- Um irmão? Mas tu és filho único- disse eu confusa
- Pois eu também pensava que sim- disse ele
- Mas como é que sabes?- perguntei eu
- O meu pai ligou-me a dizer que me tinha de contar uma cena importante- disse ele
- Mas nem sequer perguntou onde estavas?- perguntei eu
- Ele e a minha mãe já me tinham ligado ontem quando chegamos- disse ele
- Ah é que não me disses-te- disse eu
- Não tenho de te dizer tudo- disse ele rudeJá me estava a levantar para me vir embora porque achei que ele precisava de estar sozinho. Ainda antes de dar um passo ele diz:
- Desculpa, não te devia ter falado assim, tu não tens culpa- disse ele arrependido
- Não faz mal. Mas então e agora o que é que vais fazer?- perguntei eu
- Não sei faíscas. O meu pai e a minha mãe foram uns cabrões em me terem escondido isto- disse ele
- Não sejas assim, de certeza que têm um bom motivo. Não te disseram mais nada?- perguntei eu
- Não eu fartei-me de lhes perguntar se era de outro casamento ou pelo menos o nome dele e ele não me disse mais nada só disse que lamentava ter escondido isto de mim mas que foi o melhor- disse ele enervado
- Tem calma, quando o paizinho deixar de nos perseguir tu voltas para casa e tiras essa história a limpo- disse eu
- Não sei se consigo- disse ele
- Como assim?- perguntei eu
- Eu preciso de saber quem ele é- disse ele
- Mas como é que vais fazer isso?- perguntei eu
- Vou a minha casa- disse ele decidido
- Henrique estás-te a passar? Essa gente anda à nossa procura podem apanhar-te- disse eu
- Tem de ser. Imagina se fosse contigo- disse ele
- E imagino. Todas as noites me ponho a pensar no meu irmão que está em coma por minha causa, se está bem, se está vivo sequer. E no meu pai e na Catarina que foram levados. E achas que não me dá vontade de sair daqui e ir salva-los? Pois dá, dá e muita, mas sei que não posso porque aquela gente anda por aí- disse eu escorrendo-me lágrimas que fizeram curto-circuito com a minha cara
- Eu sei. Desculpa- disse ele
- Não faz mal- disse eu
- E olha não te gosto de ver a chorar sabes porquê? Porque fazes curto-circuito e depois explodes a casa- disse ele sorrindo
- Ahah, que parvo- disse eu
- Já te pus a rir- disse ele
- Devia ser ao contrário- disse eu
- Mas tu precisas mais que eu- disse ele olhando seriamente e sorrindo ao mesmo tempo
- Obrigada- disse eu retribuindoVoltamos para dentro e o Henrique pediu desculpa a todos. Pensei que fosse contar a história do irmão dele mas não o fez então eu também não disse nada. De seguida sentamo-nos todos na mesa e a Cátia e o Pedro começam a contar as novidades:
- Tenho a anunciar que consegui o meu primeiro trabalho! Secretária da Psp!- disse a Cátia feliz
- Parabéns!- dissemos todos menos o Henrique
- Ah, Cátia, não achas que vai ser um bocado mais fácil a polícia descobrir tudo estando tu a trabalhar lá?- disse o Henrique
- Pois, eu também pensei nisso mas assim vai ser muito mais fácil encontrar a minha filha através dos registos da esquadra! E além disso vamos ter um caminho livre para o Pedro entrar e falsificar os bilhetes de identidade- disse ela
- Falsificar?! Nem pensar! Tu sabes que isso é crime Cátia- disse o Pedro nervoso como sempre
- É a única maneira que temos para passar-mos por uma família normal- disse ela
- Então e tu papá?- perguntou o Carlitos entusiasmado
- Olha filho, eu não consegui arranjar nenhum trabalho porque a Helena Ferreira não me deixava sair de casa- disse ele
- Então mas afinal o que é que ela queria?- perguntei eu
- Queria que eu cuida-se do Borja quando ela e o Joaquim estivessem fora- disse eu
- Que bom! Então já tens um trabalho?- perguntou a Cátia
- Pois parece que sim. Apesar de não me pagar assim tão bem- disse o Pedro
- Pedro a babysitter ahaha. Mas porque é que não pedem à Raquel?- perguntou o Henrique
- Dizem que ela é irresponsável. Não te faz lembrar ninguém?- disse o Pedro na brincadeira
- Ahah que engraçado. Eu e ela somos bem parecidos, nem imaginas quanto- disse o HenriqueAdmito que fiquei desconfortável com o que ele disse mas contive-me para não acender nenhuma luz e não sei como mas até consegui. Aliás, até acho que sei, mal o Henrique acabou de terminar a frase a Cátia continuou a conversa:
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Pequena Vida, Grande História
Ficção AdolescenteEsta História relata a vida de uma rapariga com poderes que se junta a uma família de pessoas que não são do mesmo sangue e que vive um amor impossível com o seu amigo.