05. a garota e a lata de lixo

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⠀⠀⠀⠀PETER PARKER DEFINIRIA aquela semana como esquisita. No mínimo. E ainda era apenas quarta-feira.

Tudo estava bem em Nova York até aquela semana começar. Bem até demais. Ele tinha praticamente implorado ao Universo para que alguma coisa interessante acontecesse, porque precisava provar a Tony Stark que também era capaz de lidar com as ameaças enfrentadas pelos Vingadores. Os assaltos continuavam com a mesma frequência, mas Peter precisava de um problema de verdade para esquentar a cabeça. E enquanto nada de interessante acontecia, suas férias foram resumidas a uma busca incansável por qualquer tipo de tribulação pela cidade, ajudar senhoras a atravessar as ruas movimentadas e gravar correios de voz para Happy Hogan (porque ele raramente atendia suas ligações). Agora, com as aulas de volta, a monotonia pareceu se multiplicar.

Então segunda-feira chegou e, com ela, um carro em fuga por uma das avenidas mais movimentadas do Queens. Até aí, tudo bem — nada fora dos parâmetros de Nova York. A surpresa veio somente na tarde do dia seguinte, uma terça-feira que tinha tudo para ser comum.

Peter passava os fins de tarde vagando pela cidade em busca de qualquer coisa. Qualquer coisa mesmo. Naquela terça, mais conhecida como ontem, Peter tinha acabado de ajudar um menininho a resgatar seu gato preso em uma árvore — não era exatamente a atividade mais heróica do mundo, mas o sorriso da criança no final fez valer a pena — quando escutou as sirenes de polícia soando por perto.

Outro assalto.

Esse aparentava ser mais elaborado do que o cara com o carro em fuga. De acordo com o pouco que Peter conseguiu descobrir quando a poeira abaixou, os bandidos tinham invadido e assaltado uma joalheria caríssima e a polícia os interceptou no Queens. Mas o problema estava no tipo de arma que eles usaram.

Peter nunca vira nada semelhante. Era uma arma modificada, como aquelas que ele via nos seus filmes preferidos de ficção científica. Mas, infelizmente, essa era bem real, e ele teve o desprazer de descobrir a desagradável destruição que um disparo poderia causar.

E, para além disso, outra coisa martelava a mente do garoto.

Era curioso que Blake Harrington estivesse presente nas duas ocasiões: tanto no ocorrido na avenida com o carro em fuga quanto em toda a loucura com a polícia e os assaltantes do dia anterior. Parando para pensar, se Peter ganhasse uma moeda sempre que a encontrava em uma situação de perigo, ele teria duas moedas; o que não significava muito, mas era estranho que tivesse acontecido duas vezes em tão pouco tempo.

Ele não conseguiu testemunhar o ocorrido do início ao fim, mas a viu ajudar uma garotinha que não devia passar dos sete anos. Peter tentou fazer alguma coisa, tentou mesmo. Seu primeiro instinto era correr até elas, tirá-las de lá e, assim, garantir que estivessem seguras longe dali. No entanto, precisou lidar com os dois bandidos, aquela arma esquisita e, infelizmente, com a polícia também.

Sério, por que aqueles caras não entendiam de uma vez por todas que ele estava lá para ajudar?

O fato é: a situação era horrível, mas pelo menos Peter Parker tinha algo para se preocupar agora. Ele duvidava que aquela arma era única, e duvidava mais ainda que aqueles bandidos de inteligência um tanto quanto questionável tinham a fabricado sozinhos — até porque eles sequer sabiam como manuseá-la corretamente. A arma com certeza fazia parte de algo maior. Um lote maior, para dizer o mínimo. Provavelmente haviam outras por Nova York.

E aí estava o problema que ele tanto queria encontrar.

Não que a desgraça dos outros fosse sua alegria, longe disso. Porém, ele realmente almejava uma oportunidade como aquela para se mostrar digno dos Vingadores.

RADIOACTIVE  ╱  PETER PARKER ¹Onde histórias criam vida. Descubra agora