Capítulo 13 - Lilás

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Durante o caminho todo até a casa de Heloísa, Samantha se questionou algumas vezes sobre o que estava sentindo e o que aquilo tudo poderia significar. Quer dizer, agora já tinha plena ciência de que gostava da menina de franjinha... ao menos poderia admitir que sim, mesmo sem saber ao certo o tal motivo que Guto disse que esta precisava para querer gostar de Lica.

"Ainda acho que ele tá meio louco por acreditar nisso."

Mas naquele momento nada daquilo importava. Por mais que agora entendesse melhor seus sentimentos eles não a assustavam menos do que quando não tinha noção do que estava acontecendo.

Se a menina parasse para pensar, talvez a assustassem ainda mais, pois agora entendia que Lica não era apenas a meia irmã malvada de sua melhor amiga; era uma menina adorável e cativante que cada vez mais cultivava uma curiosidade na de cachos e ocupava um espaço maior em sua mente.

"Só na mente?" Pensa ela um pouco contrariada.

Ou pior ainda, já até começava a tomar seu posto como a pessoa que fez Samantha ver em cores; e esse pensamento a assustava mais que qualquer coisa. Porém, o mais impressionante daquilo tudo era que a mais nova podia estar com medo, mas, de alguma forma, ela tinha certeza de que o enfrentaria se precisasse. E, sem nem perceber, ao observar a menina de franjinha sair do carro, Samantha tinha apenas um pensamento na cabeça: ela precisava falar com Lica.

Por isso, quando Michel para o carro em frente ao prédio da outra, antes de abrir a porta, a menina se vira para o amigo, que a olha com o cenho franzido.

- MB, posso te pedir uma coisa, mas você não pode me questionar sobre isso? – O garoto ri baixo e se vira melhor para Sam.

- Samanthinha, você me conhece. Quem sou eu pra questionar vontade alheia? – O loiro aponta para si mesmo com as mãos, dando ênfase para sua pergunta e a amiga ri. – Manda aí.

- Tá bom... Me passa o número da Lica? – O menino demora um pouco para ter alguma reação, e então abre a boca rapidamente, mas logo fecha, como se estivesse pensando sobre o que ela pedira.

- O número da Lica? – Ele pergunta e ela revira os olhos.

- É.

- Ok... – O loiro assente tateando os bolsos do casaco, depois os da calça, tirando o aparelho deste e entregando a menina. – mas por quê?

- Achei que você não questionasse vontade alheia. – Samantha se vira para o outro lado do menino e envia para si mesma o contato de Lica.

- Eu sei, eu sei, mas acho que gostaria de saber se, sei lá, tivesse rolando alguma coisa entre vocês... – A de cachos devolve o celular ao amigo. – o que é o caso?

- MB! – A menina reclama e ele levanta os braços em rendição.

- Tá bom, desculpa! Eu só tava querendo entender. – Ela olha para o garoto e respira fundo.

- Não tá rolando nada, não. – O menino custa a acreditar na fala da amiga, mas resolve não pressionar mais, então assente.

- Ok. Foi mal de novo. – A garota enfim sai do carro, mas se vira para a janela abaixada do carro do amigo quando este a chama. – Você sabe que não tem problema nenhum se você e a Lica tiverem alguma coisa, né?


Apesar de não ficar completamente surpresa pela frase do amigo, Samantha ainda sente um pequeno frio na barriga por compreender que, mesmo que o outro não soubesse de nada, ele ainda apoiava as duas sem hesitar. Ela sabe que, para MB, o que importa é que todos estejam felizes, por isso a garota não reprime o sorriso singelo que surge em seu rosto.

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