- Eu vou querer aquele ali.
- Pistache?
Depois do encontro no final da aula e de terem concordado em ir tomar sorvete, Lica e Samantha estavam em uma sorveteria não muito longe de onde o Grupo ficava, praticamente à sua frente, para falar a verdade. Apesar de estarem internamente animadas para passarem mais uma tarde conversando, as duas andaram sem dizer nada até o local, mas também não se importaram com o silêncio que permanecera entre elas. Era como se houvesse um entendimento mútuo de que poderiam esperar para conversarem melhor com seus sorvetes em mãos. Até só voltaram a falar quando foram questionadas pelo vendedor da loja sobre quais sabores iriam querer e Lica, um tanto hipnotizada pela coloração esverdeada de uma das amostras logo se pôs a apontar para ela:
- É, ué. Qual o problema? – Ela questiona tanto a maneira de falar quanto o olhar um pouco receoso de Samantha.
- Nenhum, só é meio sem graça. – Lica coloca a mão no peito como se sentisse ofendida pelo comentário.
- Como você ousa falar que o meu sorvete é sem graça e escolhe pra comer flocos? – Agora Sam que se faz de ofendida e vira seu corpo para longe da outra, como se estivesse escondendo sua taça de qualquer coisa que fosse falar.
- Pode parar que todo mundo sabe que flocos é um clássico!
- E que também não tem nada demais, que nem baunilha... aliás, flocos é literalmente baunilha com uns pedacinhos de chocolate. – Samantha faz sua melhor cara de indignação e se vira para seu sorvete, falando com ele.
- Não escute ela, ela não sabe o que diz.
Lica ri e balança a cabeça com a atitude da outra e, depois das duas pegarem suas taças, elas se sentam em um sofá que fica de frente à janela que dava para as mesas do lado de fora da sorveteria.
Lica observa por um momento as mesas de madeira do lado de fora e as arvores balançando com o pouco de vento que corria, e quando volta seu olhar para Samantha, acaba a pegando sem querer encarando a si, o que faz as duas corarem um pouco. A de franjinha então pigarreia e resolve começar a falar, pois pensa que se demorassem um pouco mais o silêncio reconfortante passaria para o constrangedor:
- Então, desde quando você tá na banda com um nome péssimo do MB e do Felipe? – Samantha ri do comentário enquanto Lica leva uma colherada de sorvete à boca.
- A gente resolveu começar a banda pouco tempo depois que nos conhecemos, quer dizer, eu já conhecia o Felipe...
- Vocês já se conheciam? – Heloísa a interrompe surpresa e Sam assente.
- Antes de entrar pro Grupo eu, ele, Clara e Guto estudávamos no mesmo colégio.
- Ah, sim.
- Mas aí foi a gente conhecer o MB e contar pra ele que cada um sabia tocar um instrumento diferente que ele já declarou que éramos uma banda. – A de franjinha sorri.
- É bem a cara do MB mesmo.
- Eu também não posso culpar ele por ser tão ansioso, quer dizer, se eu me conhecesse também iria querer logo fazer uma banda comigo. – Lica ri. Definitivamente gostava da autoconfiança da outra.
- E você toca o que?
- Eu toco baixo e ukulele. – Samantha responde com certo orgulho, quase como se estivesse esperando essa pergunta a qualquer momento.
- Sério? Que foda!
- Pois é, mas eu ainda tenho muito que estudar. O Guto, por exemplo, consegue tocar uns oito instrumentos diferentes. – A de cachos diz um tanto maravilhada.
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Cor de Marte
FanfictionPra um mundo onde é apenas possível enxergar em cor quando se vê pela primeira vez alguém que lhe fará experimentar o amor verdadeiro, Lica e Samantha estão tendo bastante dificuldade para descobrir que se amam.