VERONA, ITÁLIA, 1304- CAPITULO 1

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  À noite, poderia entrar pela porta. O castelo está silencioso,os empregados adormecidos, e a Ama o deixaria entrar. Mas ele escolhe a janela, subindo pelos ramos das flores noturnas,carregando as pétalas em suas vestes. 

Uma pedra se solta e cai ao chão. Ouço seus gemidos ao correr em seu auxílio. 

É romântico, um sonhador, e não tem medo de se entregar. É valente e corajoso, e eu o amo por isso. Desesperadamente. O amor que sinto me deixa sem ar. É como se morresse e renascesse sempre que olho em seus olhos ou passo meus dedos trêmulos por seus cabelos.

 Eu o amo quando caminha por entre as pedras escorregadias, suas pernas fortes flexionadas debaixo das calças,como se não houvesse motivo para preocupação, como se não estivéssemos infringindo nenhuma regra e não fôssemos castigados ao chegar à única casa que conhecemos. Amo quando  procura minhas mãos e as coloca em seu rosto macio, inspirando minha pele como a mais doce pétala presa em seu casaco. Amo quando sussurra meu nome, Julieta, como uma prece pela entrega,uma promessa de prazer, um voto de que toda essa doçura será eterna. 

Para todo o sempre.

 Apesar de nossos pais, e de nosso príncipe, e do sangue derramado em praça pública. Apesar de termos pouco dinheiro e poucos amigos e de nosso futuro supostamente brilhante tornar-se escuro e nebuloso. 

— Diga-me que o amanhã não chegará. 

Ele me deita ao seu lado, tomando-me nos braços. Suas mãos passam por meu corpo, como nunca havia sentido antes. Os dedos emanam um calor que atravessa meu corpo, lembrando-me de que logo serei sua esposa. Cada toque é sagrado. Tudo que faremos esta noite deveria acontecer, a celebração dos votos que fizemos do amor que nos consome.

 Entrego meus lábios aos seus. A felicidade passa de sua boca para a minha e minto ao dizer que nada de mau acontecerá. 

— Diga-me que sempre estarei aqui neste quarto. Sozinha com você. E que sempre serei a garota mais bonita do mundo —suas mãos se encontram detrás do meu vestido, leves e pacientes, retirando cada botão de suas casas com um toque de seus dedos. 

No escuro, nenhum movimento brusco e violento entre nós. Ele está calmo e confiante. As velas brilham intensamente e revelam a ternura em seus olhos, comprovando, a cada momento,que não se trata de um caso passageiro da juventude. É amor.Verdadeiro. Intenso. Eterno.

  — E para sempre — sussurro, envolvida por um sentimento de devoção. Uma parte de mim sente que amar é um sacrilégio, mas não me importo. Não há nada no mundo como Romeu. Pelo resto da minha vida, ele será o único deus em cujos pés me ajoelharei. 

Seu rosto junto ao meu, sua respiração em meu ouvido faz a minha inspiração acelerar também. 

— Julieta... você é... 

Eu sou sua deusa. Sinto que ele estremece quando meus dedos alcançam os botões do seu casaco e o desabotoam, um a um, revelando o fino tecido de sua camisa. 

— Você é tudo — diz ele com os olhos brilhantes. — Tudo. 

— E eu sei que sou. Sou sua lua e sua estrela luminosa. Sou sua vida, seu coração. Sou tudo isso e a resposta para cada pergunta não feita. O conforto para cada sofrimento. Serei a pessoa que caminhará ao seu lado até o fim de nossas vidas, que revelará o prazer de cada momento que passaremos juntos e exalará a beleza por ter o privilégio de viver ao seu lado. 

Meu amor, meu amor, meu amor. Poderia ouvir essas palavras centenas de vezes que nunca me cansaria. Nunca. 

— Para sempre — murmuro em sua nuca, suspirando,enquanto deixo cair a última peça de roupa que cobre meu corpo.  

Julieta Imortal - Stacey JayOnde histórias criam vida. Descubra agora