Capítulo I

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Olá pessoas! Hoje começo a postar essa nova história que criei. Todo final de semana terá capítulos novos. Pode ser que eu poste só um capítulo, ou dois, se estiver dando resultados.
Espero que gostem...

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Acordo com meu despertador gritando.

Literalmente gritando. Foi o único 'toque' que defini que foi capaz de me acordar.

Acho que é porque lembra minha mãe. Ela sempre me acordava gritando dizendo que eu chegaria tarde à escola.

Ela morreu há dois anos e meio em um acidente de carro. Meu pai estava com ela, porém sobreviveu. O caminhão que causou o acidente bateu do lado do carona. Onde minha mãe estava.

Desde então meu pai se culpa por isso. Mesmo que ele não tenha culpa nenhuma.

Ele cuida de mim, mas é frio. Nossos diálogos se resumem em 'bom dia' e 'boa noite'.

Eu sou uma antissocial nata. Não consigo interagir com os meus colegas de classe. Talvez por ser tímida demais.

Não sou inteligente. Não mesmo. Prefiro manter minhas notas na média, dessa forma não chamo a atenção. Uma professora de português me disse que eu devo me esforçar mais se eu quiser fazer um curso superior. Porém, não dei ouvidos. Não quero ir para a universidade. Não sou boa em nada.

O meu hobby é ler. Amo ler.

Minhas paixonites de adolescência se resumiram a amar ao Júnior – personagem do livro "Cartas para Arthur" de Daiane Barboza – e Mark, do livro "Fim de Jogo" de Giovana Janainna. E ter o coração partido ao fim dos mesmos, pois cada um encontrou um rumo para vida.

Sim. Sou deprimente, eu sei.

Mas não me importo. Gosto da vida que levo. Mesmo que seja uma totalmente comum.

Após alguns minutos fico pronta – com isso quero dizer que vesti meu uniforme azul, calça jeans e tênis branco – e me olho no espelho.

Não tenho nenhum detalhe magnífico. Meu cabelo castanho claro, que ultrapassa o ombro, está desgrenhado. As mechas estão embaraçadas. Meus olhos castanhos estão ofuscados pelas olheiras que se instalaram por debaixo deles. Hoje estou mais branca do que o normal.

Deve ser o frio.

Rapidamente penteio minhas madeixas – só para disfarçar – e coloco um gorro preto.

É junho e o frio está forte esse ano – entenda como frio 14º C. Não julgue, Muqui é um lugar quente.

Olho para o calendário e vejo um círculo vermelho em torno da data '20/06' e uma anotação dizendo que amanhã é um dia importante que eu não devo esquecer.

Acho que já esqueci... Até o fim do dia me recordo.

Visto um casaco preto e coloco minha mochila nas costas. Na cozinha, como uma torrada que meu pai fez e engulo um pouco de café de ontem.

Minha casa fica a vinte minutos da escola. Então não preciso ir de ônibus – acho que tenho fobia de ônibus, então agradeço a escola não ser tão longe.

Hoje estou mais sentimental. Deve ser culpa da TPM. Enquanto ando, com os fones no ouvido tocando Bolero, de Maurice Ravel, observo cada detalhe do meu caminho rotineiro.

As árvores que foram plantadas quando eu tinha uns seis anos agora são grandes e pomposas. Os pássaros transbordam suas melodias suaves e o sol surge timidamente.

Ainda são 06h30min e é possível ver as gotas de orvalho em cada folha. Quando presto mais atenção até vejo a evaporação lenta e insistente, onde o calor do sol já se faz presente.

Quem É Eva?Onde histórias criam vida. Descubra agora