com o máximo de cuidado para não espanta-lo, fiquei lá tempo o suficiente para que ele ficasse a vontade comigo. Peguei ele no colo e alisei seu pelo com cuidado para que ele não se assustasse.

Igor estava me encarando a bastante tempo, sorrindo as vezes, e talvez pensando no que ele está fazendo com uma garota maluca como eu.

— Por que está me olhando assim? — soltei o coelho, e me levantei colocando as mãos na cintura.

— Acho que estou ficando maluco — passou a mão no rosto — Estou apaixonado por você Nancy Miller.

979 palavras

Reaprendendo A AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora