Shawn
Babygirl: por que você não pode subir?
Eu: porque vamos sair :)
Eu: use seu moletom mais bonito
Suspirei ao intercalar o olhar entre meu celular na mão direita e a rosa mal colhida do jardim da minha mãe na esquerda, tentando descobrir se eu os encarasse por tempo o suficiente, tudo iria se resolver em um passe de mágica. Só desviei o olhar ao me sentir observado. Levantei a cabeça e encontrei Carlos, o porteiro, sendo pego no flagra, me obrigando a cumprimentá-lo com um mero sorrisinho envergonhado, que foi retribuído com um aceno. Guardei o aparelho no bolso da calça e rezei para que Ellie não demorasse a se aprontar. Eu ainda estava envergonhado pela confusão de socos que participei junto com aquele ser que o nome não merece ser dito, mas ainda não conseguia me sentir arrependido, admitindo a todos - menos para Andrew - que faria tudo de novo.
Saber que minha garota foi forçada a fazer algo que ela não queria ardeu como um chute no estômago. Acho que nunca me senti tão transtornado em toda minha vida e isso ficou claro quando nem minhas ações eu fui capaz de medir. Eu me senti incapaz. Sua feição de choro e seu desespero quando me contou algo que vinha a atormentando doeu tanto que nem ao menos consigo descrever. Mesmo que Ellie tenha me feito desacreditar nisso por breves momentos quando se deitou comigo e repetiu que a culpa não era minha. E eu parei de focar no que eu estava sentindo, para focar na sua dor, que era visível por quilômetros de distância.
Foi minha vez de repetir que a culpa não era dela.
Na verdade, fiquei surpreso por saber que Ellie se sentia culpada. Mesmo que seja algo de seu feitio carregar tudo nas costas, nem em um milhão de anos imaginaria que logo ela se sentia culpada pelo que aconteceu. Essa informação me fez ter ainda mais vontade de procurar Edward - nem que seja no inferno - e terminar de quebrar sua cara.
E, como sempre há um jeito de ficar pior, ainda tinha a questão em que a mídia estava caçando-a como uma presa. Eu sentia vontade de ir até Boston, mais precisamente, no lugar favorito de Ellie, e gritar até não ter mais voz. Era frustrante ter que esperar sentado as coisas voltarem ao normal enquanto tudo ao nosso redor cai aos pedaços. Eu sentia tudo desmoronar em pequenas porções mortíferas que perfuravam meu coração a cada bombeada.
Eu contei isso para Geoff e ele me mandou deixar de ser tão melancólico.
Foi quando decidi tentar parar de responsabilizar o universo pelo que acontecia comigo e parar de esperá-lo organizar o que bagunçou. Essa nova chama de determinação veio juntamente com uma nova notícia.
Eu iria me mudar. Hoje de manhã, Andrew me mandou uma mensagem dizendo que precisávamos nos mudar para Los Angeles, ao menos temporariamente, para que a realização do meu novo álbum tenha todas as porcentagens de dedicação possíveis. Eu não hesitei em concordar, tendo em vista a importância que traria para minha carreira, recebendo o apoio da minha família para fazer o que achar melhor. Meu empresário já organizou tudo para que a mudança ocorra em menos de um mês. Um mês. Eu tinha um mês para aproveitar minha relação na fase mais normal com Ellie e um mês para ela ver como Los Angeles é um máximo e vir morar comigo.
Eu iria convidá-la para morar comigo. Não vou dar detalhes de como a Aaliyah surtou com essa notícia.
- Vai me perguntar se vou deixar morrer ou crescer? - Ouvi a voz de Ellie e logo desviei o olhar da rosa, abrindo um sorriso ao vê-la.
Minha namorada não usava um moletom como eu havia proposto. Seu corpo estava coberto por um vestido preto com uma estampa de constelações que eu não poderia classificar, juntamente com um casaco e botas que eu nunca havia visto. Mas eu não dei muita atenção para sua roupa e logo migrei o olhar para seu rosto, que tinha uma expressão divertida pela minha breguice em trazê-la uma rosa, mesmo que ela amasse todos os meus atos de pura breguice. Seus cabelos acobreados dançavam de acordo com o vento gelado e eu engoli em seco ao realizar que o sorriso que seu rosto insistia em mostrar, não condizia como ela estava se sentindo por dentro. Eu poderia sentir.
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There's Nothing Holdin' Me Back
Fanfiction{concluída} Ellie Bamber é pressionada pela família para se tornar uma médica, assim como todos eles. Seria mais fácil se ela não quisesse seguir uma carreira de fotógrafa e seria ainda mais fácil se ela não começasse a agir por conta própria. E a...