Capítulo 7 - Laranja

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Depois da ligação que recebeu MB não soube bem o que fazer.

Quer dizer, sabia muito bem para onde ir, com quais seguranças deveria falar e em quais bares ele e Lica poderiam entrar sem problemas, mas ao questionar a menina se esta iria querer alguma coisa naquela noite a resposta veio rápida e segura:

- Não! – Lica diz quase que de imediato. – Eu só precisava sair mesmo. Eu quero dançar.

- Saquei, saquei. Tranquilo.


Quando desligou a ligação Lica se trocou em um tempo recorde e já foi saindo de casa. Ela precisava fazer alguma coisa para tirar o pensamento que a assombrava e estava certa de que ir dormir não adiantaria de nada. Não sabia como, mas teve a sorte de nem esbarrar com Marta pelo caminho e logo estava no carro que os pais de MB deram para o garoto de aniversário.

Quem visse Michel Borovski Júnior dirigir tão tranquilamente quanto estava nem imaginaria que o garoto ainda não tinha carteira de motorista, mas era só voltar o olhar à menina para ver a nítida diferença entre os dois. Ela não parava quieta, estava ansiosa e nem sabia ao certo o porquê.

- Pra falar a verdade eu não tava esperando uma ligação sua. – O garoto conta, girando o volante com apenas uma mão.

- Nem eu, mas eu precisava sair de casa. – Lica brincava com os dedos das mãos desde que entrara no carro do amigo e ele, claro, não pode deixar de notar.

- Aconteceu alguma coisa? – O menino pergunta preocupado.


Lica e MB se conheciam desde que a menina se tomava por gente, mas eram amigos desde o momento no qual um dos garotos que estudava com os dois no jardim da infância tentou implicar com a menina e MB se prontificou em ajudar, mas antes mesmo de fazer qualquer coisa, Heloísa já havia feito com que o outro garoto pedisse perdão por tentar puxar seu cabelo. A empatia com a garota foi instantânea. Depois de alguns anos os dois começaram a namorar, mas o relacionamento acabou quando ambos perceberam que eram melhores como amigos do que qualquer coisa além disso... Claro que pode ser também porque os dois se traíram diversas vezes e, mesmo depois de abrirem o relacionamento, simplesmente não deram certo. Mas a questão principal é que, mesmo depois de tanto tempo, o amor e carinho que sentiam um pelo outro não mudara e ambos sabiam que nunca mudaria. Eles se preocupavam e sempre que podiam conversavam sobre qualquer coisa. Porém Lica não estava disposta a colocar para fora o que estava sentido tão cedo.

- Nada que uma boa festa não possa consertar.


O menino não sabe bem se deve ou não tentar contestar a amiga, pois sabe que Lica consegue ser mais a pessoa mais teimosa do mundo quando quer, então apenas assente e volta a prestar atenção no transito.

Logo estavam os dois dentro de uma das festas que rolavam pela Rua Augusta. O local não era um dos melhores, mas as luzes da boate faziam Lica não se importar tanto com o que estava acontecendo no momento – era uma de cada cor diferente, criando uma atmosfera para o local que hipnotizava a menina, pois nunca havia visto tantas cores dispostas daquela forma e como todas as pessoas que, mesmo em preto e branco, eram iluminadas brilhando enquanto refletiam a cor que as luzes as pintavam. Era tudo tão bonito.

Por mais que estivesse preocupado com o estado da menina, sabia que ela não iria ficar louca usando qualquer coisa que tentassem vendê-la, MB então se encaminha para o bar a fim de comprar alguma bebida, deixando a menina solta pela pista.


Já haviam se passado algumas músicas e Lica cantava junto todas, se movendo de olhos fechados para cada ritmo diferente como se estivesse entorpecida apenas com aquilo. Uma das coisas que Lica mais gostava de fazer realmente era dançar, independentemente de estar bêbada ou chapada.


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