09. nerd da cadeira entra em ação

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⠀⠀⠀⠀PETER RARAMENTE APROVEITAVA os sábados para descansar ou fazer qualquer outra atividade comum entre os adolescentes da sua idade, como ir à festas ou sair com os amigos. Afinal, ele tinha preocupações maiores que não podiam ser deixadas de lado. O Homem-Aranha tirava o final de semana para trabalhar dobrado — sem o colégio tomando a maior parte de seu tempo, ele tinha sua tão aguardada liberdade para passar o dia todo em patrulha.

Exceto naquele sábado em questão.

Para a surpresa de muitos — nesse caso, a sua própria —, Peter fizera planos além do Homem-Aranha. Primeiro, Rebecca tinha o chamado (ou melhor, convocado) para cobrir o jogo de vôlei que aconteceria no colégio no final da tarde daquele sábado. E, além disso, ele aceitara o convite de Ned para realmente montar a Estrela da Morte de Lego dessa vez, durante a noite. Leeds o fizera jurar de dedinho que não iria se atrasar e que levaria a primeira trilogia de Star Wars para que pudessem assistir até cair no sono, como nos velhos tempos.

Era um sábado típico da sua vida antes do Homem-Aranha. De certa forma, Peter se sentiu esquisito — nostálgico, até.

E, sendo sincero, talvez por estar enferrujado quanto à sua própria vida social, ele quase se esqueceu de seu compromisso da tarde. Se não fosse pela mensagem de Rebecca, perguntando se ele já estava a caminho do ginásio — seguida, inclusive, por inúmeros pontos de interrogação quando ele demorou um pouco mais que o normal para responder —, Peter provavelmente ainda estaria vagando pela cidade sem um rumo exato, apenas em busca de algo novo para fazer.

Mas, agora, ele usava suas teias para chegar o mais rápido possível na Midtown High, vestindo roupas comuns por cima do uniforme do Aranha enquanto carregava a mochila recém comprada nas costas. Seu único desejo era que a câmera dentro dela não sofresse nenhum dano durante o trajeto nada suave que fazia.

Peter não era um grande fã de esportes — o único que ele chegou a acompanhar um dia foi o beisebol, por influência de seu Tio Ben — e provavelmente não estaria com tanta pressa para comparecer ao evento se não fosse por sua obrigação, mas dessa vez ele decidira fazer um esforço. Primeiro porque, claro, não queria que Rebecca o assassinasse; segundo porque... bem, talvez fosse bom se distrair um pouco?

Só não posso relaxar, pensou. As armas ainda estavam correndo livres por Nova York, a polícia não parecia nem perto de descobrir a origem do esquema e, no fim, não havia nada entre a população e aqueles criminosos além do Homem-Aranha.

E a Aura, se lembrou.

Parker não fora agraciado pela presença extremamente simpática da garota desde o último encontro que tiveram na terça-feira; os dias passaram voando, mas não trouxeram qualquer sinal da novata e sua língua afiada, tampouco alguma atualização do caso que os uniu. Os dois celulares pré-pagos comprados por Peter pesavam em sua mochila toda vez que se recordava dela e da mais nova parceria firmada entre eles.

Talvez, assim como ele, Aura teve algum compromisso e por isso ainda não se esbarraram.

Mas o herói não teve tempo para formular teorias, pois avistou a enorme e familiar construção de aspecto antigo onde estudava. Mesmo da distância em que estava, ele conseguiu notar a agitação dentro e fora do lugar em decorrência do jogo que aconteceria. O estacionamento estava cheio, diversas pessoas passavam pelas portas do ginásio e o portão principal tinha uma enorme faixa anunciando a partida entre o time de vôlei feminino da Midtown e da escola rival, a Brooklyn Visions.

Como de costume, Peter parou em um beco próximo do colégio, onde retirou a máscara às pressas e a escondeu na mochila. Sem perder tempo, o rapaz deixou o local para trás e se infiltrou em meio às pessoas que caminhavam pelas ruas sem ser percebido.

RADIOACTIVE  ╱  PETER PARKER ¹Onde histórias criam vida. Descubra agora