Capítulo 10.

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| H O P E |

Já havia se passado um mês desde o meu estupro e, depois disso, só me lembro de ter acordado no hospital com Noah ao meu lado.

Todas as noites eu sonhava com Josh me invadindo de maneira nojenta enquanto me tirava o ar com as mãos ao redor do meu pescoço. Uma, duas, três, até eu acordar chorando.

Já fazia um mês que eu via Noah entrar no meu quarto assustado. As vezes confundia seu toque em meu braço com o de Josh e acabava tendo uma crise. Minha mãe me acalmava pelo telefone quando era madrugada e chegou a vir aqui.
Noah se culpava, lamentando - se pelo ocorrido. Mas não tinha como ele advinhar que isso aconteceria comigo. Quem poderia me ajudar, me virou as costas. Dylan em nenhum dia veio aqui para falar com Noah ou saber se eu estava bem. Decepcionada e magoada, uma parte de se encontrava assim. A outra era culpada, suja, dolorosa e escura.

Com Dylan eu não apenas abri as pernas, mas sim a alma. Já Josh me invadiu destruindo e levando a minha luz. Era como se eu fosse uma morta viva, tinha vergonha de mim, de olhar para o meu corpo. Suja.

Um mês que eu como e corro para o banheiro. Um mês que eu tenho tonturas e desmaios. Um mês. Eu tinha medo de que essas coisas fossem um sinal. Um sinal para algo indesejado. Noah dizia que era pelo estresse, querendo me levar ao hospital, mas eu sempre dava um jeito de fugir.

Hoje eu voltaria para a Faculdade, ou era isso ou eu iria ter que tranca - la e a última opção não era válida para mim.
Me arrumei e desci para encontrar Noah, ele havia se tornado um irmão mais atencioso, preocupado, me ajudando em tudo. Apesar dos apesar, eu sabia que na vida, o único amor que eu teria era o da minha família.

- Acho que vamos ter que comer no Coffee Dills. - Noah também estava arrumado, me estendeu uma jaqueta preta e saiu me puxando. Sentei no banco do passageiro sentindo já a tontura tomar conta de mim. Coloquei a mão na testa e fechei os olhos.

- Você está bem, Hope?

- Sim. - menti - Não se preocupe Noah, estou bem.

Paramos em frente ao Coffee Dills, Noah desceu do carro me esperando. Respirei fundo e abri a porta, desci do carro e logo após fui de encontro a escuridão.

(...)

Abri os olhos e vi o teto branco. Deitada em uma cama de hospital, virei minha cabeça para direta dando de cara com Noah.

- Você está bem? Vou chamar médico - saiu em disparate sem dar espaço para eu responder. Estava com medo, muito medo. Não queria confirmar as minhas suspeitas. Uma criança? Não. Um fruto de estupro? Um filho de Josh? Como eu iria enfrentar isso? Da onde eu tiraria tantas forças? Minha mãe... Ela ficaria ao meu lado? Noah ia me fazer abortar. E Dylan? Não se importaria comigo. Com toda certeza.

Como eu criaria uma criança? Se a minha mãe me desse as costas, com qual dinheiro? Os da corrida? Não. Nem para esse local eu não poderia mais ir.

Meu peito subia e descia. Estava ansiosa com o que o médico falaria. De repente uma mulher que aparentava ter uns cinquenta anos surgiu no quarto e logo atrás dela, Noah.

Meu irmão olhava para mim com pena, suas mãos no bolso e calado. Tentou abrir um sorriso mas foi em vão. Já a mulher estava alegre, seu rosto enrugado carregava uma expressão leve, abriu - me um sorriso e segurou as minhas mãos.

- Ótimo que você acordou, senhorita. De agora em diante vai ter que se cuidar mais. Parabéns, você está grávida!

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