Capítulo XII

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— Preparada? — pergunto a Eva.

— Acho que sim. — ela respira fundo.

— Podem entrar. — Lara diz abrindo a porta.

A casa de Lara é muito bonita e luxuosa. Os móveis transparecem seus valores altos. A decoração também é muito aconchegante. Há vasos que lembram peças artesanais dos povos antigos. O lustre é de vidro. Os quadros estão bem colocados nas paredes, de maneira que suaviza a visão.

— Uau, sua casa é linda! — digo por fim.

— Nada demais... — ela diz confiante — Espere, cadê a Eva?

Olho para os lados e não consigo vê-la.

— Será que ela desapareceu novamente?

— O que isso quer dizer? — Lara diz assustada.

— Ela desaparece sem querer, algumas vezes. Não consegue controlar, sabe?

— Mas por que isso acontece? — Lara fica com uma expressão interrogativa.

— Não sabemos. Isso aconteceu depois que descobrimos que ela foi assassinada. E quando fui me encontrar com a professora. — penso por um instante — Pensando bem, sempre que isso acontece ela volta para o lugar de origem dela.

— Quer dizer que ela sofre um reset? — Lara questiona.

— Ela não se esquece do que aconteceu, mas sim, ela volta para a casa dela.

— Venha, sente-se aqui. — ela aponta para o sofá — Vou pegar algo para você beber. — ela inspira — Pelo visto vamos ter que voltar para lá também.

— Sim, acho que sim. — sorrio.

Ela volta após alguns minutos com uma jarra de suco e dois copos. Também trás bolo.

— É bolo de cenoura. Coma. Precisamos de energia. — ela fala me entregando o copo com o suco amarelo — É suco de manga. — ela diz quando fico olhando para o copo.

— Obrigada. — pego o copo da mão dela.

— Pensando bem agora, eu sinto um pouco de pena. Da Eva, quero dizer. — ela acrescenta quando a encaro interrogativo — Ela se tornou lamentável. Deve ser muito triste viver sem lembrar-se de nada. Aliás, viver nem é a palavra certa.

— Sim. Penso nisso às vezes. — solto o ar preso em meu pulmão.

— Será que a culpa é minha?

— O que você quer dizer? — sou pego desprevenido.

— Será que sou eu quem a fez ficar presa aqui? — ela se senta ao meu lado no sofá — Por ficar arrependida por não ter me despedido e não querer me desprender.

— Não acho que seja isso. — falo para confortá-la — Não sou um bom entendedor de fantasmas, mas acho que só esse desejo de ter o ente querido por perto não o faz ficar preso assim.

— Espero que esteja certo. Nunca vou me perdoar se descobrir que a culpa é minha. Que ela ficou presa a terra por meu egoísmo.

— Fica tranquila. — no impulso levo minha mão ao ombro dela.

Ela me encara. Os olhos verdes parecendo duas bolebas.

Ela é tão linda.

— Espero que a Eva não pense que a culpa é minha.

— Claro que ela não...

— O que vocês disseram? — o irmão de Lara aparece na sala — De quem vocês estão falando?

Quem É Eva?Onde histórias criam vida. Descubra agora