— Lara você tem que procurar ajuda! — Mateus está agachado e segurando minhas mãos firmemente — Já se passaram três anos. — Ele leva a mão direita até meu rosto e suavemente enxuga as lágrimas — Oh minha princesa, não chore.
— É...é muito difícil esquecê-la — digo entre lágrimas.
— Eu sei disso, mas agora chegou a hora. Temos que seguir nossas vidas. Eu já te falei isso. O que você achou que viu hoje foi produto da sua imaginação. O remorso por não termos visto ela em um caixão, para confirmar que ela realmente se foi, nos corrói. Eu sei disso. Você acha que eu não fico triste também? — Ele faz uma pausa dramática antes de continuar — Claro que sinto. Mas não deixo esse sentimento dominar minha mente. Você tem que fazer isso também! — ele se levanta e faz eu levantar do sofá me puxando — Vamos tomar sorvete. Sorvete melhora o humor de todo mundo.
Mesmo a contragosto eu o acompanho.
Desde que Eva se foi Mateus tem sido meu esteio. Sempre me apoiando e me dando forças. Mesmo que ele também estivesse sofrendo. E muito.
Mas hoje vou me aproveitar do ombro dele.
Pensar ter visto a Eva na academia me deixou extremamente mal. Estou até cogitando a possibilidade de loucura.
Ainda bem que Mateus está de férias. Se ele não estivesse aqui comigo, não sei o que aconteceria.
Minha mãe não é uma boa ouvinte. Meu pai não para em casa.
Nem me arrumo antes de sair – o que prova o quão mal estou!
— Você está horrível maninha! — Mateus diz assim que entramos na sorveteria e as pessoas começaram a olhar em minha direção.
— Dane-se. Hoje beleza é o que menos importa para mim. — Digo e cruzo os braços emburrada.
— Vou fazer nosso pedido. Senta aí e me espere. — Mateus diz e sai andando.
Até parece que sou uma criança e vou sair correndo se ele não avisar.
Olho para o vidro que está do lado esquerdo e reflete minha imagem.
Realmente. Estou horrível.
Sorrio enquanto tento ao menos deixar meu cabelo no lugar.
— Você sabe que sem um pente você não vai conseguir fazer muita coisa, né? — Mateus se senta à minha frente e me encara enquanto segura os dois sorvetes de casquinhas.
Ele nem precisa perguntar de qual vou querer, pois sabe que meu favorito é o de casquinha, sabor baunilha com morango.
— Quer apostar? — Encaro com expressão de desafio — Se eu conseguir ficar apresentável você me compra outro sorvete de casquinha.
— Fechado!
Solto meu cabelo – que estava preso em um rabo de cavalo mal feito – e abaixo a cabeça jogando-o todo para frente. Passo meus dedos para desembaraçar e em seguida, com um movimento rápido, eu o jogo para trás e passo os dedos da mão direita nele, da esquerda para a direita. Quando os dedos chegam às pontas eu balanço levemente. Para finalizar, passo o dedo indicador por minhas sobrancelhas, cílios e na área abaixo dos olhos.
Faço uma expressão sensual, olhando levemente para cima.
Quando olho para a mesa a frente, um rapaz moreno e musculoso está me olhando embasbacado.
Eu pisco para ele e sorrio, antes de voltar a encarar meu irmão.
— E então? Como estou?
— Lara, você não é normal. — Mateus sorri e então me entrega o sorvete. — Eu não sei se fico mais impressionado pela sua coragem de fazer toda essa estripulia dentro de uma sorveteria ou por ter realmente funcionado.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Quem É Eva?
Fantasía⚠Obra Registrada na BN⚠ ⚠Plágio é crime⚠ Este livro possui versão física pela Editora Viseu ❤️ Olá... Nesse momento eu sou apenas um espectro. Um bem real e que até fez o Jonathan quase enlouquecer. Eu não sei como morri e nem sei quem eu sou. Mas...