Capítulo 3

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Owen

— Quando você vem? — perguntei a Linda. Sentia a sua falta. Parece que agora ela se encontrava em algum campo de refugiados na África.

Não sei Owen, ainda tenho muito trabalho nesse campo e depois vou para outro. Espero que entenda. — sua voz ecoou pela caminhonete enquanto voltava para a fazenda depois de uma negociação lenta e demorada. Passava das onze da noite e o cansaço tinha caído em minhas costas.

— Eu entendo todo esse altruísmo que você tem Linda, mas eu sinto sua falta. Eu estou ficando velho e quero uma família — disse frustrado, tentando manter focado na estrada à frente. E para completar, eu teria uma visita inesperada em casa. Aparentemente teria que ser uma espécie de tutor para uma garota mimada de Nova Iorque.

Eu sei, amor. Assim que terminar aqui eu juro que vou voltar e vou dar a família que você tanto quer. — Podia ouvir o seu sorriso e acreditei nela.

— Não estou te pressionando Linda, mas eu quero você aqui do meu lado, não em outro continente. Você não ficou muito tempo aqui na fazenda comigo e arranjou um jeito de fugir.

Eu prometo que dessa vez eu vou para ficar, Owen. Preciso desligar, o tempo de ligação aqui é curto e tem pessoas na fila querendo usar o telefone. — ela disse e eu sabia que no fundo ela estava frustrada também, pois era a coisa que ela mais gostava de fazer, ajudar as pessoas, mas ela também queria estar aqui ao meu lado, e estávamos nos matando lentamente com isso.

— Tudo bem, eu vou esperar — disse cansado.

Eu te amo, Owen.

— Eu também.

Desliguei o telefone e suspirei mais uma vez frustrado. Estava há vários meses sem sexo, nem me lembrava de quanto tempo fazia. Estava cansado de esperar, mas se Linda prometeu que voltaria, ela o faria.

Com trinta e dois anos eu queria uma família, ter filhos, mas estava a espera por Linda. Ela era enfermeira e desde que descobriu que poderia ajudar refugiados, Linda fugiu da fazenda me deixando aqui sozinho. Acho que a vida na fazenda a deixou um pouco claustrofóbica.

Cheguei e a casa estava toda apagada, por isso segui para o meu lugar favorito no mundo: o sótão em cima do celeiro que eu tinha transformado na minha casa. A cama ficava no fundo, com uma janela enorme de vidro que adaptei apenas para apreciar a vista das montanhas, um banheiro e uma enorme sala. Subi a pequena escada e me joguei na cama, cansado, frustrado e feliz pelos negócios terem dado certo e toda a lavoura de cevada vendida para uma cervejaria famosa.

Fiquei olhando para o teto e fechei fortemente os meus olhos quando me lembrei da menina que ficaria um tempo aqui na fazenda, vinda de Nova Iorque. Ri um pouco. Era um bom castigo coloca-la para fazer algum trabalho braçal. Não que eu gostasse, mas assisti-la dando comida aos porcos seria divertido.

***

— Bom dia, filho. — Às cinco da manhã em ponto eu estava na cozinha para tomar café. A minha mãe andava com maestria pela cozinha preparando toda a mesa. Todo dia era assim, um banquete para começar o dia bem. Ela bem conhecia os seus dois filhos e sempre fez questão de manter Troy e eu bem alimentados. O trabalho e a correria do dia a dia nos consumiam muito.

— Bom dia, mãe. — Dei um beijo em sua testa e me sentei para comer.

— A menina chegou.

Ela disse e dei de ombros. Uma menina mimada que eu teria que ser babá e cuidar. Além de não saber nada, ainda teria que alertar todos para que ficassem de olho nela. Um vacilo e isso poderia ser fatal. Com a venda da lavoura e a necessidade do descanso da terra para a próxima safra, eu ficava um pouco mais livre para voltar a dar as minhas aulas e laçar.

Owen Hart - Cowboys de ferro vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora