Capítulo 1.

179 15 3
                                    

UM ANO ANTES | D Y L A N |

Estacionei a moto na calçada, não era a minha intenção demorar.

Hoje era o meu aniversário, sabia que a minha mãe juntamente com Liam, meu irmão mais velho, iriam estar na cozinha com um bolo para me felicitar e como se eu tivesse 12 anos, eles cantariam "Parabéns Pra Você" e "Com Quem Será". Minha mãe me apertaria tanto que eu ficaria sem ar e meu irmão começaria a me constranger na frente dela.

Todo ano era assim.

Liam estava na faculdade e eu terminando o ensino médio. Ele era o esforçado, dedicado, o exemplo da família. Já eu... Bom, eu era o oposto. Liam havia completado 22 anos e eu 19. Eu tinha reprovado por faltas, enquanto ele estava no quase terminando o seu curso.

Vivíamos bem.

Me aproximei de casa tirando a chave do bolso, quando algo me chamou atenção.

Um grito.

Coloquei a mão na maçaneta e abri a porta de uma vez, entrei na sala e o grito se tornou mais alto. Quando cheguei na cozinha, engoli em seco. Tinha certeza que aquela cena jamais sairia da minha cabeça.

Minha mãe estava no chão, morta, seu rosto um pouco deformado e seus olhos abertos. Seu corpo frágil banhado de sangue e uma de suas mãos sobre o corte. Meu bolo se encontrava no chão, totalmente destruído e Phil, meu pai, com as mãos ao redor do pescoço de Liam, o enforcando e gritando em cima do seu rosto.

- Larga ele, caralho! - Com minha respiração acelerada, fui para cima dele o empurrando. Já não tinha controle sobre o meu corpo. Ouvi um gemido de dor e desviei minha atenção para Liam caído, tossindo e começando a ficar roxo, alisando seu pescoço, lutando para respirar.

Senti um soco em meu maxilar, depois outro e mais outro.

- April que quis para as coisas serem assim! Eu a avisei, disse que mataria todo mundo se ela não me entregasse o dinheiro! - gritou descontroladamente. Meu pai era um cara da pior espécie, um merda. Usuário de drogas incontrolável, já tinha se perdido a anos nesse mundo nos deixando para trás. As vezes ele aparecia somente para ameaçar a minha mãe, Phil a espancava e sumia com todo o nosso dinheiro. Eu e Liam escondemos nossas economias e o dinheiro da casa passou a ficar comigo já a algum tempo, justamente por causa dele.

Consegui desviar da sequência de socos e revidar. - Vai para o inferno, desgraçado! - gritei com todo o meu ódio. Estava atordoado demais com a situação, nervoso, como se não bastasse se alto destruir, meu pai estava acabando com a melhor parte de mim.

Já não sentia mais as minhas mãos, certo momento ele pareceu recuar, quando pensei que ele tinha tido um lapso de lucidez, me afastei.

Esse foi o meu erro.

Achar que Phil teria qualquer compaixão por mim. Em um movimento rápido cravou a faca em meu abdômen, ao sentir a dor, caí de joelhos sem forças. Ele ergueu a faca para me matar e em segundos Liam estava o atacando por trás.

Eles entraram em uma luta corporal, porém Liam estava em desvantagem. Eu não conseguia levantar, o sangue escorria demasiadamente e a dor era absurda.

Em meio aqueles chutes e socos, Liam caiu, dando a chace a Phil, meu pai, pegar a faca novamente. Ele estava louco, fora de si. Com os olhos vermelhos, babando e cheio de sangue. Queria ajudar Liam, o salvar, mas não conseguia me mexer. Com tamanha brutalidade, a arma branca atravessou o peito de do meu irmão. Em seguida vieram as sequências de facadas pelo abdômen de Liam.

Escutei um estrondo antes antes de apagar de vez e me perder na minha eterna escuridão.




HOPEOnde histórias criam vida. Descubra agora