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Dois anos depois

   Abro os olhos vendo o teto desgastado da velha casa em que moramos, olho para o lado e vejo Gabriel dormindo, levanto me sentando no colchão sujo e sem lençóis.

- Gabe? - Tento acorda-lo e falho, me aproximo vendo que ele estava tremendo. - Gabriel?

   Coloco a mão em seu ombro e chocalho levemente, percebo que ele está suando e checo a temperatura, estava ardendo em febre.

   Me desespero e saio do pequeno quarto, vou ao banheiro e pego um balde de água gelada, volto ao quarto e me agacho ao lado de sua cama, molho uma das minhas camisetas colocando-a sob sua testa e ele chia baixinho com o contato da malha gelada sob a pele ardente.

- Droga, Gabriel! Você tá ardendo em febre... - Digo irritado porém preucupado.

   Deixo-o com a camiseta na testa e saio, eu não conseguiria cuidar dele, pego o papel amassado e desdobro cuidadosamente pegando o orelhão e colocando o cartãozinho, disco os números sentindo os botões gelados contra minha pele, meu queixo batia de frio e minha pele arrepiava.

- Alô? - A voz cansada atendeu.

-Tio Bobby? Estou com problemas... - Digo nervoso.

- Hey Castiel, o que foi? - Perguntou preucupado.

- Gabe está doente novamente e eu não sei o que fazer... - Digo rapidamente e ele suspira.

- Estou indo para ai. - Ele diz rapidamente e ouço-o mexer em algumas coisas.

- Obrigada Bobby...- Agradeço e ele ri se despedindo.

- De nada criança, chego aí em algumas horas. - E então desliga.


  Volto correndo para a casa cuidando para que ninguém estivesse nos vendo, abro a porta e a fecho colocando o sal novamente.

- Estou em casa. - Aviso para o nada e vou a cozinha pegar algo para comer, acabo achando alguns biscoitos e levo-os para o quarto, apenas as velas iluminando o corredor escuro e sujo.

   Me sento ao lado de Gabe e molho a camiseta novamente, acaricio os cabelos dele suavemente lembrando do dia em que nossos pais nos expulsaram de casa, suspiro e me deito ao lado do corpo quente de meu irmãozinho.

   Foi no começo do ano passado... Todos na escola já sabiam que eu era gay, só faltava eu me assumir para meus pais e foi o que eu fiz.

   Porém eles não reagiram como esperado. Meu pai me bateu muito naquela noite, eu saí de casa magoado, chorando e machucado, Robert me encontrou sangrando em um beco e cuidou de mim como se eu fosse um filho, no dia seguinte meu irmão fugiu a minha procura, quando o encontrei tentei faze-lo voltar mas ele não quis sair do meu lado e assim estamos... Robert, o cara que apelidamos de Bobby cuidava de nós como podia em segredo.

   Não pudemos ir com ele para a casa pois algumas pessoas iriam desconfiar, por isso ele nos trouxe a esta casa, ela pode estar velha e caída, mas pelo menos temos um teto.

- C.Cassie... - Gabriel me chama de olhos fechados e sei que é apenas um delírio.

- Shh tá tudo bem, descansa Gabe, Bobby tá vindo cuidar de você okay? - Digo em seu ouvido e ele se aquieta, fecho meus olhos novamente e durmo.

Fallen -DestielOnde histórias criam vida. Descubra agora