Patinho Feio.

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Emma viveu em diversos lugares diferentes ao longo de sua vida. Desde o berço, nunca foi querida, nunca foi amada. Mesmo agora sabendo a verdade sobre suas origens, percebeu que logo após sua partida, sua família entrou em transe e perdeu suas memórias. Não se lembravam dela, não sabiam que havia mais uma pessoa no mundo que deveriam amar.

Uma das melhores famílias que ficaram com si, não era boa por cuidar bem dela, mas porque o quarto em que dormia tinha uma janela que lhe dava a visão perfeita do parque ali perto. Poderia ficar horas ali, apreciando a visão do verde da grama e do azul do céu. Mesmo com o céu nublado, o cinza tinha sua própria beleza peculiar. Emma podia jurar que aquela era a vista mais bonita que já havia presenciado. Isso até ela viajar no tempo.

A grama a sua volta era verde vivo, o céu era o mais azul que já havia visto. As montanhas lhe cercavam com sua beleza natural, enquanto o vento bagunçava suas mechas loiras. Com os olhos fechados, não lembrava a última vez que havia se sentido tão bem com si mesma, que sua alma estivesse tão calma. Respirava fundo e sorria discretamente quando o vento ficava mais forte. Suas roupas eram simples, com um colete azul e calça bege. Aparentemente, Regina havia se lembrado da noite passada, quando viu o desconforto na feição de sua convidada ao usar aquele vestido. Então arranjou as peças que pareciam ser mais confortáveis, como as roupas que Emma usava em seu “reino”. Tal ato fez o coração da Salvadora bater mais rápido.

Usou aquele pequeno espaço de tempo que tinha antes de voltar para sua “missão” para pensar. Pensar em tudo e em todos, especialmente na futura prefeita de Storybrooke. As memórias piscavam em sua mente, passando como flashes, a fazendo lembrar do que sentiu em cada um daqueles momentos. Quando chegou em Storybrooke, quando seus olhares se encontraram pela primeira vez, quando suas mãos se tocaram naquela mesma noite; quando cortou sua macieira, coisa que Emma ria até hoje  ao lembrar; quando Henry foi sequestrado, quando Regina tentou lhe ensinar magia... aquilo tudo já estava lá? Não foi algo plantado recentemente? Eram perguntas que Emma fazia a si mesma em silêncio. Ela não queria admitir o que sentia. Talvez fosse melhor deixar tudo aquilo de lado.

— Esse é um dos meus lugares favoritos em todo o reino... — a voz rouca da Rainha soou atrás de si, a fazendo se virar quase que instantaneamente. — É possível ver o reino inteiro...

E era verdade.

Aquela pequena montanha em que estavam lhes permitiam apreciar os pequenos vilarejos do Reino, mesmo que elas estivessem minúsculas pela distância. Regina estava com um vestido simples, mas digno de uma Rainha. Ela se aproximou de Emma e sentou-se ao seu lado, sem perder a postura. Ela encarou o horizonte junto à loira.

- É a visão mais linda que eu já tive... – falou Emma. – Obrigada pelas roupas.

A morena sorriu sem a encarar.

— Não é necessário agradecimentos por algo tão simples...

O silêncio pareou entre as duas. A vista e a companhia uma da outra estava sendo aproveitada no momento. Após um longo suspiro, a Rainha se pôs a falar:

— Sinto muito pelo que ocorreu ontem... não devia ter fugido daquele jeito...

— Eu quem deveria sentir muito — deu um pequeno sorriso. — Aquilo não deveria ter acontecido.

— Não sinta — a loira finalmente lhe olhou. — Não se sinta mal por ontem.

— O que isso significa?

A morena suspirou e lhe encarou com um pequeno sorriso. Um sorriso que nem ela mesma sabia o significado.

— Eu não faço ideia — respirou fundo e voltou seu olhar para o horizonte. — Apenas não sinta.

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