Owen Hart - Cowboys de ferro vol. 1

Prologo

Anne

Mesmo depois de tanto tempo vivendo aqui, ainda não havia me acostumado com o ritmo frenético com o qual a cidade se movia, mas Nova Iorque era Nova Iorque. Todos estão sempre correndo, atrasados para o trabalho ou para qualquer outro compromisso. A cidade que nunca dormia. O céu pintado de cinza no inverno deixava minha pele arrepiada mesmo por baixo do casaco de pele sintética que eu usava. Tudo aqui era intenso demais e mesmo com a iminente neve, não deixaria de usar meus Louboutins e um lindo vestido Versace rosa pastel. Amanhã apareceriam algumas críticas nos principais blogs de fofocas e moda do mundo. Desde pequena sempre que coloco os meus pés na rua uma multidão de fotógrafos se aglomeram para ter uma foto, a herdeira dos Ward.

Os Ward, como os meus pais gostam de ser chamados, são provenientes de uma grande família de investidores. Meus pais mantinham um conglomerado de empresas em suas mãos e são especialistas em capital de risco. Com isso, eles ficaram conhecidos em todos os lugares. Para o resto do mundo, nós somos a família perfeita, mas atrás dos bastidores, ser um Ward é um verdadeiro fardo.

Minha mãe queria moldar a minha vida do seu jeito e me transformar em uma perfeita dama. Eu perdi as contas de quantos homens de famílias influentes tive que rejeitar, pois ela insistia em jogá-los no meu colo. Também não era o melhor exemplo de mãe. Não sei dizer ao certo quando isso começou, mas meus pais começaram a manter seu foco em James e isso me deixava magoada, pois de certo modo eles também mantinham o seu foco em mim, mas de uma maneira negativa. Fazia qualquer coisa para chamar a atenção deles, mas o que eu sempre ganhava era desaprovação atrás de desaprovação. Mas eu sabia o motivo de todo esse distanciamento da minha mãe, ela sempre queria fazer tudo para agradar o meu pai e isso tornou dela uma mulher fria e calculista para tudo o que fazia na vida. Meu pai não queria uma filha, ele queria filhos do sexo masculino para perpetuar seu império e nunca deixar o nome Ward morrer. Para ele, as mulheres eram incapazes e serviam apenas para casamentos, mas eu estava aqui para mudar essa visão dele.

Acredito que eu representava o fracasso da minha mãe em dar mais filhos homens ao meu pai e ao ter que encarar esse fracasso diariamente a enchia de raiva, por isso sempre a insistência em me casar logo. Porém, eu queria mais que isso e precisava encontrar a coisa que me faria feliz nessa vida.

Entrei no escritório o mais rápido que pude para fugir do frio e dos paparazzi. Meu grande amigo e parceiro de balada, Rick, me recebeu em um caloroso abraço. Ele era diretor de uma das maiores marcas de moda de alta-costura da atualidade, a Empório Armani.

— Como vai, Anne? — ele me cumprimentou com dois beijinhos no rosto e se sentou em sua imponente cadeira preta. Atrás dele, uma enorme vista de Nova Iorque. A vista era de tirar o fôlego e eu conseguia visualizar claramente o meu futuro em uma sala com uma visão arrebatadora como essa. Os letreiros da Time Square funcionando 24 horas me tiravam o fôlego. Aqui era onde os sonhos eram feitos, nessa maravilhosa selva de pedras.

— Vou muito bem, mas vamos ao que interessa, já que não precisamos de formalidades.

Ele me deu um sorriso cúmplice e foi logo pegando um monte de papéis em sua mesa.

— Eu liguei e pedi que viesse com urgência. Eu te prometi quando entrou na faculdade de moda que estagiaria comigo, enquanto se prepara para sua futura grande marca. — Suspirei aliviada, meu pai ficaria orgulhoso quando soubesse que eu tinha conseguido meu tão sonhado estágio. Queria correr e ir contar para ele.

— Você sabe que quando eu montar a minha marca, eu quero que você seja o conselheiro de tudo. — Ele concordou comigo. Rick era gay e meu melhor amigo. Ele era diretor criativo e era responsável por desenhar todas as coleções. Nossa relação era de confiança mútua e eu sabia que na próxima primavera, teria liberdade para criar o que desejava e Rick colocaria meu nome nos créditos.