VII

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Lucio estava em sua cama, um grosso livro de paginas amarelas aberto na metade, estava escrito em uma das muitas línguas dos humanos, o rei estava realmente entretido, começou a ler o livro no meio da tarde, após a reunião com seus conselheiros e não parara desde então.

- E ele tinha na sua destra sete estrelas; e da sua boca saía uma aguda espada de dois fios; e o seu rosto era como o sol, quando na sua força resplandece... – lia em voz baixa.

- Meu rei, atrapalho-te? – era Agatha em pé no lado de fora do quarto

Lucio ergueu por olhos por um instante, e ignorou a intromissão da mulher.

- O que desejas garota?

- Vossa majestade está preso neste livro há três dias...

- Cala-te garota – o rei esfregou as têmporas e fechou o livro – onde está Abel?

- Meu rei, estamos sem noticias dele desde sua saída

Lucio levantou-se de sua enorme cama, estava nu devido ao calor daquela terra infernal, seus longos cabelos loiros reluziam a luz que entrava pela janela. Seu corpo brilhava devido ao suor, aproximou-se de Agatha. A mulher não escondeu seu olhar em direção a nudez de seu rei.

Lucio colocou uma mão na nuca da mulher, aproximou-se dela. A serenidade exalava de seu corpo. A pele negra de Agatha arrepiou-se ao toque de seu rei, estava em transe. Sentiu-se excitada. Queria tocá-lo, queria possui-lo, sempre quisera, seria esta sua chance?

- Agatha – a voz penetrava em sua cabeça, as mãos de Lucio se enrolaram nos cabelos negros da mulher, as bocas se aproximando e a respiração ofegante.

- Sim meu rei? – as respirações se encontraram, o coração da mulher disparava.

Então Lucio se afastou, os olhos cor de esmeralda se encontraram com o âmbar dos olhos da mulher. Sua vontade era beijá-lo .O rei sorriu e soltou-a.

- Da próxima vez que atrapalhar minha leitura com noticias infortunas sofrerá – o tom era serio.

O rei pegou uma de suas roupas, um manto branco, amarrou-o na cintura deuxando seu peito nu.

- Sabe Agatha, encontrei esse livro na estante de Sirius, ele foi escrito pelos humanos. – voltou-se a garota que continuava afetada pelo simples toque do homem presente no quarto – este livro contem algumas semelhanças conosco.

- Semelhanças?

- Um grande criador, com poderes ilimitados, acredito que este é a resposta. – pausou um momento para refletir – creio que este pode ser o Imperador. Em resumo, mulher, eu irei procurá-lo em meio aos humanos

- Mas majestade...

Lucio se irritou com a intromissão da mulher e deu-lhe um forte tapa no rosto.

- Não me atrapalhe e saia do meu caminho – Lucio atravessou o quarto chegando ao corredor de quadros.

Olhou para o quadro de Vitor.

- O ultimo monge, aproveite sua curta vida, corvo insignificante.

- Vossa majestade irá ao mundo humano sozinho?

O rei olhou por cima do ombro, os cabelos se moveram como nuvens douradas, virou-se para a mulher.

- Este livro foi escrito com as letras humanas, a resposta está lá, partirei de imediato. – o tom de Lucio dizia quer não queria mais ser interrompido.

- Mas meu rei... – Agatha sabia o risco que corria – se os outros reis souberem...

- Por isto não saberão – tocou seu ombro novamente, a pele negra reluzia graças as luzes, estava com os cabelos presos, fixou-se nos olhos, misteriosos e oblíquos, principalmente quando o olhava – não é mesmo?

Vitor Salavar - Os Quatro ReisWhere stories live. Discover now